Ideia é fomentar o turismo de mergulho na Bahia (Com Saltur informações)
Tasso Franco , Salvador |
21/03/2025 às 19:19
O afundamento do ferry Juracy Magalhães
Foto: Matheus Landim
O ferryboat Juracy Magalhães Jr., que operou por quase 46 anos na travessia Salvador-Itaparica, foi afundado de forma controlada, nesta sexta-feira (21), para a criação de um recife artificial marinho no Rio Vermelho, em Salvador. A iniciativa da Secretaria do Turismo do Estado (Setur-BA) visa o incentivo ao turismo náutico e de mergulho na capital baiana. A ação contou, ainda, com a parceria do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e da Marinha do Brasil.
O secretário estadual de Turismo, Maurício Bacelar, destaca que cerca de nove embarcações já foram naufragadas em áreas próximas à costa de Salvador e na Baía de Todos-os-Santos, e que no turismo de mergulho é possível conhecer a história da cidade, através do contexto de naufrágio de cada embarcação.
A embarcação tem aproximadamente 800 toneladas e 71 metros de comprimento. A estrutura foi afundada a quatro quilômetros da costa e a 30 metros de profundidade na região do Largo da Mariquita. À frente de uma empresa de mergulho, Tania Corrêa conta como a experiência com o ferryboat Agenor Gordilho, primeiro afundado de forma planejada pelo Estado, em 2020, tem repercutido no turismo náutico.
“Um recife artificial é um aglutinador, uma casa para os animais marinhos. Então, o Agenor Gordilho, mesmo, está todo coberto de corais hoje. No mergulho encontramos alguns animais que são ameaçados de extinção. Você dá um upgrade no turismo local, mergulhadores de todo o mundo vêm mergulhar em naufrágios que só existem aqui”, enfatizou a empresária, que também é instrutora de mergulho há 25 anos.
Segundo a Setur-BA, os segmentos náutico e de mergulho têm se consolidado no turismo. Desde a última ação, ocorreu aumento de cerca de 435% na procura por atividades de mergulho, em comparação com a temporada anterior à pandemia.
Cuidado ambiental
A estrutura naufragada servirá como habitat para diversas espécies marinhas e favorecerá estudos científicos, que estão sendo realizados pelo governo baiano desde os primeiros afundamentos controlados do ferry Agenor Gordilho e de um navio de reboque, realizados em novembro de 2020.
Um dos biólogos do Inema, Marcelo Peres explicou que, após a operação, em apenas um ano o ferry será tomado por corais e espécies marinhas de todo tipo. “Fizemos os estudos prévios de sedimentos, de biodiversidade do local, onde poderia ocorrer o afundamento e, posteriormente, fizemos quatro vistorias para que não haja nenhum tipo de resíduo que possa trazer algum impacto negativo para o meio ambiente. Então, foram quatro inspeções, a gente avaliou também a presença de espécies invasoras e nossa expectativa é bem positiva para a biodiversidade e para o turismo do Estado”, dividiu.
O ferry Juracy Magalhães Jr. começou a operar em 5 de dezembro de 1972, realizando a travessia Salvador-Itaparica, até ser retirado de circulação em 16 de novembro de 2018.