Colunistas / Política
Tasso Franco

PT não se renova em Conquista e perde eleição após 20 anos

O PT de Conquista envelheceu e ficou só na dobradinha Menezes/Zé: Zé/Menezes
03/11/2016 às 11:10
1. CAIU neste domingo o mais importante bastião do PT na Bahia, o município de Vitória da Coquista, o mais expressivo da região Sudoeste do Estado, com a vitória de Herzém Gusmão (PMDB) sobre o petista José Raimundo. Vitória maiúscula com uma diferença grande de votos e de acordo com o cenário esboçado no 1º turno e as pesquisas sérias realizadas no 2º turno. A anunciada virada do PT com passeata e faixas era uma fraude.

   2. Conquista vinha sendo governada pelo PT desde 1996 quando o médico Guilherme Menezes quebrou a hegemonia do 'pedralismo' (de Pedral Sampaio) que dava as cartas no municípios desde os anos 1960/1980, com significativo reforço político a partir de 1986, quando Waldir Pires assumiu o governo da Bahia e Pedral era a eminência parda.

   3. Waldir, no entanto, abandonou o governo, em 1988, passando-o para Nilo Coelho e Pedral se dessestruturou. Com o avanço do PT a partir das candidaturas de Lula presidente e as administrações pedralistas em descenso com Murilo Mármore e Hélio Ribeiro, Menezes elegeu-se prefeito.

   4. Foi uma grande novidade. O PT chegava ao poder municipal 10 anos antes de alcançar o estadual e iria governar a cidade mais importante da Bahia depois de Feira de Santana e Salvador. E fez por merecer e avaçou com a primeira boa gestão de Menezes, o qual elegeu-se deputado federal, e o PT manteve o poder no munizípio com Zé Raimundo. 

   5. Ao longo dos anos, o PT, no entanto, não renovou seus quadros e ficou nessa dança com os mandatos de Zé Raimundo até 2008 depois passando o bastão para Guilherme Menezes, mais 8 anos. Era um samba de duas notas alternadas: GM/ZR; ZR/GM.

   6. Guilherme ficou entre 2009/2016 e lá veio Zé Raimundo, de novo, como candidato. A população cansou desse cumpadrismo, ainda que Zé Raimundo, em 2016, não fossse o preferido de Guilherme, o qual até tentou emplacar nas prévias petistas um secretário municipal e não deu certo. Valdenor Pereira, deputado federal pelo PT e aliado de Zé Raimundo, ex-líder de Wagner na Assembleia, com a força partidária impôs Zé. Guilherme torceu o nariz, mas, aceitou.

   7. A máquina partidária petista ao impor Zé Raimundo e Guilherme teve que ceder, apostou na máxima deste partido dando conta de que, briga-se na base, mas, quando se resolve essa questão, a unidade é consesual. O PT, ademais, já não contava com seu parceiro aliado de longos anos, o PCdoB, partido que lançou o deputado Jean Fabício no primeiro turno.

   8. O PCdoB juntou-se de novo ao PT, no segundo turno, mas a população já estava ressabiada, tanto que não deu a Fabrício a votação que ele esperava, no primeiro turno.

   9. O PMDB, de longa tradição política no município, vinha tentanto emplacar Herzem Gusmão há anos, este que perdeu para Guilherme em 2012. Gusmão não é também o novo, mas, aos olhos da população no enfrentamento a dupla Zé Raimundo/Guilherme Menezes assim se apresentou, pelo menos, em termos de mudança e desta feita obteve êxito.

   10. Herzem poderia até ter vencido o pleito no primeito turno se tivesse feito uma aliança com o PSDB. Mas, Gusmão é turrão e optou pelo PTB. O PSDB veio no 2º turno com Arlindo Rebouças que teve uma expressiva votação no 1º turno.

   11. Não se pode dizer que, em Conquista, a vitória foi do PMDD como partido, pura e simples, e sim uma vitória de Herzem que vem lutando por isso há muitos anos e teve apoio de ACM Neto e foi beneficado com a ascensão de Michel Temer ao poder. E nem se pode dizer que foi uma derrota de Rui Costa, governador do PT, mas, sim, uma derrota do PT como partido que não renovou seus quadros e ficou sem opções. Deu fadiga de materias e a população cansou.

   12. Rui pega a sobra porque é o governador, natural que assim seja, mas deve-se por no bojo dessa questão o cenário nacional criado pelo PT, essa roubalheira desenfreada que vem sendo apurada desde o 'mensalão', há dez anos; e depois com o 'petrolão'. Isso tem sido fatal para o PT, ainda mais quando Dilma foi apeada do poder. Hoje, Lula, sequer teve ânimo para votar. Dilma, pior. 

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