Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

Vitória de boa e Bahia na pior no domingo da bola

Por essa o torcedor do Bahia não esperava
13/10/2014 às 09:43
Uma rodada com gosto diferente para os torcedores da dupla Ba Vi. O rubronegro baiano, no duelo de Leões, ganhou (2 x 1 ) para o Sport de Recife, na Ilha do Retiro, e chegou aos 31 pontos, escapou da zona, assumiu a porta, e empurrou para dentro o rival Bahia. A equipe, se não foi brilhante, foi guerreira, brigando pelo resultado até o fim.
O tricolor caiu (1 x 0) para a Chapecoense na Fonte Nova, diante de sua torcida, um resultado horrível que o levou, de volta à zona, com 30 pontos. Pior que tudo foi o que a torcida viu em campo. Uma equipe sem garra, acusando de forma clara a desmotivação do plantel em função do atraso de dois meses no pagamento dos salários. Até o treinador Gilson Kleina estava de crista arriada, encerrada a partida. 

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Na briga dos ‘Leões’, o baiano venceu. 

Boca de noite bonita de lua minguante na Ilha do Retiro, em Recife, os dois Leões rubronegros se enfrentando: o Sport, pernambucano, bem na tabela de classificação, contra o Vitória, o baiano, ali na zona de reprovo da competição, entre os quatro últimos colocados, no começo da rodada.

O time baiano, bafejado pela sorte, abriu o placar logo aos 50 segundos, após uma cobrança de falta pelo alto bem executada por Marcinho, que o defensor Richely tentou cortar naquela confusão dentro da pequena área e fez contra: 1 x 0. O Sport, pressionado pelo torcedor nas arquibancadas foi pra cima, em busca do empate, abrindo espaços para os perigosos contragolpes do adversário. Aos 27’, Dinei roubou uma bola da zaga, girou e bateu firme de dentro da meia lua, acertando o canto direito de Magrão, um golaço : 2 x 0. 

Aos 39’, o meia Ananias (aquele mesmo que começou no Bahia) fez boa jogada pela esquerda e acertou o travessão da Gatito Fernandes. Um minuto depois, noutra boa jogada de Ananias que achou Patrick na direita, o meia cruzou e Diego Souza, atropelando,testou forte e diminuiu: 2 x 1. O leão baiano sentiu a mordida, assustou-se e a pressão foi total do time pernambucano nos derradeiros minutos da etapa inicial, quase empatando o jogo em três chances reais de gol desperdiçadas.

Na etapa derradeira o Leão da Ilha voltou mais ofensivo, com Felipe Azevedo no ataque, quase empatando aos 3’, após cruzamento de Ananias. O tempo mudou e a chuva desceu forte na Ilha do Retiro. Campo molhado, aos 10’ Richely bateu forte, de longe, mas Gatito espalmou bem. O Vitória recuou, atuou fechadinho, só saindo no erro do adversário e suportou bem a pressão, com muita vontade, até o final, o time da casa em cima, buscando o empate a todo custo. O resultado foi garantido por uma boa atuação da zaga, a marcação no meio, intervenções seguras de Gatito Fernandes. Aos 41, Nino Paraíba salvou o empate tirando o pão da boca de Ananias, na pequena área. Valeu pelo resultado e os três pontos. 
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Destaque para a luta de todos e a atuação dos zaqueiros de área, a manha de Richarlysso e a determinação de Luis Gustavo, o bom jogo e a dedicação de Edno e Marcinho, além do talento de Dinei (que belo gol, de centroavante !) . Pelo Sport, Patric, Richely, Wendel e, mais que todos, o baiano Ananias. 
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O gude preso da Chapecó

Bom público na Fonte Nova na tarde primaveril domingueira do Dia da Criança, dia da Padroeira, a Senhora d’Aparecida. Em campo, Bahia e Chapecoense, duas equipes em busca de afirmação, bem armadas em esquemas parecidos pelos treinadores Jorginho (Chapecó e ex-Bahia) e Gilson Kleina, adeptos de um futebol de pegada, ocupação de espaços no meio campo e contragolpes rápidos. 

No final, um resultado desastroso em todos os sentidos para o Bahia: perdeu de 1 x 0 dentro de casa, diante de um adversário direto, que também disputa pra não cair, e por cima com um atleta a mais em campo durante quase todo o segundo tempo. Para o torcedor, um gosto amargo de zona de rebaixamento e de segundona à vista em 2015. 
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Bola rolando, aos 3’, Rafael Miranda cruzou e kieza, só, cabeceou pra fora. Aos 5’, a Chapeco chegou, mas Leandro também perdeu a cabeçada. Aos 11, Leandro arriscou de fora, no cantinho, Lomba espalmou. Aos 37, Abuda arriscou e passou perto. Um minuto depois Tiago Luis pegou de bem longe e Lomba aceitou, empenou: 1 x 0. Uma primeira etapa de equilíbrio e poucas chances de gol. O Bahia mais adiantado, chegando mais na área adversária porém chutando pouco. A Chapecó, arriscando mais de longe, deu-se bem. O torcedor tricolor não gostou da postura burrocrática da equipe e vaiou na saída pros vestiários, cobrando tesão.

Para a segunda etapa, Kleina substituiu Henrique por Bárbio, apagadíssimos ambos. Num entrevero com o zagueiro Lucas Fonseca, Tiago Luis foi expulso logo aos 7 minutos, uma lufada de esperança no torcedor tricolor. Mas, afunilando as jogadas ou cruzando bolas altas na área, o tricolor facilitou a tarefa defensiva do adversário com menos um em campo. Não teve competência, não achou o gol. 

Aos 13’, Marcos Aurélio bateu da linha da área mas o goleiro Danilo salvou. Na sequência, após o escanteio cobrado, cabeçada de Uéliton que Danilo salvou, de novo. Saiu Emanoel entrou Lincoln, saiu Uéliton entrou Rafinha. O jogo virou um ataque contra defesa, desde os 15, 20 minutos, com a natural pressão tricolor, inócua, confusa, desorganizada. Só uma boa cabeçada de Kieza, aos 30, para outra defesa difícil de Danilo, salvando. No mais, só o desespero nas arquibancadas com a equipe toda embaraçada em campo. Triste. 

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Destaque maior para o goleirão Danilo, eficiente, para a firmeza da zaga chapecoense, a labuta de Abuda e Bruno Silva, incansáveis, o Tiago Luis, na primeira etapa, autor do gol (expulso no começo do segundo tempo), e a entrega o tempo inteiro de toda a equipe de Santa Catarina, bem treinada por Jorginho.

No Bahia, lamentável o frango(mais um) de Lomba, bem como a frouxidão do time, sem alma de vencedor, com cara de Série B. Será o bolso vazio, o salário atrasado ? Vi jogador fugindo das divididas, tirando o pezinho... De interessante apenas a ideia de saudar as crianças, no dia delas, os atletas com os apelidos de quando eram meninos gravados na camisa, às costas. Sò. A bola bem murchinha. 
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No próximo fim de semana, pelo Brasileirão: São Paulo x Bahia, em SP, e Cruzeiro x Vitória, no Barradão. 

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Sulamericana

No meio da semana a dupla Ba Vi tem compromissos pela Copa Sulamericana, jogos de volta, decisivos: 
- O Bahia, que venceu o Universidad Cesar Vallejos por 2 x 0 na Fonte Nova, joga contraem o time peruano na cidade de Trujillo, na costa do pacífico, norte peruano, na quarta-feira, 22 hs. O tricolor pode até perder por um gol de diferença que se classifica. Lá, vai ter de suportar o sufoco e jogar feito time grande se quiser ir adiante nessa competição internacional.

- Na quinta, às 19h15’, no Barradão, o Vitória recebe o Atlético Nacional de Medellin. O rubronegro baiano empatou lá, 2 x 2; daí, até um empate lhe favorece. Mas é bom dizer que esse time, campeão colombiano, é copeiro e tinhoso. Cuidado.

Caso vençam seus adversários, os rivais baianos se enfrentarão pela Copa Sulamericana, quartas de final, em mata-mata inédito, internacional. 

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Dunga
O cara é enfezado, briguento, enjoado, mas vem dando mostras que entende de bola. Sabia jogar e hoje sabe comandar a equipe que treina. Desde que assumiu a seleção brasileira, após o fiasco do time de Felipão na Copa 2014, está invicto, fazendo a equipe jogar um feijão-com-arroz bem temperado: um bom goleiro, laterais marcando, zagueiros zagueirando, pegada encurtada e ocupação dos espaços no meio campo e, na frente, talento pra decidir. Simples. Mas com dedicação de todos em campo isso funciona. 

Foi assim que a ‘nova’ seleção de Dunga venceu o clássico contra a Argentina (completinha) no sábado, em Pequim, por 2 x 0, com gols de Tardelli, ganhou o troféu em disputa e convenceu. Impressionante a aplicação tática da equipe, a forte marcação sobre os astros Messi e Di Maria e objetividade na frente. Não esqueçamos que ‘los hermanos’ são os vice-campeões do mundo, têm um time entrosado e do meio pra frente contam com jogadores de alto nível: Messi, DI Maria, Aguero... Talvez em função disso a Argentina tenha começado a partida bem melhor, em cima, sufocando, mantendo mais posse de bola, chutando mais. 

Mas foi o Brasil que abriu o placar, aos 27’, após um cruzamento largo na área portenha que a zaga não soube neutralizar e a pelota subiu e desceu dentro da área, pela esquerda do ataque verde-amarelo; Na arriada, Tardelli bateu de prima, surpreendendo o goleiro Romero. Golaço. Mais bonito ainda seria o gol que Neymar perdeu, aos 31’, após uma estupenda arrancada pelo meio, rasgando a defesa adversária, driblando o goleiro e errando na conclusão. 
Aos 40’, um lance decisivo: o lateral Danilo vacilou com Di Maria, que lhe roubou a bola, invadiu a área, foi bloqueado pelo defensor brasileiro e o árbitro viu pênalti no lance. Messi cobrou e o goleirão Jefferson defendeu. Motivador. 
No segundo tempo o time brasileiro veio ainda melhor, engolindo taticamente o adversário, criando mais chances. O segundo gol surgiu após cobrança de escanteio por Oscar, David Luis tentou testar mas foi o abençoado Tardeli que completou de cabeça. Justo e delicioso triunfo.
Destaques para o goleiro Jefferson, seguro, fundamental; a dupla de zaga Miranda e David Luis firme, uma ótima atuação do apoiador Elias, incansável o meia Willian, Neymar sempre lúcido e insinuante, e uma ótima atuação do inteligente Tardelli, o goleador. Dunga foi feliz na escalação e na postura da equipe; ainda por cima discutiu, provocou e xingou argentinos, arbitragem e quem mais apareceu pela frente, bem a seu estilo. 
Di Maria foi o melhor dos argentinos, até cansar. Messi não achou espaço, quando teve a bola não foi feliz no que tentou, até pênalti perdeu, o que não é comum. 
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A seleção faz mais um amistoso na Ásia, na terça-feira, em Cingapura, contra o Japão (às 7h30m, horário de Brasília).
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Time de Gallo
Na sexta passada, à noite, em Brasília, o time olímpico brasileiro de garotos treinados por Gallo enfiou 3 x 1 na equipe titular da Bolívia, fazendo um primeiro tempo arrasador, marcando os três gols e dominando o jogo. Excelente a atuação do meiocampista Talisca, ex-Bahia e hoje defendendo o Benfica, passando, chutando, virando o jogo, comandando o meio campo, puxando bons contragolpes. Se segurar a cabeça, corrigir alguns senões e se aplicar mais ... breve o nosso Talisca vai estar na seleção principal. Torço pelo menino da periferia de Feira de Santana revelado na base do Tricolor. 
A equipe que se prepara para os jogos olímpicos joga na segunda-feira, contra os EUA, na Arena Pantanal.
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Salve as crianças neste seu dia de domingo! Vamos cuidar delas, mais educação do que regalias. É o nosso amanhã.