No alvorecer do Terceiro Milênio um tema surge com muita força e que nos leva a algumas reflexões acerca do mercado de consumo e, especialmente, às diferenças sócio-econômicas dos países e que transformou filmes de ficção científica em semi-documentários: a crise ambiental!
Discute-se em todo o mundo como educar as pessoas para reduzir os males ao meio ambiente: incentivo à reciclagem, plantio de árvores, economias de energia elétrica e de água, etc, tornaram-se rotina na mídia. Isto implica dizer que é necessário, mais do que nunca, educar o consumidor. Educá-lo a um consumo responsável, consciente e auto sustentável. Educá-lo a consumir menos.
Acontece que as empresas que publicam seus anuários em responsabilidade social são as mesmas que incentivam o consumo desenfreado, que contratam mão-de-obra barata nos países pobres, que instigam guerras por diamantes, que experimentam novos medicamentos em africanos e asiáticos, que não investem em medicamentos para os males do terceiro mundo (como a dengue) e sugam o máximo dos povos menos favorecidos.
E que poluem.
Poluem muito.
No passado, ao produzir produtos, as empresas buscavam manipular a opinião do consumidor para comprá-lo ou induzi-lo à necessidade de ter aquilo. Esta noção de produção mudou. O geógrafo baiano, e cidadão do mundo, Milton Santos em seu livro "Por uma Outra Globalização - do pensamento único à consciência universal escreveu: "Atualmente as empresas hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzir os produtos. Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede à produção dos bens e serviços" (grifamos).
Ainda, segundo Milton Santos, a chamada autonomia da produção cedeu lugar ao despotismo do consumo!!!
Diante deste quadro, conclui-se que é injusto e temerário afirmar-se que a crise é apenas ambiental. A crise é também moral. Afinal é ou não é imoral a forma como as pessoas são levadas a consumir produtos e serviços dos quais sempre prescindiram num momento em que se morre de fome e de sede nos seis continentes?
Neste novo milênio é necessário educar as pessoas para que tornem consumidores arredios, ou melhor, cidadãos arredios que adquirirão produtos e serviços essenciais, úteis, necessários e vitais para a sua rotina. Ressalte-se que não se pretende aqui cometer-se a falácia de instigar as pessoas a viverem como se vivia há cem anos, ou a apontar uma vida naturista como ideal ou a conter o hedonismo, mas sim a provocar a todos que adquiriram produtos e serviços compatíveis com seu dia a dia, com sua renda e com suas prioridades pessoais e profissionais. E aí não apenas ajudaremos o meio ambiente, mas a nós mesmos.
É preciso iniciar-se a Era de Aquário (a Era da Paz), ou o novo Aeon, profetizado e cantado por Raul Seixas, participando do processo de educação do cidadão para redefinir o conceito de felicidade. A felicidade não pode se traduzir na quantidade de bens e serviços comprados pelo consumidor, mas sim na qualidade de vida de cada pessoa, desde o ar que se respira à harmonia no lar, decorrente de um consumo no mínimo saudável.