Colunistas / Política
Tasso Franco

CLASSE MÉDIA DE SALVADOR FOI ABANDONADA PELOS CANDIDATOS

Veja que curioso
10/09/2012 às 19:54
: BJÁ
Classe média só pode comer camarão dividindo prato para três. Preços saem fumaça.
   1. Salvador tem 2.750.000 habitantes segundos dados do IBGE. Desse total, estima-se que a classe média, agora com três segmentos mais definidos (baixa ascendente, média-média e alta), além de pequena parcela de "ricos" passe de 1.200.000 de pessoas. Esse enorme contingente eleitoral, no entanto, continua sendo menosprezado pelos candidatos a prefeito e a maioria dos vereadores, como se esse grupo não tivesse aspirações, desejos e assim por diante.
 
   2. Os candidatos, regra geral, só têm propostas para o povo. Só falam no povo, em defesa do povo, dos menos favorecidos. Essa é a ladainha. A classe média édesprezada. Vive nos Parques Júluis César da Vida e nos conjuntos habitacionais da Vila Laura, Cabula e Paralela e, na visão dos candidatos estariam com suas aspirações resolvidas. Ledo engano. O pessoal que residente nas Cajazeiras que o diga.

   3. Agora o povo, esse povo de que tanto falam, o povão de Salvador, mora nas invasões também chamadas de área de ocupação subnormais, desordenadas, uma grande parcela sem infra-estrutura de saneamento básico, estimando-se algo em torno de 400 localidades nesse segmento, sendo que o maior contingente fica no subúrbio ferroviário, ainda que, alguns bairros do subúrbio já dispõem de infra (asfalto, luz, saneamento, escolas, postos de saúde, etc) e estão habitados pela classe média baixa ascendente. Deixaram as classes C/D e têm novos desejos.

   4. Há, de mais grave, os guetos no modelo Saramandaia, Bairro da Paz, Roça da Sabina, Planeta dos Macacos, Nova Constituinte, Calabar, Gamboa de Baixo, Pilar, baixadas do Miolo, Lagoa da Paixão, Baixa Fria, as baixadas da Estrada Velha do Aeroporto, baixadas do Pau Miuddo, Pau da Lima e Liberdade, etc, onde mora a população mais pobre. Essa, de fato, é a população que mais precisa das estruturas governamentais. Sem os guarda-chuvas da saúde pública, educação, bolsas e auxilios de toda natureza não sobreviveria.

   5. Mas, o que causa espécie é a falta de propostas para as 1.200.000 pessoas da classe média. Essa turma tem carro (são 700.000 na capital), cartões de crédito, bens duráveis e casa própria (uma boa parcela) e inúmeros carnês a pagar. Um dos seus principais desejos é a redução de impostos e taxas que pesam em seus ombros. Veja que nenhum candidato promete reduzir as taxas do IPTU, melhorar o asfalto "sonrisal", fiscalizar as escolas privadas, preservar os estacionamentos, criar projetos de lazer e cultura. Nada.

   6. Fica parecendo que a classe média só serve para pagar impostos e votar. É explorada desde que sai de casa. Se vai a um médico com hora marcada o doutor nunca atende no horário e tem que pagar o estacinamento do carro dobrado; se vai ao banco se assusta com as taxas cobradas; se vai ao caixa eletrônico é assaltado; se vai a um restaurante também é assaltado nos preços; se vai ao colégio tem que pagar taxas durante 12 meses; se compra uma geladeira e vem com defeito a loja não troca.

   7. A classe média vive enclausurada e sua capacidade de endividamente, salvo exceções, chegou ao limite. O atual prefeito João Henrique foi eleito no primeiro pleito, de 2004, em parte, graças a classe média e sua jornada "anti-chupa cabra" e outras em defesa dos consumidores. JH já andava com um monte de papéis embaixo do braço para impetrar liminares. No segundo pleito, da mesma forma: a obra da Av Centenário lhe serviu como vitrine. Foi a TV chorominou, se redimiu dos pecados, e pimba, foi reeleito.

   8. Agora, ninguém quer saber da classe média. Que me recordo, o único candidato que prometeu "mais empregos; menos impostos" foi Pedro Irujo, no início dos anos 1990. Tenho uma amiga, classe média do Chame-Chame, que usa "chupeta" para ligar seu Uno todos os dias porque não tem dinheiro para comprar uma bateria nova que vale R$320,00.

   9. Outro amigo, coisa recente, foi comprou um gol novo na Sanave e a vendedora mandou ele assinar um documento para alinhar a direção do carro com 3.500km, antes da revisão dos 10.000, a gratuita, porque a cidade está repleta de buracos e a conessionária não cobre esse problema.

   10. É isso! Para os candidatos a classe média que morra à mingua e se entupa de cartões e fique jogando na mega-sena para sair do buraco.