Tecnologia

UBES SINALIZA QUE PROIBIR CELULARES NAS ESCOLAS REPRESENTA UM ATRASO

Celulares nas escolas – entre o uso e a regulação: desafios e possibilidades de uso consciente
Da Redação ,  Salvador | 14/01/2025 às 19:49
Celular é uma ferramenta valiosa para a pesquisa e estudos complementares
Foto: BJÁ
  Em nota oficial a UBES destaca que o uso de celulares nas escolas é um debate que exige uma análise cuidadosa, pois levanta questões importantes sobre os impactos da tecnologia na educação e no comportamento dos estudantes. Após a pandemia, os dispositivos móveis se tornaram ainda mais integrados ao cotidiano escolar, e discutir a regulamentação desse uso envolve entender tanto os benefícios quanto os desafios que eles representam.

Por um lado, há argumentos que defendem uma regulamentação mais rígida do uso de celulares nas escolas, especialmente devido ao risco de dependência digital. Em algumas instituições onde a proibição já foi implementada, foram relatadas crises de abstinência entre os estudantes, o que chama atenção para o impacto psicológico que o uso desenfreado desses aparelhos pode causar. Além disso, a Unesco recomendou o banimento dos celulares em ambientes escolares, alertando que o uso excessivo prejudica o aprendizado.

Entretanto, esse debate não pode ser feito de forma isolada. A pandemia acelerou o uso da tecnologia na educação, e os celulares se tornaram ferramentas essenciais para garantir a continuidade das aulas. Dados da Unesco mostram que cerca de 1,5 bilhão de estudantes em todo o mundo foram afetados pelo fechamento das escolas, e, em muitos casos, os celulares foram o principal meio de acesso ao ensino remoto. Proibir o uso desses dispositivos nas escolas sem discutir a criação de um ambiente educacional mais tecnológico seria um retrocesso.

A realidade das escolas públicas brasileiras apresenta desigualdades significativas. Muitas escolas não possuem nem internet, muito menos laboratórios de informática. Para muitos alunos, o celular é a única ferramenta disponível para acessar a internet e recursos educacionais. Proibir o uso de celulares sem garantir a construção de escolas mais tecnológicas é reforçar essa desigualdade. Além de entreter os estudantes, os celulares funcionam como uma ponte para o acesso à educação em dinâmicas dentro da sala de aula.

Além disso, quando usados de maneira responsável, os celulares podem ser aliados no processo de aprendizagem. Aplicativos educacionais e ferramentas interativas acessadas via dispositivos móveis podem enriquecer as aulas, oferecendo acesso a conteúdos que, de outra forma, não estariam disponíveis. Uma pesquisa do Pew Research Center indicou que 77% dos professores acreditam que dispositivos móveis podem melhorar o aprendizado, promovendo engajamento e facilitando o acesso a informações.

Portanto, em vez de adotar uma proibição simples e direta, é fundamental que o debate sobre o uso de celulares nas escolas seja acompanhado de uma discussão sobre como transformar as escolas em ambientes mais tecnológicos. O uso de celulares pode ser regulado, com limites adequados durante as aulas e um incentivo ao seu uso pedagógico em atividades que exigem ferramentas digitais. Proibir por proibir sem oferecer alternativas tecnológicas adequadas apenas acentuará as desigualdades no sistema educacional público.

Diante disso, a UBES reforça a necessidade de soluções equilibradas. A tecnologia é uma realidade cada vez mais presente, e o papel da educação é formar cidadãos críticos e preparados para lidar com essas ferramentas de maneira construtiva.