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Tasso Franco

OS R$20 BI PARA OS ESTADOS E A DÍVIDA BAIANA

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16/06/2012 às 20:01
1. O Brasil está quase parado. Cresceu 0.22% em abril na comparação com março e o Índice de Atividade Econômica não surpreendeu. Era o esperado. Ainda assim, houve um leve aquecimento da economia neste mês, mas não contribuiu para melhorar as expectativas em relação ao futuro da economia. Ao contrário: alguns economistas já admitem que o crescimento em 2012 pode ficar abaixo de 2%.

  2. Um dado preocupando a mais é o agravamento da crise européia, apesar da vitória da seleção da Grécia sobre a Rússia. A dívida da Espanha bateu a casa R$744 bilhões de Euros e a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, já disse que seu país está se exaurindo em ajudas e quer mais controles, na linha David Krugman. A presidente Dilma está preocupada com essa situação e embarca para o México com a dupla missão de fechar o texto da Rio+20 e comentar com Angela e outros líderes do G20 que o controle é importante, mas, o desenvolvimento também.

  3. Nessa linha, a presidente Dilma anunciou um conjunto de medidas para estimular os investimentos nos estados e turbinar o crescimento do país. O carro-chefe desse esforço é uma linha de crédito de R$20 bilhões do BNDES oferecida aos estados com juros subsidiados de até 8.1% ao ano, prazo de 20 anos, um ano de carência e fácil acesso. Evidente que todos os governadores vão querer e Wagner está na linha rousseffiniana de apostar no + consumo e + investimentos.

  4. A Bahia está indo. Nem quase parada como o Brasil, nem avançando como se esperava. Seu PIB no primeiro trimestre, em termos percentuais, foi superior o nacional. Mas, a economia baiana não é o motor nacional, concentrado mais em SP, RJ, MG, RS e PR. A obra da FIOL - Ferrovia Oeste/Leste - pára, anda; anda, pára. Agora mesmo o tramo do lote em Brumado parou de vez e desempregou 600 operários da construção pesada. A deputada Ivana Braga vê seus cabelos brancos aumentarem.

  5. As obras para a Copa do Mundo em Salvador estão em ritmo de cágado, a exceção da Arena Fonte Nova. O metrô linha 2 (Paralela) sequer começou e já estamos praticamente no segundo semestre do ano. As obras complementares do entorno da Fonte Nova sequer ainda foi aprovado o PDDU da Copa. O prefeito JH foi passear em Orlando, EUA. E os tais dos 14 novos hotéis citados no relatório da FIFA ninguém sabe onde estão sendo construidos, salvo dois ou três.

  6. O Parque Tecnológico estava para ser inaugurado desde novembro do ano passado. O secretário Paulo Câmera diz que não dá mais prazo. Chega. Esses são apenas alguns exemplos, sem citar casos futuros e que poderão ser concretizados como a ponte Itaparica/Salvador, o Porto Sul, Jack Motors e o Pólo Acrícilo. Então, dinheiro novo do BNDES e barato será bem vindo.

  7. Wagner tem Sérgio Gabrielli na Seplan e esse camarada sabe organizar projetos. Então, que vá logo se habilitar para conseguir parte desse capitlé. Parece muito (R$20 bilhões), mas não é porque são 27 estados.

  8. O problema mais grave da Bahia é sua dívida pública consolidada R$10.4 bilhões em 30/4/2012. O governador e os secretários da Fazenda, o ex-Carlos Martins e o atual Roberto Petitinga, já se queixaram que é uma sangraia e precisa ser repactuada. Só em 2014, primeiro quadrimestre, o estado deduziu R$2.7 bi, o dinheiro sequer entra no cofre estadual, já fica retido em Brasília. Os juros são elevadissimos (algo em torno de 18%) e fica impagável.

  9. Ou seja, parece aquelas dividas do antigo BNH: paga-se, paga-se, paga-se e continua-se devendo, devendo, devendo. A dívida consolidada líquida interna (governo federal) era R$7bi e 980 milhões em dez de 2011; e hoje R$7bi 798 milhões. A dívida externa é de R$2.071 bi.

  10. Wagner e outros governadores lutam para renegociar a dívida, mas, Mantega faz ouvido de mercador. Se essa renegociação fosse feita com juros menores e prazos maiores estima-se que sobrariam, no mínimo, algo em torno de R$3 bi ou R$4 bi/ano de recursos próprios para investimentos. Se isso acontecer é uma grande ajuda ao estado.