MUDANÇAS NO JORNALISMO IMPRESSO NA BAHIA E NO MUNDO

Tasso Franco
09/05/2009 às 10:15

Foto: Arquivo
Impressos não estão com idas contados, mas, passam por uma profunda transformação
Em todo mundo, o jornalismo impresso passa por um momento de transformação sem precedentes na história, sem uma previsão mínimoa realista do que poderá acontecer, desde que os primeiros jornais começaram a circular no século XIX. Desta feita, diante de um concorrente inovador, audacioso, ágil e barato - a rede web - os jornais diários e revistas semanais estão enfrentando uma disputa desigual, da qual também participam com suas páginas eletrônicas, com prejuizos enormes, desemprego, mudanças de comportamento e até da essência do próprio jornalismo.

Essa, talvez, seja a questão mais dramática do jornalismo impresso, a perda de oportunidade de oferecer aos leitores uma análise mais crítica dos acontecimentos, uma vez que os blogs e sites dedicados ao jornalismo optaram por um noticiário mais dinâmico, a última moda twitter, e a densidade, o conteúdo, estão indo para o espaço, embora haja compensações em outras frentes e mesmo na web-jornalística.

Esse fenômeno, de derrocada dos veículos impressos, já se instalou nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, principais mercados desse segmento e do mundo publicitário, ronda o Brasil e a Bahia, e será inevitável mudanças estruturais em suas planas. Nos Estados Unidos, diante do fechamento de vários jornais, da queda de circulação de quase todos os veículos (exceto o USA Today e The Wall Street Journal, únicos que cresceram entre 1990/2009), e do debacle do New York Times, ícone mundial do jornalismo de conteúdo, analisa-se uma proposta de transformar os veículos impressos em empresas culturais com benefícios fiscais.

Sem esse reforço, a tendência é uma quebradeira geral, visto que a queda de circulação tem sido crescente nos últimos 10 anos (The Washington Post -22.3%; Los Angeles Times - 36,3; NYT - 11.3%; Newsday - 47%) e o avanço de leitores pela internet tem sido crescente a cada dia, com uma impressionante valoração à vista na eleição do presidente Barack Obama, que mudou a cultura norte-americana e destronou o poder dos impressos.

No Brasil, o problema já chegou aos jornais de maior circulação e com timbre nacional, agora limitados a três - Folha de São Paulo, O Globo e o Estado de São Paulo (o Jornal do Brasil passou a ser um jornal mais carioca) e que estão sem conseguir melhorar suas performances, apesar de tentativas de encartes e promoções. A Folha, em 2000, tinha 429.476 de cicrulação; 2009, 298.352 (-30%); O Globo, 334.098, em 2000; para 260.869, em 2009 (- 22); Estadão, 391.023, em 2009; para 217.414, em 2009 (-44%).

Na Bahia, a situação não é diferente, embora não se tenha números oficiais. Mas, o jornal de maior circulação, A Tarde, caiu em pelo menos 30% para sua performance e já chegou a superar a barreira dos 105.000 aos domingos, hoje, limitados, quando muito a 70 mil. O Correio, antes Correio da Bahia, mudou o formato e o nome, reduziu o preço e vem tentando se manter com muito esforço. O mesmo, todo sabemos, da nossa TRIBUNA DA BAHIA, que tem se modernizado, mudou sua paginação, incorporou novos colaboradores, introduziu 4 cores, e enfrenta suas dificuldades, sendo uma tribuna de resistência no jornalismo local.

Todos esses veículos locais já têm suas páginas web e avançam, a cada, no aprimoramento e expansão desse novo veículo, embora, como todo cristão do mercado sabe, o faturamento do meio impresso, quer na Bahia, no Brasil e/ou no mundo, continua, ainda assim, muito superior ao meio eletrônico. A questão, e aí tome-se como exemplo o NYT, onde uma página intermediária custa ao anunciante a bagatela de 270 mil dólares, os custos industriais e operacionais de um veículo impresso.

Enquanto na planta web tem-se um custo muito menor, porque independe de insumos industriais - papel, tinta, químicos, mão-de-obra inermediária industrial, manutenção, etc - a sua operação é também menos dispendiosa. Além do que, hoje, só para se ter uma idéia do que se passa na Bahia, já existem aproximadamente 300 veículos de comunicação (blogs e sites) de conteúdo jornalístico operados por pequenas empresas sob o comando de jornalistas. Só em Salvador são mais de 10, sem contar os de conteúdos diversos - teatro, cinema, shows, música, gays, lésbicas, balcões de venda, comerciais, cidadãos, e outros.

O que vai acontecer daqui pra frente diante desse fenômeno que só tem, entre nós, apenas 5 anos? Impossível saber-se. Há, no entanto, tendências. O Brasil está se aproximando de 40 milhões de computadores na rede. O país tem 200 milhões de habitantes e uma margem para que essa planta ainda cresça muito. A linha de netboooks já acessa o Windows XP por 15 dólares. E os computadores, no Brasil, já podem ser adquiridos a R$790,00 a unidade.

O teste nacional vai ser a campanha política de 2010. Vamos, assistir ao primeiro embate nesse jornalismo comparado entre o impresso e a web.