Quando dou sorte, se a hora for do meio dia; ou das seis da tarde da Ave Maria ouço os sinos dos templos jesuita e franciscano do local que ficam a tocar anunciando a hora, o que nos dá um enorme prazer.
O Pelourinho é modo de dizer, o mais correto seria o Centro Histórico, o casco antigo da cidade fundada por Thomé de Souza, português a serviço da Coroa que, a mando de dom João III, ergueu a cidade fortaleza, cujo palácio onde residiu vai ser transformado em hotel para tristeza dos historiadores.
Paciência: se derrubaram a Sé Primacial para passar bondes e a estátua de Thomé vive com brancos de coco de pombos em sua cabeça, justo em frente da Câmara Municipal, tudo é possível na antiga Cidade da Bahia.
E como não estou aqui para somente falar de história uma vez que minha praia é a gastronomia, não de ensinar a cozinhar e manusear temperos e ingredientes, e sim de saborear o que alguém fez, no decorrer desta semana estive no "do Boteco Viajante", do Maciel de Baixo, onde a 'chef' da cozinha Andrea prepara as delícias da casa, restaurante que tem um cardápio base compacto e repleto de sabores que vão desde a maniçoba ao cuscuz do sertão, a moqueca de camarão, a moqueca vegana e outros.
Yo, que estava paramentado de viajante, prefiro me chamar de andarilho, portando bag e bastão, óculos bicolor e chapéu com aba protetora contra o sol para o pescoço, fui bem atendido pela jovem Isadora, mui gentil e graciosa, que me acomodou num cantinho do boteco, em área arejada e anexa ao espaço de shows e cultura Pedro Arcanjo.
- Que maravilha, pensei com meus botões, em silêncio, num espaço amadiano com nome de um dos personagem de "Tenda dos Milagres", descrito como Ojuobá (ou "olhos de Xangô"), mulato e capoeirista, mestre que tocava tocava viola, era bom de cachaça e pai de muitas crianças com as mais lindas negras, mulatas e brancas.
Imaginei que, em tempos idos, também neste Pelourinho participei como ator numa pontinha do filme de Nelson Pereira dos Santos, no papel de Peçanha, um 'foca' jornalista.
Ora, pois, que emoção está sentado no "Boteco do Viajante" a minha frente uma jovem que se Amado ainda fosse vivo e por lá frequentasse poderia ser uma dos seus personagens, tanto ela como a mão-de-fada cozinheira Andrea.
O que saboreei, meu caro leitor, minha nobelíssima leitora, foi um filé ao molho de gorgonzola com arroz e vegetables veganos delicioso.
Faltou-me companhia visto que a señora Bião estava em afazeres contábeis pagando contas e analisando o mercao de bitcoins e não tinha um Arcanjo para dividir comingo uma pinga. Ainda pensei em pedir um mojito ou uma tequila José Cuervo silver, pero, o tempo estava muito quente e poderia explodir minha cuca.
O "Boteco do Viajante" é um restaurante com ambiente intimista poucas mesas no salão principal com vista para a rua do Maciel de Baixo, decoração com motivos bem soteropolitanos, e um salão secundário (mas, também princiopal) e mais arejado que fica de testa com o Largo Pedro Arcanjo.
O atendimento é excelente, os preços compatíveis com a realidade da classe média e a turma jovem que trabalha na casa atenciosa.
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Restaurante Boteco do Viajante
Rua Maciel de Baixo, 15
Pelourinho, Salvador
Fome 71.3266.4096
File ao molho gorgonzola R$58,00
Coca Cola lata R$6,00
Serviço 10%
Aceita todos os cartões
Aberto diariamente a partir das 11h
Estacionamento da Laranjeiras
Classificação 3 DONS
