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Zé de Jesus Barrêto

MESSI ENSINA A JOGAR FUTEBOL SIMPLES E GENIAL

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09/06/2012 às 20:01

Foto: AFP
Messi, o "Pulga", genial, simples, objetivo e com futebol coletivo
Foi ele, o Messi !

E que jogaço o Argentina 4 x 3 Brasil, sábado À tarde, em New Jersey (EUA). A garotada de Mano Menezes deu testa e encarou na bola o time titular da Argentina e poderia ter ganho o jogo, pois os 90 minutos foram disputados, sem nenhuma superioridade maior de parte a parte.

Os ‘hermanos' venceram porque têm Messi, o ‘Pulga', o melhor jogador do mundo, disparado; e ele fez a diferença, marcou três gols, desequilibrou nos instantes em que a marcação deu espaço para ele dominar e colar a pelota na canhotinha. É rápido, inteligente, pequenino mas forte e, sobretudo, objetivo, decisivo.

Seu último gol, que deu a vitória à Argentina, aos 38 minutos do segundo tempo, foi uma pintura: arrancou da linha lateral, quase do meio campo, fechando da direita para o meio com a bola colada no pé esquerdo, levou a marcação do meio campo, enganou o zagueiro Juan e, vendo o goleiro de saída tentando fechar o ângulo, enfiou de curva, da meia lua, pelo alto e no ângulo, sem defesa : golaço ! Messi joga simples, sem firulas, pra frente e ... é maravilhoso.

Os brasileiros perderam porque não conseguiram pará-lo. Nossos marcadores (Rômulo e Sandro) são valentes mas limitados, nossa zaga (Uvini e Juan) é verde e lenta, meio pesadona, apesar da pouca idade, são zagueiros fáceis de serem driblados. Devem ter amadurecido bastante com o enfrentamento, pois, afinal, marcar Messi, Di Maria, Higuain, Aguero ... não é tarefa fácil para defesa nenhuma. Os argentinos são manhosos, catimbam, marcam duro... e jogam bola. Mas foi, de todo modo, um ótimo teste para o jovem time brasileiro que se prepara para as Olimpíadas.

O leitor me perguntaria: e Neymar ? Jogou, e jogou bem, dentro de seus limites; buscou, enfrentou, tentou, perdeu gols, foi derrubado duas vezes na área quando tinha chance de fazer o gol, mas a arbitragem (fraquinha) norte-americana ignorou. Entendo que Neymar ainda está aprendendo e muito, tem melhorado, amadurcido. Vai estar no ponto na Copa de 2014, assim esperamos. Nesse jogo, caiu mais pelo meio, deslocou-se, tocou mais a bola, mas ainda falta aquele ‘algo mais' que sobra em Messi: vivência, manha, saber o momento exato de dar o bote.

Foi um jogo aberto, bem jogado, franco. O Brasil começou mais ousado, à frente, usando a velocidade. Aos 15 minutos Hulk perdeu um gol de frente, após passe de Oscar: faltou-lhe a perna direita. Aos 22', Neymar lançou, a defesa argentina parou pedindo impedimento e Rômulo apareceu de surpresa, batendo por baixo do goleiro - 1 x 0. Aos 26 e 30 minutos Neymar encarou a zaga adversária, ganhou a área mas caiu na hora do arremate, pedindo pênalti. O árbitro ‘nem tchum' pra ele - na primeira ele foi sim derrubado.

Aos 31', o vacilo: Rômulo perdeu uma bola dominada no meio campo e Di Maria enfiou rápido, rasteiro, no meio da zaga; Messi disparou, ganhou fácil dos zagueiros que demoraram a sair na cobertura e o baixinho bateu com categoria na saída de Rafael, empatando - 1 x 1.

Aos 33', a defesa ainda meio atordoada com o gol argentino, Di Maria novamente achou Messi livre, sem marcação, na entrada da área, e o melhor do mundo não perdoou : 2 x 1, fácil. Os argentinos viram a garotada brasileira meio zonza e começaram a tocar a bola, dominando o meio campo. Neymar ainda dividiu uma com o goleiro Romero e Sandro testou um cruzamento de escanteio, livre e na pequena área, para fora.

A segunda etapa foi ainda melhor que a primeira. Mano Menezes mandou o time atacar e, aos 5', Hulk levou a zaga pela esquerda mas bateu forte, por cima. Aos 10', Oscar tabelou com Leandro Damião, que fez a parede, e entrou de cara, empatando - 2 x 2. Aos 19, Neymar cruzou e Damião pegou de prima, forte, para fora. Aos 26', Neymar bateu escanteio, o goleirão deu mole, soltou a bola e Hulk completou para o gol, fazendo 3 x 2. Mas aos 29' nossa defesa parou também, num escanteio, e o zagueirão Fernandes subiu sem marcação e testou - 3 x 3.

Aos 30', Giuliano, que entrara no lugar de Oscar bateu de fora e o goleiro Romero espalmou. Neymar, aos 34', livrou-se do goleiro, mas a zaga salvou quando a bola ia em direção das redes. Aì então, aos 38, esqueceram-se de Messi, ali meio como quem nada quer, encostado na linha lateral pelo lado direito... e foi fatal a arrancada do ‘pulga', fazendo o golaço que decidiu a partida.
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Para as Olimpíadas, Mano Meneses precisa cuidar da defesa, achar um lateral direito (Rafael não jogou mal) , escalar Tiago e David Luis na zaga, qualificar mais a saída de bola dos dois marcadores ( seriam mesmo Rômulo e Sandro ? Porque não Fernando, do Grêmio, por exemplo? ).
O interessante é que, apesar da derrota para os argentinos, o que nunca é bom para nosso ego, mostramos virtudes, jogamos bola também, izemos um bom jogo, a despeito das falhas de marcação, defensivas. Nos Jogos Olímpicos, em Londres, a zaga será outra. E o canhoto Hulk não pode jogar de ponteiro, é um bom reserva de Leandro Damião que, apesar de não ter feito gols, joga muito mais que ele. E será que até lá o Pato pia?
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Vitória na cabeça

Pela Série B, na noite de sexta, o rubro-negro baiano venceu o Boa Esporte, lá em Varginha, por 2 x 1 e já está ali entre os 4, 5 primeiros, como deve ser pelo plantel que possui e dentro dos planos de voltar à Primeira Divisão, já este ano. Não jogou uma grande partida, mas na segundona o importante mesmo é o resultado, os três pontos conquistados... e fora de casa!

O time baiano fez uns 20 minutos de bom futebol, mostrando por que é considerado um dos favoritos, com Tartá e Neto Baiano em noite inspirada, fazendo belas jogadas e infernizando a vida dos mineiros. Aos 5', Neto Baiano bateu uma falta de canhota com perfeição, na gaveta, deixando o goleiro Max sentado, espiando: 1 x 0.
Mas o Boa foi pra cima, criou boas chances e chegou ao empate aos 33', após boa jogada pela direita, cruzamento rasteiro, e a finalização do avante Marcelo Macedo, na pequena área. O jogo estava equilibrado e aos 46, já nos acréscimos, Uéliton bateu forte uma falta da entrada da área, o goleirão Max deu rebote e o veloz Tartá desempatou.

A segunda etapa foi um sufoco. O rubro-negro abdicou de atacar, defendeu-se apenas e passou sufoco, segurando firme a pressão até o final com boas defesas de Douglas, uma soberba atuação do zagueiro Vitor Ramos e muita marcação e luta no meio campo. Na frente, os destaques foram Neto Baiano, numa fase iluminada, e o esperto Tartá, incansável e buliçoso.

Na terça, no Barradão, o Vitória recebe o Guarani de Campinas, tido, ao lado do próprio Vitória, do América de Minas, do Atlético do Paraná, Goiás e Criciuma como candidatíssimo a uma das quatro vagas para a Série A de paroano. É jogão, e a torcida rubro-negra precisa chegar mais de com força, pois até agora... parece que não acredita.