Cultura

A BANDEIRA DA PAZ TREMULA NO CARNAVAL DO GANDHY SEM BOXE E PANCADARIA

Bloco que deveria ser incluído no Programa Bahia pela Paz
Tasso Franco , Salvador | 04/03/2025 às 11:02
Um bloco que cultura a paz
Foto: Jefferson Machado
  No meio da folia que celebra os 40 anos do Axé Music, um dos ícones do Carnaval de Salvador brilha com sua tradição de paz: o bloco Filhos de Gandhy. Com 76 anos de história, o afoxé arrastou uma multidão vestida de branco pelo circuito Barra-Ondina nesta segunda (3), penúltimo dia de festa. O bloco teve apoio do governo do estado.

O presidente dos Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, destaca a importância da tradição: “São 76 anos de resistência, mantendo a cultura de paz e tradição. Provando que esse trabalho mantém toda essa cultura, levando essa mensagem de paz e amor do Brasil para o mundo. E o Carnaval sem o Gandhy não é Carnaval.”

Para muitos foliões, desfilar no Filhos de Gandhy é mais do que aproveitar o Carnaval, é um ato de pertencimento e conexão com a ancestralidade.

Danilo Azevedo, que há 20 anos sai no bloco, trouxe o sobrinho de 17 anos para viver essa experiência pela primeira vez: “Sou de outro estado, sou de Sergipe, e venho há 20 anos desfilar nos Filhos de Gandhy. E esse ano eu trouxe meu sobrinho, que está completando 17 anos.”

Além da festa, para Danilo, o bloco carrega um significado ainda mais profundo: “Eu sou mestre em Ciência da Religião. Minha família é de origem negra, meus avós são descendentes quilombolas. Para mim, não é só brincar Carnaval. É relembrar do meu passado.”

Já Tiago Santos, que desfila desde os 12 anos, vê no Filhos de Gandhy uma tradição que faz parte da identidade do povo baiano: “É uma oportunidade muito grande, né? Eu saio no Gandhy desde muito novo. Então, está enraizado já no nosso sangue. Do povo preto, de Salvador, da Bahia.”