Turismo

MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS: OBRA MONUMENTAL EM ESTILO MANUELINO DE LISBOA

Recebe mais de 2 milhões de turistas estrangeiros ao ano como visitantes pagantes. O ingresso para visitar o mosteiro custa 10 euros e o acesso a igreja é gratuito
Tasso Franco , LISBOA | 23/01/2020 às 10:40
Maior obra portuguesa em estilo manuelino
Foto: BJÁ
   O Mosteiro de Santa Maria de Belém mais conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, é a obra em estilo manuelino (referente ao rei Dom Manuel I) mais revelevante em Portugal, não só por sua grandeza à margem direita do Rio Tejo adjacente a hoje Praça do Império, mas pelos detalhes dessa magnifica obra que durou quase um século para ser concluida e envolveu os arquitetos mais destacados desse estilo: Diogo de Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva, Jerónimo de Ruão.

   É algo de encher os olhos de qualquer visitante tanto a sua visão visão externa do imenso prédio; quanto no seu interior. A visita é dividida em três partes: uma área onde há uma exposição permanente de obras antigas incluindo do Egito e oriente médio; o local onde funcionou o mosteiro propriamente dito e abrigou a Ordem de São Jerônimo até 1834 quando as ordens foram extintas; e a igreja do Patriarcado de Lisboa. 

  Para as duas primeiras áreas paga-se 12 euros ou 10 euros se preferir apenas uma das áreas; idosos e criaças 5 euros. A visita a igreja tem entrada gratuita.

   Para cada área há uma portaria - uma delas mais à frente onde se compram os ingressos - com monitores. Para se fazer uma visita completa a todos esses espaços dura-se, no mínimo, 4 horas. Portanto, o ideal é ir pela manhã, visitar o Jerônimos e em seguida o Monumento aos Navegadores Portugueses e a Torre de Belém que ficam próximos e constituem um conjunto de grande valor cultural no antigo Cais do Restelo donde saiu a armada de Pedro Álvares Cabral para as Índias e acabou descobrindo o Brasil.

   Dom Manuel I foi um dos reis mais destacados de Portugal e reinou entre 1495/1521 época em que descobriu-se o caminho maritimo para as Índias e o Brasil. Ficou conhecido como "Venturoso", o "Bem Aventurado", e grande obras realizadas no seu periodo de governo e depois dele, em Portugal, nas Índias e no Brasil ficaram conhecidas como estilo manuelino. É o caso, por exemplo, da sede do Gabinete Português de Leitura, na Praça da Piedade, em Salvador.

   Expandiu o Império Português no mundo e seu filho e sucessor dom João III foi o rei que mandou construir a cidade do Salvador, em 1548, quando o sistema de capitanias hereditárias fracassou no Brasil, ou pelo menos não prosperou como se esperava e foi criado um governo geral com sede na Bahia.

   O Mosteiro dos Jerônimos (jerónimo em portugês de Portugal) nasceu a partir dessas conquistas de Portugal, em 1502, para substituir a Ermida de Santa Maria de Belém onde oraram Vasco da Gama e Pedro Alvares Cabral, entre outros, antes de suas viagens intercontinentais. Dom Manuel I também decidiu que seria o túmulo da Casa de Avis, a dinastia portuguesa, onde estão sepultados dois dos seus filhos. 

   Nós só visitamos o mosteiro em sí (a área monástica) e a igreja. 

   Nessa primeira área é impressionante a monumentalidade da obra, as portas, as obras de arte, os arcos em estilo gótico e espaços de uma exposição sobre o reinado em Portugual desde dom Afonso Henriques, o "Conquistador" o pai da Pátria após a expulsão dos árabes, em 1147, quando o Condado Portucalense é reconhecido como reino em 1179, pelo papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum e ganhou o título de rex (rei), independente do reino de Leon.

   Há, nesse espaço, uma pintura a óleo da visita de Dom Pedro IV à Casa Pia de Lisboa (nosso dom Pedro I), rei de Portugal, acompanhado de sua segunda esposa Amélia de Beauharnais e da filha Maria II. Visita dia 18 de abril de 1834 retratada em óleo de Maurício José do Carmo Sendim. 

   E há gravuras e óleos de quase todos os reis de Portugal. Também próximo a esse espaço há um memorial túmulo ao escritor Alexandre Herculano, historiador, jornalista e poeta do romantismo português (1810/1877). 

   Além, claro, das áreas contemplativas (jardins), do primeiro piso e do claustro da igreja. (TF).* Noutra matéria falaremos da igreja.

WIKIPÉDIA HISTÓRIA DOS JERÔNIMOS

O Mosteiro de Santa Maria de Belém, mais conhecido como Mosteiro dos Jerónimos, é um mosteiro português da Ordem de São Jerónimo construído no século XVI. 

Ponto culminante da arquitectura manuelina, este mosteiro é o mais notável conjunto monástico português do seu tempo e uma das principais igrejas-salão da Europa. A sua construção iniciou-se, por iniciativa do rei D. Manuel I no inicio do século XVI e prolongou-se por uma centena de anos, tendo sido dirigida por um conjunto notável de arquitetos/mestres de obras (destaque-se o papel determinante de João de Castilho).

O Mosteiro dos Jerónimos encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1907 e, em 1983, foi classificado como Património Mundial pela UNESCO, juntamente com a Torre de Belém. A 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal. Estreitamente ligado à Casa Real Portuguesa e à epopeia dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos foi, desde muito cedo, "interiorizado como um dos símbolos da nação"

O Restelo, zona próxima de Lisboa onde viria a ser implantado o futuro Mosteiro dos Jerónimos, era de início uma pequena aldeia na margem do rio Tejo. Cresceu sob o impulso do comércio marítimo e da produção naval, que viria a ter grande importância estratégica e logística no que se refere à protecção das vias marítimas portuguesas, transformando-se posteriormente num grande porto comercial e abrigo para os navegantes. 

A Conquista de Ceuta (1415), das Índias e costa da Africa deram grande impulso à expansão marítima portuguesa e consequentemente ao crescimento deste porto, então denominado Restelo. Entretanto, tal crescimento não foi acompanhado pelo desenvolvimento das infraestruturas necessárias, o que torna a população, já massacrada pelas dificuldades em alto mar, mais vulnerável às doenças. 

Para atender a estas novas demandas o Infante Dom Henrique, em 1452, ordenou a construção da Ermida de Santa Maria de Belém e ainda serviços de canalização de água, casas para habitação do presbitério e terrenos para produção agrícola. Nessa igreja, os grandes navegadores como Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e outros, faziam vigílias antes de partirem para as suas grandes viagens marítimas.

Em 1496, antes da descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, D. Manuel I fez um pedido à Santa Sé para que lhe fosse concedida autorização para se erigir um grande mosteiro no lugar da velha ermida da Ordem de Cristo à entrada de Lisboa, junto às margens do Tejo. Os trabalhos de construção tiveram início a 6 de Janeiro de 1501 ou 1502 (desconhece-se o ano exato), depois de terminada a viagem de Vasco da Gama, e puderam ser custeados pelo rei com verbas provenientes do comércio com o Oriente. 

Em 1518 D. Manuel decidiu, em testamento, transformá-lo no seu próprio panteão, amplificando "o caráter excecional da monarquia e da linhagem que com ele nascera, como ramo da dinastia de Avis. Mas quis distingui-la através de uma obra sumptuosa, que estivesse de acordo com os princípios da propaganda régia e da glorificação de um reino, que se confundia com a sua pessoa".

O edifício foi construído em calcário (lioz) extraído de pedreiras não muito distantes do local de implantação. A grandiosidade do empreendimento e a riqueza da execução prolongaram as obras por uma centena de anos, em sucessivas empreitadas de construção que tiveram como mestres responsáveis Diogo de Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva e, por último, Jerónimo de Ruão. Apontado como o ponto culminante da arquitetura manuelina, o Mosteiro dos Jerónimos integra elementos arquitetónicos do gótico final e do renascimento, associando-lhes uma simbologia régia, cristológica e naturalista, que a torna única.

Para ocupar o mosteiro foram escolhidos os monges da Ordem de São Jerónimo (daí a designação Mosteiro dos Jerónimos), comunidade religiosa que habitou nestes espaços até à extinção das ordens religiosas ocorrida no século XIX (1834).