A ATUALIDADE DO COOPERATIVISMO E A CRISE ECONÔMICA

Arnaldo Jardim
09/07/2009 às 15:15

Deputado Arnaldo Jardim é membro da Frente Parlamentar do Cooperativismo da Câmara
"Impulsionando a recuperação global por meio das
cooperativas". Este é o lema escolhido pela ACI (Aliança
Cooperativista Internacional) para as comemorações deste ano do nosso
87º Dia Internacional do Cooperativismo.

A grave crise econômica que hoje já transborda para uma crise da
regulação financeira, de governança global, traz consequências
profundas e uma delas é a tendência a brutal de concentração
econômico-financeira.

Qual é o antídoto? O Cooperativismo! Como podemos desencadear um
círculo virtuoso da economia, de organização do trabalho e da
produção, que não acumula excedente e distribui imediatamente os
resultados? Por meio do Cooperativismo!

Militante nas três esferas, federal, estadual e municipal, sempre fui
um defensor ferrenho das suas oportunidades socioeconômicas, fato que
inclusive ensejou-me a elaborar uma publicação: "Cooperativismo: uma
alternativa correta, econômica e social, para enfrentarmos a crise
global". Tese que acabou se confirmando, principalmente em setores
como o agropecuário e o de crédito, impulsionando um desenvolvimento
sustentável e gerando empregos e renda, contribuindo também para o
crescimento das comunidades onde se faz presente.

Tendo como carro-chefe a oferta de juros mais baixos, as cooperativas
aproveitaram a retração de crédito nas carteiras tradicionais para
ganhar espaço. Em 2008, o cooperativismo de crédito teve um
crescimento de 36%, ante os 28,2% de todo o sistema financeiro
nacional. Para este ano, a expectativa é a de que a tendência de alta
seja mantida 25% acima da expansão geral do mercado. Para isso, as
quase 1.500 cooperativas devem alcançar 4.500 pontos de atendimento,
em dezembro (eram 4.182, no fim de 2008), com mais de 600 mil
associados - chegando a 4,8 milhões, ao todo - e devem passar de R$ 50
bilhões em ativos, ante os R$ 44,5 bilhões do ano passado, quando as
operações de crédito somaram R$ 21,8 bilhões e os depósitos, R$ 18,9
bilhões.

Apesar da sua fatia no mercado de crédito ainda ser pequena - cerca de
2% do total - a expectativa é de que chegue a 10% nos próximos cinco
anos. Essa certeza decorre do trabalho como diretor do ramo crédito da
Frencoop, responsabilidade que abracei e que já podemos comemorar
frutos importantes, como a sanção da Lei de Regulamentação do
Cooperativismo de Crédito.

No setor agropecuário, somos representados nacionalmente por
cooperativas consolidadas, com gestão profissionalizada e foco no
negócio, respondeu por 26, 91% do total (US$ 1,08 bilhão) exportado
pelo cooperativismo brasileiro. Já no 1º trimestre deste ano, o
destaque ficou para o açúcar, com 91% (US$ 150,9 milhões), frente a
59% no 1º trimestre de 2008 (US$ 86,4 milhões) e crescimento de 13,5%,
totalizando US$ 165,8 milhões.

A partir das melhorias na proposta do novo plano de safra, as
cooperativas deverão receber uma nova linha de capitalização via
ampliação das chamadas "cotas-parte" de R$ 2 bilhões a juros de
crédito rural para estimular a nova safra (2009/10).

Também devo saudar a implantação do Programa Nacional de Conformidade
das Cooperativas (PNC), a partir de um convênio estabelecido entre a
OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e a Ocesp (braço
paulista da entidade), voltado principalmente a oferecer um
diferencial de mercado para as cooperativas de trabalho, beneficiando
as cooperativas e os contratantes, além de minimizar os
questionamentos do Ministério Público do Trabalho.

O PNC deverá criar normas e critérios para diferenciar e gerar
sustentabilidade às cooperativas de trabalho, por meio de auditoria e
monitoramento. Este setor, também colheu vitórias importantes como a
aprovação na Câmara Federal do substitutivo do Projeto de Lei, que
regulamenta o ramo trabalho no País e que deve, agora, ser votado no
Senado.

Apesar de termos comemorado vitórias importantes no âmbito do
Legislativo, no sentido de escorar o crescimento do sistema
cooperativista a partir de um marco legal capaz de contemplar os
avanços dos 13 ramos de atividade no País, ainda permanece a
indispensável e urgente necessidade de aprovarmos a Lei de
Regulamentação do Cooperativismo de Trabalho e um novo texto para o
Ato Cooperativo.

Em meio às comemorações pelos 87 anos do Cooperativismo, em memória
daqueles pioneiros de Rochdale, respeitando a premissa universal de
"Ajuda Mútua e Solidariedade" que rege o setor é que nós, membros da
Frencoop e do Sistema Cooperativista Brasileiro, precisamos manter a
mobilização em torno de matérias imprescindíveis para estimular o
crescimento desta atividade socioeconômica e ajudar o Brasil e o mundo
a sair da atual crise financeira global.