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Zé de Jesus Barrêto

NOVO palco da rainha bola inaugura dia 7 com BAVI

A confusão, que por pouco não se transforma em tragédia, na venda dos ingressos para o Ba x Vi foi resultado de falta de planejamento, de organização, de estratégia
01/04/2013 às 10:08
A sete dias do clássico Ba x Vi que vai reabrir a Fonte Nova ou inaugurar a nova Arena Fonte Nova, o Vitória goleou o Feirense no Barradão (4 x 1), à vontade, e o Bahia conseguiu arrancar um empate (2 x 2 ) contra o ‘Xará’ de Feira, no Jóia da Princesa, com um gol já nos acréscimos.

 Assim, o rubronegro é o único time do campeonato com 100 % de aproveitamento, venceu todos os seus jogos e seu torcedor vai para as arquibancadas do novo estádio com mais confiança.  Favorito ?  Não há favoritos em clássico.  Mas ...

   O Vitória parece mais assentado, mais confiante, tem jogado com mais objetividade, feito muitos gols.  A equipe, mesmo contra o fraco Feirense, mostrou que ainda tem problemas na defesa, às vezes exposta, vacilando em lances tolos. O meio campo evolui bem, sobretudo quando a bola está nos pés de Luis Alberto e Cajá, e o time ataca com até seis jogadores, lança muita bola na área adversária, busca sempre o gol. 

  O Bahia, que tinha feito um bom segundo tempo em Pituaçu há uma semana, não mostrou evolução no jogo de Feira. Os laterais presos, sem mobilidade, a zaga batendo cabeça com uma péssima atuação de Dany Moraes, o meio campo marcando mal, propiciando um espaço enorme ao adversário, postando-se muito distante do ataque. Um time ainda sem padrão, sem liga, sem pegada, às vezes meio desligadão em campo. O empate foi justo, mas saiu a fórceps, quando o adversário tinha menos um em campo.  O torcedor tricolor está temeroso.

  Os dois atacantes artilheiros, um da cada lado, estão fora do clássico de domingo, com lesões e castigo:  Nicácio, do Vitória, sentiu o músculo da coxa  no jogo contra o Feirense. Souza, do Bahia, ainda sente dores na panturrilha e andou trocando palavrões com o treinador Jorginho; vai fazer tratamento e cumprir punição disciplinar. 

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Barradão

  O Vitória abriu o placar cedo, antes dos 10 minutos, numa boa cabeçada de Luis Alberto, penetrando pela direita e concluindo com elegância o cruzamento vindo da esquerda: 1 x 0. Minutos depois, houve uma boa trama pelo lado direito e Nino Paraíba cruzou rasteiro para o argentino Maxi completar : 2 x 0.  O Feirense criou duas boas chances, inclusive numa delas Sassá acertou o travessão.  O rubronegro foi superior.

  Na segunda etapa o jogo ficou mais aberto. O Vitória optou pelos contragolpes em velocidade e o Feirense arriscou. Até diminuiu, aos 31’, num lance de dois toques dentro área mal assinalado pelo árbitro -  a bola não foi recuada a Deola pelo zagueiro Vitor Ramos – que  Leandro finalizou 2 x 1.  Porém, aos 40’ o árbitro viu pênalti em Cajá. Ele mesmo bateu e fez 3 x 1.  Já no final, bom contragolpe veloz puxado por Dinei e Marquinhos: o centroavante  fechou o caixão : 4 x 1.   Justo. 

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Destaques para Cajá, Luis Alberto e Escudero.  A zaga andou falhando muito, insegura. 
O árbitro Nielson Nogueira Dias, de Pernambuco,  fez de um tudo para complicar um jogo fácil.

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Joia da Princesa

Em Feira de Santana, num calor de 35 graus, piso duro e irregular, bom público nas arquibancadas, o clássico Ba X Ba  (Feira) não foi tecnicamente um bom jogo mas  teve quatro gols e dois deles de belíssima feitura.  

Foi um jogo de passes largos e jogadas individuais, sem troca de bola no meio campo, sem bola no chão.  O time da casa mais aceso, o Bahêa mais  compassado, às vezes lerdo em campo.  Por volta dos 25’, o atacante Rômulo, artilheiro do campeonato,  enfiou uma caneta no marcador, avançou, a  defesa tricolor foi recuando e ele bateu forte da entrada da área fazendo um belo gol : 1 x 0.   Minutos depois, o mesmo Rômulo recebeu um lançamento na frente da pequena área pelo alto, escorou-se no zagueiro, matou no  peito e virou de meia-biclicleta, encobrindo Lomba e fazendo um golaço !  2 x 0. O zagueiro era o Dany Moraes que assistiu, sem iniciativa.  O Bahia fez o primeiro chute de fato no gol adversário já aos 40 minutos, com Obina arriscando de longe. 

Jorginho tirou o gringo Rosales, que sentiu muito o calor e o piso do gramado, e colocou Talisca. Saiu Diones e entrou Marquinhos. A equipe tornou-se mais ofensiva e o Bahia de Feira  recuou, jogando apenas no contragolpe, esperando o erro inimigo. O tricolor da capital  foi pra cima buscar o resultado e logo no começo diminuiu – Obina cobrando forte e pelo alto uma penalidade máxima fez 2 x 1. 
 
O Bahêa ainda criou duas chances claras aos 7 e aos 16 minutos, com Adriano e Obina, mas não fez.  O Bahia de Feira, na medida em que o tempo passava, foi mascando o jogo, fazendo muitas faltas, buscando o anti-jogo, retardando a partida.  Por volta dos 35’ o meia Bruninho, por faltas seguidas, foi expulso. O Bahia, pra variar, conseguiu o empate já nos acréscimos, numa bola alçada que, após a disputa no alto, sobrou para Obina: ele furou na primeira mas na sequência  acertou de bico, rasteira, forte, empatando o jogo:  2 x 2, placar mais justo.   

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Destaques para a luta de Obina, mesmo ainda fora de forma, a movimentação de Marquinhos, os passes longos de Talisca ...  e só.

 O miolo de zaga (Dany e Titi) não se entendeu, jogou muito atrás; os laterais parecem sem força e velocidade para atacar;  o meio campo está marcando à distância e sem  qualidade na saída de bola, lento. Há um buraco na frente da zaga, o time tem tomado muitos gols de chutes da intermediária, coisa inconcebível quando se joga com três volantes. E o espaço entre o meio campo e o ataque é uma imensidão desértica. O time não compacta, não diminui os espaços, ataca com pouca gente na frente.  

No Bahia de Feira, Rômulo, o artilheiro do Baianão, fez dois gols  belíssimos e perturbou a zaga do Bahia; foi o melhor em campo.
O árbitro Marielson Alvez adora apitar, marca muitas faltas, dá muitos cartões amarelos, trunca demais o andamento e favorece o anti-jogo.

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Fonte Nova

 - Não tem jeito, está decidido: o estádio vai mesmo se chamar Itaipava Arena Fonte Nova.  Pode ?  Vamos  ver como o povão vai chamar a nova cassa de espetáculos que, oficialmente, tem o o nome de Centro(ou Complexo?) Esportivo Octávio Mangabeira ( é o nome ‘político’ do estádio, pra todo mundo ficar bem na fita).  

A Itaipava assinou contrato com o consórcio Odebrecht/OAS e vai ter publicidade no estádio. Lembremo-nos que é a Ambev que patrocina a Copa do Mundo e as transmissões pela rede Globo.  As duas cervejarias vão botar banca e dividir espaço por lá ?  

  - Pronto, está também definido que a estátua de Pelé voltará, vai ter seu espaço garantido no complexo esportivo. Sudesb e Fundação Gregório de Mattos  entraram num acordo, pagaram o que deviam a artista que restaurou a estátua e o “Rei’ voltará ao pedestal. Quando? Não tem data, até porque Pelé deve comparecer...  

 - Dia  5, sexta-feira próxima, será a inauguração oficial  da Itaipava Arena Fonte Nova, com a presença até agora confirmada da presidenta Dilma Rousseff, do Ministro Aldo Rebelo, do Presidente Marin, da CBF, governador, prefeito, deputados, vereadores, imprensa do mundo inteiro etc e tal e coisa... 

- Diante dos fatos ocorridos nessa semana que pasosu e de fatos ocorridos em inaugurações anteriores ( 1971, por exemplo), aconselhamos  as ‘autoriddes’ a  fazerem , antes de mais nada, um bom despacho pra Exu, depois um ato ecumênico, com direito a missa, batimento de folha, sal grosso, mesa branca, sessões de descarregos...     

 -  Domingo, então, acontece o Ba X Vi histórico, o primeiro na nova Fonte. Esperamos e torcemos para que tenhamos um belo espetáculo, um bom jogo e que tudo funcione bem. Sobretudo que as torcidas  rivais se contenham, não aconteçam cenas de violência. Chega!

 -  A confusão, que por pouco não se transforma em tragédia, na venda dos ingressos para o Ba x Vi  foi resultado de falta de planejamento, de organização, de estratégia. O povo é ignorado, parece que ninguém sabia o tamanho do interesse da torcida e como a multidão se comporta, sobretudo se é maltratada.  Pecaram o Governo do Estado, a Federação Baiana de Futebol, os clubes (o Bahia que é o mandante mais ainda), o consórcio /administradores da Fonte Nova, a prefeitura... todos!    Uma lástima. Como não sabiam que o interesse seria  tão grande? Ignoram a força do povo. 
- Esse estádio modernoso que  estão nos vendendo como uma maravilha não cabe um Ba x VI, uma decisão, uma final de Campeonato Brasileiro com a participação de Bahia ou Vitória.  50 mil ingressos vão ser disputados na tora, sempre, porque mais de cem mil vão querer entrar e brigarão para não ficar de fora. Então, há de se ter uma estratégia, uma forma mais moderna, respeitosa e educada de  se vender o produto, que não seja  por uma internet que não funciona,  numas bilheterias escassas que abriram horas depois do horário anunciado... Péssima divulgação, nenhuma orientação. Só polícia pra baixar o pau. 
  
- E os cambistas, e os sabidórios, e a venda por fora escancaradas, e o desrespeito por quem já estava na fila desde o dia anterior, madrugada inteira na espera ?   Uma vergonha as bombas, o gás, o cacete, a borrachada, os safanões, o quebra-quebra,  os gritos de ‘o terror vai começar’, os atos dos comandos e das facções das tais torcidas uniformizadas...  usam linguagem de bandidos. 
 
   Todo cuidado é pouco, dentro e fora do estádio, com o clima desse Ba x Vi.  Prevenir é melhor do que remediar, sempre.