O São Paulo tem boa chance de ser campeão da Sulamericana contra o Tigre
O assunto da semana que entra são os jogos do Mundial de Clubes, no Japão. Na quarta, 7h30 da matina, o Corínthians estréia contra o Al Ahly, do Egito, e na quinta, mesmo horário, o Chelsea ( Inglaterra) encara o bom time do Monterrey, mexicano.
Os vencedores desses dois confrontos decidem o título mundial numa só partida ( dia 12 ) e os favoritos para essa final são o Corínthians e o Chelsea, em tese; até pelo nome e o poderio de ambos, o timão paulista, ganhador da Libertadores, e o atual campeão europeu são melhores equipes.
Talvez o Corínthians tenha mais facilidades conta o AL Ahly, time sem grandes estrelas, sem cabedal de conquistas e que mostrou deficiências em seu jogo, na madrugada de domingo, contra o campeão da Coréia do Sul. O campeão do Egito é uma equipe burocrática, com uma defesa insegura, que dá chutões, mas seus atletas marcam e correm muito.
No entanto, entendo que o Chelsea vai ter de jogar muita bola para superar o Monterrey. O futebol mexicano evoluiu nos últimos anos, é disciplinado taticamente, tem alguns talentos, marca forte o campo inteiro e sabe fazer gols em contragolpes rápidos. São objetivos, sabemos disso – nosso escrete titular tem levado umas boas ‘tapas’ mexicanas nos últimos confrontos diretos, e nossos times também.
Acho até que será um jogo mais bonito de ver e com maiores possibilidades para os corintianos o enfrentamento com o Chelsea do goleirão Cech, de David Luiz, Oscar e Ramirez ... Temo mais uma final do Corínthians contra o Moterrey, um time murrinha e traiçoeiro; daí torço, como mais de 80 % dos amantes do futebol pela grande final, dia 12, ser : Corínthians e Chelsea.
Em tempo: não sou corintiano, mas acho o time paulista bem armado, competitivo, valente, vivido e bem treinado; talvez seja o mais europeu dos times brasileiros, graças ao treinador Titi, um obstinado pelo jogo marcado, pegado o campo inteiro, por um futebol duro, pragmático, objetivo. Vamos a ver , como se fala na Ibéria.
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A Sulamericana
Também no meio da semana o São Paulo de Rogério Ceni e Lucas (despedindo-se, vai para o PSG da França) enfrenta o Tigres da Argentina, no Morumbi, e decide o título de campeão da Copa Sulamericana, uma taça que o tricolor paulista ainda não tem na sua galeria.
O primeiro confronto, no La Bombonera, deu empate sem gols, num jogo truncado, tumultuado, catimbado e duro de ver. O time argentino espanou, defendeu-se bem e quase consegue um golzinho já no final. Pra variar, o desmiolado atacante Luis Fabiano entrou na armação milongueira argentina e foi expulso aos 18 minutos de jogo, prejudicando muito o desempenho da equipe. Acho que dessa vez o atacante, goleador, queimou seu filme na seleção brasileira. Quando aconteceu o lance bobo da expulsão, a provocação do zagueiro argentino e o pontapé de Fabiano, logo veio na cabeça a pergunta: ’...E se acontece isso numa Copa do Mundo? ‘. Pavio curto e juízo mole, Fabuloso, assim não dá.
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Férias e reformulações
Pelaqui, na Bahia, férias das equipes profissionais. O time sub-20 do Vitória está na final do Brasileirão da categoria e decide o título em duas partidas contra o Atlético MG, a primeira no Barradão, esta semana. Independente de ser campeão ou vice, a meninada rubro-negra entra para a história do clube como protagonistas de um grande feito: levaram o time baiano a ser o primeiro nordestino a disputar uma Copa Libertadores de América sub-20, a primeira.
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Quase tivemos um BaxVi na final do Brasileirão sub-20. O Bahia foi eliminado pelo Atlético Mineiro no meio da semana, após um empate melancólico em Pituaçu ( 1 x 1 , com quase 15 mil nas arquibancadas), num jogo disputado em luz de boate e uma arbitragem pusilânime.
Constatei que a grande diferença entre os times sub-20 de Bahia e de Vitória é que a molecada do rubro-negro joga com mais pegada, briga mais, é mais tinhosa, parece mais obstinada pelo resultado... e consegue. É um equipe mais vivida, mais jogada ( como Jusué, o goleiro Gustavo, Mansur, Willy, Artur Maia... atletas com atuações e destaques já no time titular, traquejados. Já a equipe tricolor é mais verde, mais ingênua... sem volúpia.
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As novidades nas equipes profissionais :
No Bahia, o treinador Jorginho continua à frente do plantel, os zagueiros Danny Moraes, Lucas e Alysson devem renovar contrato; Diones continua; e três atletas com 18 anos, das divisões de base, integram-se aos profissionais: o brigador meia marcador Ânderson, o estiloso meia canhoto Talisca ( canhoto, alto, boa visão de campo) e o meia direita Ítalo. Isso é muito bom. Tem muito tititi em torno de Gabriel (sai ou não ?), mas os dirigentes juram que o menino revelação da cidade-baixa só sai do clube com muita grana na mesa. Espero que ele fique mais uma ou duas temporadas amadurecendo, ganhando corpo e confiança, aprendendo a chutar mais de fora da área, dando qualidade aos contragolpes do time em campo, fazendo gols, ídolo.
Ufa! Foram-se Lulinha, Caio Jr, Junior, Ciro, Elias e Jones. Obrigado e tchau. Não dá para agüentar mais o Pitibuil, Mancini, Coelho, Cléberson, Gerley, Fabinho (com todo o respeito e agradecimento pela sua dedicação) e Zé Roberto... Quanto ao esse último, muito defendido pelo Sr Angioni (diretor de futebol do clube), tem contrato até dez de 2013 ( agüentamos ? ) e só pergunto: é possível que um meia atacante atue jogos, semanas seguidas sem chutar uma só bola no arco adversário? E que passe uma temporada inteira sem marcar um só gol ? Não tem condições.
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Novas contratações ? cadê a grana? Acho que o tricolor precisa, urgente, de meias que armem o jogo, e chutem em gol ! E de um centroavante bom, forte, veloz, tinhoso, goleador. A dependência de Souza ( joga duas, tres e passa semanas fora, machucado) é absurda.
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Já o Vitória surpreendeu a todos anunciando essa semana a contratação de Caio Júnior (e troupe) como treinador da equipe para 2013. Sei não. A experiência recente de Caio Jr no rival tricolor, pouco mais de um mês, não foi boa. Muito mais do que pelos resultados acanhados, pífios... , pela relação de desinteligência dele com os jogadores da equipe. Saiu e não ouvi uma só palavra de nenhum jogador tricolor lamentar ou defendê-lo, como sempre ocorre. A saída dele pareceu um alívio para os atletas por ele comandados. O que aconteceu? Por quê ? Ouvi dizer que o relacionamento dele com os comandados, no dia a dia, os papos, as palestras, as observações sobre o modo de o time jogar... Não aconteceu o entendimento, não deu liga. Mas cada história é diferente... quem sabe ele se dá bem por lá pelo Barradão?
O Vitória, para o ano de 2013 já tem uma base montada nos jogadores criados em casa, isso ajuda. Mas a equipe teve perdas significativas no plantel como o goleiro Deola (será que fica?), Uéliton, o zagueiro Vitor, Pedro Kem, Tartá, William... Vai precisar repor peças importantes, contratar, amadurecer e qualificar bem a equipe para enfrentar a maratona de paroano, que é dura para a dupla Ba Vi :
Nova Fonte Nova, Campeonato Baiano, Campeonato do Nordeste, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro ... Sem bons reservas, à altura dos titulares e que dêem opção de virada de jogo ao treinador, sem qualificação técnica e postura em campo vamos penar a cada competição, ficando sempre pelo caminho, um e outro, de mãos dadas.
O torcedor baiano se manifesta ávido por um título nacional... ou exige que nossas equipes briguem em campo, cada competição, por classificações honrosas, por estar entre os primeiros, sempre ; e chega do terror do cai-não-cai a cada ano, sempre o fracasso nas competições disputadas.
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É a bola que corre
Vejo, ouço e leio alguns ‘entendidos’ falarem de velocidade no futebol como uma arma imprescindível. Vero. Mas reflito. Jogador veloz não significa jogo veloz. A bola arremessada com força sempre será mais veloz que o atleta. Quem dá velocidade á bola e ao jogo em campo é o jogador inteligente, de visão larga e passes precisos ( Xavi, Inesta...). Não é o carregador de bola (tipo Kaká) , o driblador (Neymar)... não é o jogador de carreirão (Lucas) mas o passador, aquele que não para em campo o jogo inteiro, mesmo que a passadas cadenciadas, ritmando, chamando o jogo, fazendo a bola girar, com gosto.
O velocista, puxador de contragopes e finalizador, quer a bola metida, enfiada nas costas ou entre os zagueiros, no tempo certo, para sua explosão.
Bahia e Vitoria (até seleção brasileira) carecem desse jogador de meio campo que faça o jogo fluir, que faça os lançamentos... Ganso ? Zé Roberto do Grêmio ? Procura-se. Cìcero do SP, Leo Gago do Grêmio...
Os treinadores de divisões de base dos clubes brasileiros ( Bahia e Vitória incluídos) precisam olhar mais, buscar mais, valorizar mais esses meninos com talentos para jogar no meio campo, aprimorá-los, ter um pouco de paciência com eles. Às vezes não são tão combativos, nem sempre são pegadores e velozes, mas raciocinam mais rápido, enxergam mais que os outros, descobrem os espaços vazios, decidem.
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Encerro citando Tostão:
‘ A arte necessita da técnica. Já a técnica sem arte tende ao tecnicismo e à ineficiência. O que não se pode é confundir firula, habilidade sem técnica, com arte’ .