Colunistas / Política
Tasso Franco

CAMAROTIZAÇÃO DO CARNAVAL VIRA TEMA DE CAMPANHA 2012

Candidatos a prefeito de Salvador vão ter que se posicionar
14/01/2012 às 20:01
1. O Movimento Desocupa a Praça de Ondina que está sendo usada por uma empresa para instalar um camarote carnavalesco, nos últimos anos e pelo que me recordo, foi o único até agora que foi à rua para protestar contra a camarotização do Carnaval de Salvador, tema sempre muito comentado após cada reinado de Momo, mas, que vira letra morta após cinzas e nada acontece. Pelo contrário, já são mais de 70 camarotes empresariais no evento.

  2. E, a cada ano, essa tendência tem crescido desde que Daniela Mercury, a mentora inicial desse processo no circuito Dodô (Barra/Ondina), instalou seu camarote vip próximo ao Barravento. O caso do Camarote Salvador tem outra configuração porque se instalou numa área pública, mas, ainda assim, tem respaldo jurídico porque há um contrato (diz-se de 5 anos) com a Prefeitura.

  3. Ou seja, a empresa usaria a Praça desde que fizesse a sua reforma. É verdade que a empresa cumpriu com o acerto, a obra demorou bastante, e, quando menos se esperou foi a praça tapumada porque já estamos próximos do Carnaval e para se montar uma estrutura dessa natureza exige tempo e investimentos. E, a Prefeitura/Sucom, de sua parte também honra o acerto garantindo o camarote para 2012.

  4. Certamente esse tema (Praça de Ondina) e a camarotização do Carnaval de Salvador deverão fazer parte da próxima campanha eleitoral. Os candidatos terão que se posicionar e quem for eleito deverá fazer uma revisão nesses procedimentos. Os camarotes, no plano carnavalesco e da cultura popular, em nada acrescentam ao Carnaval. São ótimos para os empresários e para as pessoas que desejam mais conforto e segurança na festa.

  5. Mas, em compensação, tem o lado empresarial: geram empregos e muitos, movimentam a indústria alimentícia e de bebidas, a indústria de montagem, introduzem inovações tecnológicas, atraem grandes empresas e patrocinadores, enfim, são uma fortíssima engrenagem difícil se ser eliminada porque, ruim com eles, pior sem eles.

  6. Há uma discussão interminável em relação ao direito de Arena que as entidades gostariam de receber, e o advogado Otto Pipolo está nessa luta faz é tempo, e também se esse modelo camarotizado não vai "matar" o Carnaval. Duvida-se, pois, toda festa se transforma, se modifica ao longo dos anos, e exige-se, apenas, cautela, alguns procedimentos regulatórios e assim por diante.

  7. João Jorge, presidente do Olodum, teme pelo que considera a morte da "galinha dos ovos de ouro". Ou seja, as transformações no Carnaval de Salvador estão acontecendo de forma muito atropelada, sem um comando, sem uma orientação. Veja que o Carnaval do Rio, aquele das Escolas de Samba, tem um modelo que segue há decênios sem grandes mudanças no seu contexto.

  8. Então, com a população mobilizada pelas redes sociais, há pelo menos um novo sinal no horizonte.