Missa na igreja de São Judas Tadeu, banhos de folha e sal grosso, ebós, velas acesas nos vestiários... Tá valendo também.
A fase urubu do Bahia continua. O elenco não tem qualidade e a má sorte persegue. Parece que a energia negativa de fora de campo (diretoria, torcida, mídia...) influi no que acontece dentro das quatro linhas.
Assim, atolado numa crise estúpida – clube e time -, o tricolor estreou no Campeonato Brasileiro / primeira divisão perdendo de 3 x 1 para o Criciúma, no estádio Eriberto Hulse, em Santa Catarina, numa partida em que, por vários momentos, foi melhor em campo, pressionou e também cometeu erros fatais em momentos cruciais do jogo.
O campeão catarinense começou em cima, atacando, impondo velocidade, obrigando o adversário a cometer muitas faltas na frente de área, a errar passes na saída de bola da defesa para o ataque. Os primeiros 20 minutos foi de sufoco e Lomba fez umas três intervenções importantes. Só aos 30 minutos o tricolor despertou e ameaçou com duas boas cobranças de falta executadas por Marquinhos, obrigando o goleiro Bruno a fazer uma intervenção e, na outra, acertando a trave.
Aos 40’, no entanto, Donato cortou errado de cabeça e a bola sobrou livre para Lins, que isolou. Aos 45, antes de o árbitro apitar o encerramento, aconteceu o gol, numa falha gritante de Lomba, e a omissão da dupla de zagueiros Titi e Donato; uma falta cobrada com bola alçada, Lomba saiu mal e o zagueiro Mateus Ferraz testou para as redes, fazendo 1 x 0, quando a partida estava bem equilibrada. Cadê a zaga ?
Todos esperavam uma reação tricolor, mas logo no primeiro minuto da segunda etapa o zagueirão Donato se enrolou todo numa disputa de bola com o Marcel, na entrada da área, e a pelota sobrou livre, de frente, para o meia Lins, que finalizou bem: 2 x 0. Ducha fria. Logo depois, o goleiro Lomba – quem sabe temendo uma goleada ? – pediu substituição, alegando uma misteriosa contusão. Aonde, sentiu o quê ?
Aos 7’, João Vitor bateu forte da entrada da área e Omar, que entrou em lugar de Lomba, fez ótima defesa. O tricolor acalmou-se um pouco, Diones entrou em lugar de Ítalo Melo, e o time foi pra cima, chegou a encurralar o adversário, mostrando mais determinação em campo.
Aos 10’, Jussandro tramou com Marquinhos, o meia arrematou bem mas o goleiro Bruno salvou. Aos 14’, Fernandão completou um cruzamento e Bruno evitou o gol novamente. Aos 23’ , uma blitze tricolor e o goleiro salvou duas vezes. Mas, aos 27’, Ryder enfiou na grande área para Diones que desviou do goleiro e diminuiu: 2 x 1. O Bahia dominava o jogo, sem muita técnica mas com raça, e Marquinhos perdeu mais um gol dividindo com o goleiro, aos 35’; só que, no contragolpe, Lins enfiou longo de um lado a outro, da esquerda para direita, achando João Vitor na área; enviesado, o meia pegou de prima, enchendo o pé, acertando o canto, fazendo 3 x 1. Golaço. Uma ducha fria, quando o tricolor era só ataque, buscando o empate. Esse gol quebrou o ímpeto dos baianos e o Criciúma se fechou, garantindo a vitória.
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Destaques:
No Criciúma, ótima atuação do goleirão Bruno, que apareceu bem quando o time visitante ameaçou. Realce também para o zagueiro Matheus Ferraz e os meias Lins e João Vitor.
No Bahia, Marquinhos Gabriel e Ryder foram os melhores. Não dá para confiar numa zaga com Titi e Rafael Donato, os dois não casam, atrapalham-se. E digo mais uma vez: Rafael Donato não tem condições de ser titular de um time da primeira.
O treinador Cristóvão não estreou bem, perdeu, mas mexeu nos ânimos da equipe que fez um segundo tempo digno, de luta. Entretanto, ‘la mala suerte’... paira.
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E o amigo-irmão tricolor Renato Pinheiro, jornalista, me diz aflito, pelo telefone: “Temos de tirar a bandeira tricolor de dentro do caixão de Osório, urgente; Vamos desenterrar essa bandeira!”. (Obs: para os que não sabem, o eterno presidente Osório Villas Boas foi enterrado, nos meados dos anos 1990, com uma bandeira do seu Bahia dentro do caixão, a pedido dele, segundo a família).
Desde os fins do século passado que escrevo e repito: Há uma urucubaca que ofusca a estrela tricolor. Além, é claro, de toda a incompetência administrativa, da falta de modernidade, do pensamento acanhado de diretorias que apequenaram o Bahia, aos poucos e continuadamente, nessas duas últimas décadas.
Missa na igreja de São Judas Tadeu, banhos de folha e sal grosso, ebós, velas acesas nos vestiários... Tá valendo também.
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Empate rubronegro
O Vitória estreou no Brasileirão no começo da noite de sábado, empatando por 2 x 2 com o Internacional de Porto Alegre.
Esperava-se bem mais público na Nova Fonte Nova, até por ser a volta do rubronegro à primeira divisão, começo da mais importante competição nacional, partida jogada na bem localizada e novíssima ‘arena’ e, mais que tudo, uma disputa entre os campeões estaduais da Bahia e Rio Grande do Sul. Mas, qual o quê !
Muuuitos espaços vazios e a alegação de que os ingressos estão muito caros para o torcedor baiano. Todos sabíamos que seria assim com a tal ‘arena nome de cerveja’. Elitização das arquibancadas. Na base do ‘só vai quem tem bucha!’. Desde que decidiram demolir a velha Fonte que afirmo isso aqui nesta coluninha. Arrecebam, então.
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Mas o jogo em campo foi bem jogado, bom de se ver. Dois estilos em confronto: um de toque, envolvente e o outro de velocidade, contragolpes.
O Vitória começou a 200 por hora, atacando pelas laterais como é de costume e surpreendendo o adversário desacostumado com o gramado rasteiro e rápido da Nova Fonte. Daí, já aos 2 minutos, em jogada célere de Cajá para Escudero, o gringo cruzou da linha de fundo e Maxi Bianccuchi, rápido, antecipou-se à zaga, fuzilando: 1 x 0. Sem permitir que o adversário respirasse, aos 11’ Cajá bateu do lado direito aquela falta manjada, conhecida e Gabriel antecipou-se no ‘primeiro pau’, desviando de cuca: 2 x 0. Até os 20 minutos só deu Vitória, que perdeu duas outras boas chances de ampliar.
O Colorado acordou aos 30’, numa belíssima arrancada do garoto Fred (o melhor em campo) costurando pelo meio da zaga baiana e tocando para o uruguaio Forlán diminuir: 2 x 1. Daí, o rubronegro recuou muito e o Inter criou duas boas chances de empatar já na primeira etapa.
Tocando bem a bola, ganhando o meio campo, ritmando o jogo e pressionando, o Inter dominou toda o segundo tempo. Sem a velocidade inicial, o time baiano foi envolvido e o Inter criou chances e empatou após um belo e longo lançamento de D’Alessandro para Fred, que ganhou na velocidade dos zagueiros e chegou antes do goleiro na bola, desviando: 2 x 2, aos 18 minutos. A partir dos 30’ o jogo ficou lento, morno e os dois times pareciam cansados, satisfeitos com o placar.
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Destaques:
No Vitória, Cáceres, pela pegada; Maxi Biaccuchi e Nino pela velocidade do lado direito; Esudero e, sobretudo, Cajá pela técnica, mais do lado esquerda.
No Inter, o veterano zagueiro Juan esbanjou classe; D’Alessandro muito bem na distribuição do jogo, mas o nome do jogo foi mesmo o garoto meio-campista Fred, um dínamo, defendendo e atacando com intensidade e inspiração todo tempo. É um ótimo nome para o meio campo da seleção de Felipão.
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Invasão alemã
O fim de semana londrino foi todo alemão. Os germânicos, amarelos do Borússia Dortmund e vermelhos do Bayern de Munique, fizeram uma festa belíssima no novo estádio de Wimbledon, antes de a bola rolar, sábado à tarde, pela finalíssima do melhor campeonato de clubes do mundo, a Champions League ou Copa dos Campeões da Europa.
Um show da mais pura cultura e tradição milenar Germânia no gramado. Fiquei a pensar: quando a gente vai fazer pelaquí algo parecido? Quando chegaremos além do pagode/funk/samba-bunda-de-mulata e axé ? Nosso limite é a caxirola de Bráu ?
Em campo, um clássico, uma rivalidade, mas a bola rolou fácil, numa disputa tática e técnica interessante, sem sujeiras, cai-cai, reclamações contra arbitragem, simulações... só bola! E deu o time melhor qualificado individualmente, o Bayern : 2 x 1 , com uma atuação mais que decisiva do holandês Robben, aquele mesmo que detonou a seleção de Dunga na Copa da África, lembram ?
Resta agora saber qual o time da Libertadores de América que enfrentará o Bayern para decidir quem é o melhor do mundo. Boca da Argentina ? Atlético, o Galo mineiro?
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Neymar no Barça
Neymar, enfim, se vai. No segundo semestre, acabada a Copa das Confederações, o menino do Santos vai se incorporar à equipe do Barcelona de Lionel Messi, Xavi, Iniesta, Dani Alves ... Esperamos que lá ele foque mais na bola e menos nas câmaras de TV e volte a jogar futebol, sem cai-cai, simulações, tocando mais e driblando só o necessário e perto da área adversária... pois precisaremos muuuito dele inteiro e lúcido, amadurecido na Copa do Mundo 2014 , no Brasil. A companhia de Messi , Xavi e Iniesta lhe farão bem ? Sò o tempo dirá.