DIRETOR DO IAF DIZ QUE INVESTIMENTOS EM PE PODEM AFETAR A BAHIA

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| 09/08/2009 às 20:18
Porto Suape, em Pernambuco, suporte logístico do Nordeste
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Investimentos do PAC em Pernambuco e no Rio de Janeiro podem afetar severamente a economia baiana - quem afirma isso é o Diretor de Assuntos Econômicos do Instituto dos Auditores Fiscais da Bahia - IAF, Sérgio Furquim. O alerta dado pelo sindicalista baseia-se na possibilidade de que haja um deslocamento da atividade industrial petroquímica para os estados vizinhos com a construção da refinaria General Abreu e Lima, em Pernambuco e a construção do Complexo Petroquímico do Rio de janeiro, o Comperj.


Para Furquim, o Comperj - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, cujo lançamento foi em maio de 2008, com plano de investimentos na ordem de US$ 8,4 bilhões, deve mudar a economia carioca antes mesmo de entrar em operação, apenas com os investimentos de mais R$ 820 milhões de reais em terraplanagem, e terá capacidade de processar 150 mil barris diários de petróleo pesado do campo de Marlim, gerando uma economia de divisas superior a US$ 2 bilhões ao ano com a redução de derivados de petróleo e petroquímicos.


Juntamente com a refinaria General Abreu e Lima, onde inicialmente serão investidos mais de US$ 4,5 bilhões para produção de óleo diesel, gás de cozinha, nafta petroquímica e coque, os novos pólos prometem concentrar as atividades petroquímicas nacionais, devido à facilidade de escoamento da produção em razão da elevada capacidade portuária instalada, disse Furquim.


Segundo Sérgio Furquim, a refinaria General Abreu Lima- que integra o mega-projeto do Complexo Industrial e Portuário de Suape, que ocupa uma área de 13,5 mil hectares entre Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, e constitui uma das maiores obras na área de petroquímica da atualidade, gerando 47,7 mil empregos na construção, 12,5 mil na operação, mais de 200 mil empregos indiretos e uma carteira de US$ 15 bilhões de investimentos, 96 grandes empresas, dez empreendimentos em implantação e mais de US$ 10 bilhões em novos negócios acertados até 2010 - promete ser uma das mais avançadas do mundo e será fruto de uma parceria entre a Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA, e desde 2005 vem sendo anunciada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chaves. Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2010, a refinaria vai garantir um salto nos indicadores econômicos de Pernambuco, devido à capacidade de processar até 300 mil barris por dia e de atrair outras empresas e novos investimentos dentro da cadeia produtiva.


A preocupação de Sérgio Furquim é que inexiste por parte do Governo do Estado da Bahia um estudo do impacto econômico sobre o reflexo que estes dois mega-projetos terão sobre a econômica baiana, sabidamente dependente do "Segmento Petróleo", responsável por quase 30% da arrecadação do estado. A perda de arrecadação em razão da nossa industria petroquímica, que invariavelmente perderá o lugar para os novos investimentos, poderá fazer até mesmo que o estado de Pernambuco venha a ultrapassar a Bahia em termos econômicos.


O fato é que a arrecadação do Segmento Petróleo já começa a dar sinais de fadiga na economia baiana. Apenas no período de janeiro a julho de 2009, as perdas de ICMS foram superiores a R$ 321 milhões, em comparação com igual período do ano passado, e elas devem aumentar ainda mais, com a entrada em funcionamento dos complexos de Pernambuco e do Rio de Janeiro, caso alguma coisa são seja feita para modernizar o nosso parque petroquímico, declarou Sérgio Furquim.


SEGMENTO PETRÓLEO

MÊS

ARRECADAÇÃO

VARIAÇÃO

2008

2009

%

jan

   207.664,79

   207.408,32

-0,12

fev

   269.395,51

   214.719,90

-20,30

mar

   245.572,61

   142.945,27

-41,79

abr

   221.911,36

   142.754,15

-35,67

mai

   198.713,77

   230.985,15

16,24

jun

   273.879,23

   171.218,99

-37,48

jul

   201.895,91

   187.691,04

-7,04

Fonte: Núcleo de Estudos da Sefaz do Futuro - IAF




Para o diretor do IAF, a falta de planejamento por parte do governo está fazendo que haja uma perda de capilaridade do Estado da Bahia em atrair novos investimentos, sobremaneira na área de refino/petroquímica. "Apenas para citar o exemplo do Estado de Pernambuco, a construção do Complexo Industrial Portuário de Suape está sendo capaz de atrair empresas como a multinacional Bunge, Campari e GM, bem como a companhia Integrada Textil de Pernambuco (Citepe). A expectativa é que o complexo, concentrando estaleiro, refinaria e porto, atraia mais de noventa novas empresas, dentre elas uma grande indústria naval como tem na Noruega, um pólo de gás, nos moldes do Canadá e Venezuela, dentre outras atividades impulsionadoras da economia", disse Furquim.


Caso não haja uma reação do governo baiano em atrair novos investimentos e na capacidade de diversificar e reposicionar a matriz econômica, a Bahia corre o risco de ficar imprensada entre estes dois novos pólos da indústria petroquímica, com significativas perdas de arrecadação, finalizou o especialista em assuntos econômicos do IAF.