Colunistas / Política
Tasso Franco

NORDESTE, AS BELAS PRAIAS, DENDÊ NO SANGUE E A POBREZA

O Nordeste é um mundo a parte no Brasil
02/11/2022 às 09:38
   1. Hoje, com o patrulhamento reinante no Brasil, não se pode falar nada do Nordeste e dos nordestinos que vira xenofobia. Mas, a realidade é que a região Nordeste sempre serviu aos sulistas, às pessoas do centro-oeste e aos estrangeiros como local ideal para curtir a zona litorânea, jamais o sertão, porque é muito mais barata do que o litoral de Santa Catarina, do Rio de Janeiro e de São Paulo, só para citar três, e também as praias da Itália, da Espanha, de Portugal e da França. Isso é público e notório.

  2. Além do que, o turismo sexual é amplamente praticado e os estrageiros - em especial - o praticam à mancheia, sem sobresaltos, a preços módicos. Os casos de denúncias sobre esse fato são também públicos e notórios e resortes de toda natureza se espalham pela costa do Nordeste. 

  3. Então, quando se diz que o Nordeste é uma terra abençoada e que vive sendo explorada há séculos, desde a colonização portuguesa, é real. Ficaram famosos os coronéis do NE e a política coronelistica da República Velha e que teve continuidade com Getúlio Vargas e vigora até hojem com nova dinânima e atores bem parecidos com os coronéis do passado. Salvo raras exceções de governos que investiram em educação e empreendedorismo, e talvez o Ceará seja um desses lugares, os índices de alnafabetismo continuam altos, as desigualdades sociais permanentes e parecidas como na época do Império.

  4. Evidente que não se pode condenar ou culpar o nordestino, o povo como se apregoa, se classifica, em viver nesta situação, porque depende uma política vigorosa de desenvolvimento da região o que nunca aconteceu. Veja, por exemplo, que na Bahia, durante a pandemia do coronavirus os alunos da rede pública - estadual e municipais - ficaram mais de 1 anos sem aulas. E isso não foi diferente em Sergipe, Paraiba, Pernambuco e demais estados salvo exceções.

  5. A computação - as redes on-line existem no mundo desde a década de 1980 e estamos em 2022 e os estados e municipios do Nordeste continuam fazem escolas com paredes de tijolos para abrigar salas com quadros negros e uso do giz. 

  6. A cultura do Nordeste é fantástica, mas sempre viveu a reboque de todos os projetos nacionais. Não conheço nenhum projeto nacional que abrace o forró, a capoeira, o xaxado, o cordel, o visual, o cinema, as coisas fantásticas do Nordeste. Nós vivemos, de fato, como se fossemos de outro mundo: exóticos, admiráveis, resistentes, bravos e toda uma adjetivação que se criou para nos tornarmos os heróis nacionais.

  7. Já escrevia reiteradas vezes sobre o Carnaval de Salvador e o que classificou de "Dendê no Sangue" - artistas e produtores musiciais que só aparecem na capital baiana durante o Carnaval, sugam o que podem, ganham rios de dinheiro e na quarta de cinzas vão embora. Que eu saiba nenhum deles tem investimentos produtivos na Bahia, nem os baianos de origem que moram em SP, Rio e EUA. Agora, são craques em amar Salvador, dizer que adoram candomblé e coisas do gênero.

  8. Menosprezar ou criticar o povo nordestino por esse atraso é cruel e inadmissível. Agora, sentar à pua nas elites, sim, quer sejam da esquerda, da direita ou do centro, pois, se revezam no poder com os mesmos métodos da época colonial com avanços tímidos e não tem como mudar esse quadro sem forte investimento e vontade política. Só para se ter uma ideia, sem alarmismo, Salvador, a mais populosa capital do NE tem 3 milhões de habitantes com 1.9 milhão na linha da pobreza. (TF)