Política

ADOLFO REELEITO PRESIDENTE DA ALBA ESTÁ COM UM PE NA CHAPA MJORITÁRIA

Adolfo Menezes é reeleito presidente da ALBA com mais de 96% dos votos
Tasso Franco , da redação em Salvador | 03/02/2025 às 19:18
Adolfo vota e é eleito com 61 votos
Foto: BJÁ
  Em seu discurso como presidente reeleito Adolfo Menezes além de agradecer a seus pares destacou os dois líderes das bancadas da maioria e da minoria, os deputados Rosemberg Pinto (PT) e Alan Sanches (UB). “Obrigado, Rosemberg e Alan: vocês foram fundamentais e decisivos para que tivéssemos quatro anos profícuos e harmoniosos nesta Casa. Toda discussão foi democrática, baseada no diálogo. Aqui, intolerância mesmo só contra o racismo, a misoginia, o machismo e a ditadura”, pontificou Menezes.  

  Agora, nos bastiroes, o que se fala é que Adolfo se credenciou para integrar a chapa majoritária do petismo em 2026, mas, é claro que essas são outras negociações, porém, um passou importante foi dado.

PERFIL

Por duas ocasiões governador em exercício da Bahia — em 2021 e 2022 — o deputado estadual Adolfo Menezes, 64 anos, é oriundo de uma tradicional família de Campo Formoso, município localizado no Centro-Norte da Bahia, onde tem atuação forte na política local. Seu pai, Pedro Gonzaga, e sua irmã Rose Menezes foram prefeitos da cidade. Ele próprio foi eleito prefeito em 2012.

Adolfo Emanuel Monteiro de Menezes é economista, casado com Denise de Menezes e tem dois filhos, Arthur e Caroline.

Antes de ingressar na Assembleia Legislativa, ocupou cargos de relevo na administração estadual, iniciando a trajetória na área parlamentar com dois mandatos consecutivos em sua terra natal entre 1993 e 2000. Contribuiu ativamente para a eleição do irmão, Herculano Menezes, que veio a falecer quando disputava a reeleição.

Na ALBA, Menezes chegou pela primeira vez em 2007, sendo reeleito sucessivamente. Atualmente cumpre o quinto mandato, tendo sido reconduzido para o período 2023/2027 com 107.747 votos - 1,36% dos válidos, o que bem demonstra o reconhecimento das comunidades que representa no Parlamento estadual.

Durante os quatro mandatos como deputado estadual, foi vice-líder do Bloco Parlamentar PDT/ PSC/PRP (2009); vice-líder da Bancada da Maioria Parlamentar (2009-2010); líder do PSD (2017- 2018); vice-líder do Bloco da Maioria (2019-2020). Ainda na ALBA, foi 1° vice-presidente da Mesa Diretora (2015-2017), oportunidade em que assumiu interinamente a presidência da Casa em três ocasiões.

Também participou ativamente das comissões técnicas da Assembleia. Presidiu as comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública; Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle. Atuou como vice-presidente na comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos. E foi membro titular das comissões de Constituição e Justiça; e Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público. Participou ainda como suplente das comissões especiais para Reforma do Regimento; e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

Antes de disputar e vencer a primeira eleição para a Assembleia Legislativa, atuou como secretário-assistente da vice-governadoria, 1980-1982; assessor da Secretaria de Transportes, Departamento de Aviação-DAB, 1982-1985; gerente da Agrobahia, Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, 1986-1987 e diretor de 1988-1989; e gerente da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo- SICT, 1990-1992.

O QUE FALOU ADOLFO EM SEU DISCURSO

Boa tarde, deputadas e deputados, assessoras, assessores, jornalistas aqui presentes.

Quero saudar aqui os eleitos para a Mesa Diretora da ALBA, para o biênio 2025-2027: nossa 1ª vice-
presidenta, deputada Ivana Bastos; deputado Marquinho Viana nosso 2º vice-presidente; deputado
Hassan, nosso 3º vice-presidente; deputado Laerte do Vando, nosso 4º vice-presidente; deputado Samuel
Júnior, nosso 1º secretário; deputada Kátia Oliveira, nossa 2ª secretária; deputado Vitor Azevedo, nosso
3º secretário; e Fabrício Falcão, nosso 4º secretário.

Obrigado a todos e todas pelos 61 votos que obtive neste pleito, como presidente por mais um mandato
desta Casa do Povo.

Deputadas, deputados, senhoras e senhores,

Qual o maior presente de Deus?

Certamente, a vida.

Mas, Deus nos dá outras dádivas ao longo de nossa existência terrena. Hoje, certamente, é mais um presente que ele me dá: ser reconduzido pelas mãos de vocês, deputadas e deputados, para um terceiro mandato como chefe do Legislativo baiano.

Não sabemos ainda o desfecho desta jornada, mas entrego nas mãos de Deus. Se ele dá, também pode tirar. Não por castigo, mas para nos mostrar que tudo é passageiro neste mundo. Que tudo tem fim.

Só posso dizer a todos vocês da minha alegria. Já ser reconhecido mais uma vez, por meus pares, como líder desta Casa é mais que uma honra: é uma dívida, impagável, de profunda gratidão.

Ter sido presidente desta Casa por dois mandatos é algo que nunca sonhei, nem nos meus tempos de menino.
Meu pai, Pedro Gonzaga, saiu de sua terra, Adustina, em busca de oportunidades, e foi eleito prefeito de
Campo Formoso, onde nasci. Aos meus olhos de menino, aquilo era o máximo.

Era o maior ápice da ascensão política que um dia imaginei: ser vereador e, depois, prefeito de minha
terra. Mas, o verdadeiro político da família era o meu saudoso irmão Herculano. Ressaltando mais uma
vez os desígnios de Deus, Herculano foi se embora mais cedo, no tempo que o Senhor quis.
Em outra dimensão, meu pai e meu irmão estão vendo o seu filho no lugar em que ele nunca sonhou – e
que acabou me levando, ainda que de forma interina, a governar a Bahia. Outra sensação real, amigos e
amigas, que nunca imaginei.
Eu sei que, nesta tarde, eles olham para mim com lágrimas nos olhos.
2
Mais do que envaidecido, sinto-me realizado, porque fui além de onde mesmo me projetei.
Deputadas e deputados,
Meu nome, de origem germânica – Adalwolf –

significa “lobo nobre”. Deve por isso que associam meu jeitão a de um pitbull. Nem lobo nem pitbull: por
detrás dessa máscara de fera habita um Shih Tzu.
Não sou homem de sorriso fácil, mas tenho um profundo senso de justiça e de total respeito à
democracia. Trabalho duro, cumpro sempre a palavra empenhada, gosto da paz ao invés da guerra.
A guerra deve ser, sempre, a última opção. Ou nunca ser opção. Quem vê as cenas da absurda violência
em Gaza não pode ficar indiferente. Deus nos deu o dom da vida e não o de matar seu semelhante, ainda
que você o considere seu dessemelhante.

Não venci um concurso de popularidade. Aliás, se fosse aferido pelo júri popular, provavelmente
perderia, porque tenho conceitos inabaláveis. E um deles é de que o dinheiro público não é meu. O
dinheiro público é do cidadão e da cidadã que paga impostos. Tem que ser usado de forma criteriosa,
com toda a austeridade recomendável.

Cada um de vocês, deputadas, deputados, poderia ocupar a cadeira de presidente da Assembleia
Legislativa da Bahia. E todas e todos estão prontos para alcançar esta oportunidade. Jovens intrépidos ou
políticos experimentados: tem gosto para tudo aqui, entre os meus 62 colegas – grandes amigos e amigas
– gente da melhor qualidade.

Sei que todos vocês têm grandes sonhos. Continuem acreditando neles. Continuem a plantar, que, um
dia, irão colher. Nosso grande Gilberto Gil já cantou: “a fé não costuma faiar”.

Tenho a plena consciência de que sou um pequeno grão nesta linda e grandiosa história da Bahia – que
não começou com Cabral, em 1500, mas muito antes, com os povos indígenas que já habitavam esta
terra: os Kiriri, Pankararé, Pataxó, Payayá, Tuxá e Tupinambá – entre outras etnias.

Mas, me orgulho de entrar neste panteão, juntando-me a homens e mulheres notáveis, imprescindíveis e
de qualidades excepcionais. Ainda que pequenino, sou parte da história maior da Bahia. E isto já é muito.
Tive a honra de tratar diretamente das questões da Bahia com dois extraordinários governadores: Rui
Costa e Jerônimo Rodrigues.

E de conviver com senadores baianos do naipe de Otto Alencar, Jaques Wagner e Angelo Coronel.
Com dois grandes presidentes do Tribunal de Justiça:

os desembargadores Nilson Castelo Branco e Cynthia Resende.

E grandes pessoas, com alto senso do dever público: Norma Cavalcanti e Pedro Maia, na posição de
procuradores-gerais de Justiça da Bahia.

Nesta tarde, amigos e amigas, nos reunimos para reafirmar a grandeza da política, segundo o conceito do
filósofo grego Aristóteles, de que ela é “a ciência que tem por objetivo a felicidade humana". Houve
debates e muitos embates para chegarmos até aqui. Mas, chegamos, e estamos todos felizes por isso.


Ruy Barbosa disse que “há, na política brasileira, um vício secreto e inveterado, que corrói todos os
regimes, inutiliza todas as reformas, confunde na mesma esterilidade para o bem todos os partidos. É
esse defeito ordinário e incurável dos homens públicos: a insinceridade profissional”.

Com toda humildade, peço vênia para divergir de Ruy, este grande gênio baiano da justiça e da política,
porque, aqui, convivi com a sinceridade.

Estou no meu quinto mandato parlamentar e posso garantir: esta é uma das mais diversificadas
composições de plenário com quem já convivi.

Diversa, plural, divergente ideologicamente, mas com um sentimento republicano da mais alta conta,
preocupada, em primeiro lugar, com os interesses maiores da Bahia e do povo baiano.
Tudo o que foi importante para o desenvolvimento da nossa terra, tudo o que foi importante para a nossa
gente, foi debatido, votado e aprovado.

E, nesse sentido, faço um agradecimento público aos dois líderes das bancadas da maioria e da minoria,
os deputados Rosemberg Pinto e Alan Sanches. Alan vai deixar o posto, substituído pelo meu amigo Tiago
Correia.

Obrigado, Rosemberg e Alan: vocês foram fundamentais e decisivos para que tivéssemos quatro anos
profícuos e harmoniosos nesta Casa.

Toda discussão foi democrática, baseada no diálogo. Aqui, intolerância mesmo só contra o racismo, a
misoginia, o machismo e a ditadura.

Quem não está familiarizado com o processo político não sabe como é difícil conciliar interesses diversos.
Não é fácil, dá mesmo dor-de-cabeça, mas já sabíamos disso quando entramos na política.

Abro aqui um parêntese para agradecer à minha família, na figura de minha mãe. E, especialmente, à
minha esposa Denise e aos meus filhos Arthur e Carol, pela paciência diária de ter um marido e pai
emaranhado nas teias da política.

Por tudo isso, minha gratidão a todos vocês, deputados e deputadas, pela cumplicidade democrática
nesses nossos quatro anos de convivência e que, espero, se estenda por mais dois anos.
Olhe lá, Ivana: me mantenha na sua corrente de orações. (risos...)

Companheiros e companheiras – do PSD, do PT, do MDB, do União, do PP, do Solidariedade, do PDT, do
Avante, do PCdoB, do PSB, do PSOL, do PR, do PV, Republicanos – eu digo a vocês: temos ainda muito a
fazer.

A Bahia é grande, os problemas são geométricos e as nossas respostas ainda são aritméticas. Não vamos
resolver todos os nossos imbróglios, mas temos muito trabalho, principalmente pelos baianos e baianas
que mais precisam.

Insisto mais uma vez: não temos como resolver tudo. Então, vamos nos concentrar nas prioridades: fome
zero, infraestrutura melhor, saúde para todos e educação de qualidade.

Há poucos dias, uma senhora, Dona Selma, me pediu ajuda para a regulação na Saúde, porque o seu
marido precisava tirar um cateter. Claro que existem complexidades, mas, na maioria das vezes, as
pessoas buscam soluções simples.

Deve importar, sim, para cada um de nós, uma criança que não estuda; um jovem que não tem emprego;
uma pessoa idosa que não tem atendimento médico. Se importar é nossa obrigação como representantes
de cada um deles. Não esqueçam nunca disso: o dono do nosso mandato é o povo.

Quando estou chateado com algo, vejo os trabalhadores da limpeza pública nos caminhões de lixo, na
porta de minha casa, a uma hora da madrugada, e penso: de que mesmo estou me queixando?
Tenho o mesmo sentimento também quando vejo chegar, em nosso gabinete, os pedidos para
tratamento do câncer no Hospital Aristides Maltez – que faz milagre e não barra um paciente sequer em
sua porta.

Como posso ficar chateado quando vejo milhares de pessoas, desterradas, perderem suas casas e suas
memórias afetivas na guerra da Ucrânia?

Ou quando vejo brasileiros voltarem do sonho de uma vida melhor nos Estados Unidos, acorrentados em
um avião – lembrando o “navio negreiro” do poema de Castro Alves?

Como, então, posso me queixar da vida?

Portanto, vamos repetir o que fizemos nesses últimos quatro anos, que é entregar o que há de melhor em
nós, pelo trabalho e pela inabalável confiança de que o futuro será sempre melhor.

Sigamos em frente, com democracia, fé, esperança e amor, pelas nossas crianças, jovens, homens,
mulheres e idosos.

Todos nós defendendo, juntos, a uma só voz, a Bahia, com justas oportunidades para todos os baianos e
baianas.

Que Iemanjá nos ilumine; que Santa Dulce dos Pobres nos abençoe.
De coração, muito obrigado!