Política

EXCLUSIVO- GEDDEL diz: governo Wagner é imaterial e a Bahia quer mudar

A discussão se dará pelo modelo da mudança, em todos os campos e não sobre este o aquele candidato governista
Tasso Franco , da redação em Salvador | 25/08/2013 às 18:09
Geddel fala ao BJÁ e diz que está preparado para ser o candidato das oposições
Foto: Blog do Marcelo
    O ex-ministro e atual vice-presidente da Caixa, Geddel Vieira Lima, maior líder do PMDB da Bahia, apontado como provável candidato das oposições ao governo do estado, em 2014, entende que o cenário atual é diferenciado do de 2010, Wagner não pode ser mais candidato e Lula não tem a mesma força do passado, daí que vê com bastante otimismo a possibilidade de sucesso e de vitória no pleito.

   "Estamos vivendo um momento novo na politica nacional e baiana, estou mais maduro, quero ser candidato, me considero mais preparado e com uma visão estratégica bem definida, e nossa estrutura está pronta para enfrentar a disputa", setencia Geddel em conversa com o BJÁ.

   Ainda assim, Geddel não deseja antecipar ou colocar o carro à frente dos bois e não será obstáculo a quem queira, dentro das oposições, em ser o candidato. Agora, há um limite, e o peemedebista estabeleceu o próximo mês de dezembro para que a definição, pelo menos interna-corporis, isto é, entre os partidos da oposição, saia o nome do candidato. 

   Segundo Geddel, a discussão sobre a unidade é passado, não existe mais e está consolidada. "É inexorável e temos que decidir qual é o nome para enfrentar o candidato governista", frisou.

   Para Geddel, não importa qual seja o nome governista porque qualquer deles encarna o modelo que considera "virtual" de Wagner, uma espécie de mundo da fantasia, onde se propaga através de uma publicididade massificadora e custosa feitos que, na maioria das vezes não existem: metrôs que andam, trilhos de ferrovias com máquinas, ponte iconográfica sobre a Baía de Todos os Santos, maquetes de portos, hospitais que existem a decênios. 

   "O que nós pretendemos colocar para o povo da Bahia é se ele quer dar continuidade a esse modelo enganoso ou se vai preferir um modelo da realidade", comenta o ex-parlamentar.

   Na ótica de Geddel, segundo sua opinião, a receptividade que está tendo nas suas andanças pelo interior da Bahia está "muito boa" dentro de uma perspectiva de que a população dá sinais de que deseja mudar, de que não aguenta mais "essa inércia que aí está". Admite que a população baiana foi enganada com uma suposta amizade entre Dilma e Wagner quando, na contabilidade geral, no balanço dos investimentos que estão sendo feitos no Brasil, a Bahia está numa posição muito inferior, por exemplo, a Minas Gerais que tem um governo de oposição e que recebe muito mais do que o nosso estado. 

   "São dados oficiais os que tenho e posso revelar isso na infra-estrutura, inclusive aeroportuária, na educação, na saúde, e Minas é muito parecida com a Bahia, tem semiárido e é nosso vizinho hoje numa situação muito melhor do que a nossa e uma educação pública de qualidade, a melhor do país, enquanto a nossa é a pior".

   Segundo pesquisa IBOPE encomendada pela FECOMBASE, Geddel lidera nas intenções de votos se as eleições fossem hoje, com 30%; seguido da senadora Lidice da Mata, 16%; Otto Alencar 6%; Rui Costa, 4%; Brancos/Nulos 28% não respondeu 18%. No cenário com Paulo Souto este tem 24%; Geddel 23; Lidice 12% e otto 3%; com 21% brancos e nulos e 14% não sabe/não respondeu. 

   Isso significa, na opinião de Geddel que há uma forte tendência de mudança e a Bahia não quer mais um governo petista.

  ALGUNS PONTOS DE VISTA DE GEDDEL:

  Sobre a crise financeira do Estado:

  - Temos dados oficiais de receitas e despesas que não batem. Há uma estimativa de um rombo em torno de R$2.4 bi a R$2.6 bi. Não vejo como sair dessa situação. Tenta-se antecipar receitas de royalties do petroleo e empréstimos, mas tá tudo muito dificil. A situação é "dramática".

   Sobre a reforma administrativa 

   - O governador não tem coragem de extinguir secretarias e órgãos por questões de natureza política. No máximo, vai fundir alguma coisa. Para que serve a SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária) senão para dar empregos a 300 pessoas. O sistema penitenciário está superlotado, as obras de novas penitenciárias paralisadas. O setor só fez piorar, mas, tem uma secretaria.

   Sobre a ponte Salvador-Itaparica

  - Um projeto megalomaníaco. Quando Lula esteve na Bahia com Ricardo Teixeira disse que não haveria dinheiro público nas obras da Copa. Taí a Arena Fonte Nova pra provar o contrário e outros estádios. Se alguma empresa privada for fazer a ponte, tudo bem. Mas, já se está gastando milhões do estado só em projetos.

   Sobre a força dos prefeitos nas eleições majoritárias de 2014

  - Já vimos esse filme em 2006, quando Paulo Souto tinha a maioria dos prefeitos e perdeu. Em 2010 foi a mesma coisa, seguiu o mesmo padrão. Eleição majoritária ningém controla. Apoio de prefeitos é muito importante, mas, nada decisivo.

   Sobre o Movimento das Ruas, o grito pela nova ordem

  - Há um sentimento, pelo menos na Bahia, de descaso do governo do estado, de desmando, de falta de autoridade, de perdas de oportunidades e o grito das ruas mostra isso.

   Sobre uma provável candidatura Lidice da Mata

  - Tenho conversado com Eduardo Campos. Ontem (sexta, 23) ele me telefonou duas vezes. O sentimento é de que o PSB vai se unir as forças da oposição e certamente uma provável candidatura da senadora Lidice entra nesse contexto. Ela quer o apoio de Wagner, pelo menos tem dito o seu partido na Bahia, mas, é complicado.

   Sobre uma provável candidatura de Rui Costa

   - Não importa qual seja o candidato, se Rui, Otto ou outro. O julgamento será do governo Wagner e não do candidato (poste) em sí. A discussão se dará pelo modelo da mudança, em todos os campos.

   Sobre as propaladas politicas públicas

   - Se esperava mais de Wagner e do governo federal na Bahia. Políticas públicas mudaram a realidade em outros estados e estou mostrando isso na TV em nossa propaganda eleitoral, a educação em Minas, a segurança em Pernambuco.

   Sobre a briga de Wagner com Odebrecht/OAS

  - Ele quer mandar em tudo. No Judiciário, no MP, na Assembleia. Quer mandar no Esporte Clube Bahia e em duas grandes empresas de imensas tradições que nasceram na Bahia e aí joga essas empresas contra a sociedade, de forma politica, diante de uma decisão empresarial. Vou ficar atento ao consórcio que ganhou a concorrência do Metrô linha 2 a possíveis aditivos.

   Sobre o governo Wagner

   - É imaterial. Não tem marca. Fala-se em não sei quantos mil quilômetros de estradas recuperadas. Não há nada estruturante. Lomanto marcou pelo eixo via Juazeiro; Roberto Santos eixo Brumado/Sudoeste; Luis Viana Filho pelo pólo de Camaçari; ACM pelo eixo da Estrada do Feijão e Linha Verde. Agora, acabou-se foi o pólo da indústria calçadista (época de Souto/Borges) e faz-se uma Via Expressa em Salvador em 3 ou 4 estapas de inaugurações.
   
   Sobre os desafios para eleições 2014

   - O grande desafio é apresentar uma proposta clara de alternativa para o governo da Bahia. Sendo eleito, adotar uma atitude diferente do que se vê hoje. Não há partido que se sobreponha a Bahia e o governador não pode ficar com cara de paisagem. Já tenho visão estratégica e vou traduzir isso em linguagem que a população entenda. Já temos uma equipe que está discutindo e analisando essas questões.

   Sobre a Unidade das Oposições em 2014

   - É inexorável. Minha candidatura só existirá se significar a unidade. Não sou obstáculo, mas quero ser o candidato, me preparei para isso. Tenho que ter habilidade para conseguir isso com a participação apaixonada de todos e a liderança de ACM Neto. Tenho conversado com todos eles, Imbassahy, Neto, Souto, na maior clareza.

   Sobre a administração ACM Neto

   - Está fazendo tudo como planejou, arrumando a casa, se organizando. Vai fazer uma grande gestão mesmo depois de ter herdado dívidas assustadoras e todo esse caos deixado pelo ex-prefeito JH.