Colunistas / Política
Tasso Franco

NEGRITUDE PRECISA PARTICIPAR DOS RITOS POLÍTICOS PARA CHEGAR AO PODER

Sem isso não vai a lugar algum
25/12/2011 às 20:00
 1. Estamos sempre lendo artigos de Newton Sobral, Jorge Portugal, João Jorge e outros defendendo a candidatura de um negro a prefeito de Salvador e a governador da Bahia. Conceitualmente, sugere-se a necessidade de se colocar no poder alguém que etnicamente esteja mais vinculado com a maioria da população baiana, especialmente, Salvador, cidade que tem 14% de negros e mais 70% de mestiços com matrilínea mais forte afro, o que representa um continguente de 84% de afros-mestiços-baianos.

  2. Em tese, essa proposição tem sentido. A política, no entanto, tal como a religião, tem alguns ritos que precisam ser seguidos e cultuados ao longo do tempo para que esse desejo se transforme numa realidade paupável. Não adianta só querer ou manifestar-se nesse sentido. É preciso, para usar uma expressão muito batida na politica, "construir" uma candidatura, organizar as bases para que isso seja possível de forma competitiva.

  3. Hoje, a rigor, não há uma liderança afro-mestiça baiana com essas condições. Salvo melhor juizo quem mais se aproxima desse pleito são o deputado federal Luiz Alberto (PT), o vice-prefeito Edivaldo Brito (PTB) e a vereadora por Salvador, Olivia Santana (PCdoB), no caso de Salvador; e, em relação a Bahia, não há nomes nessa acepção da vocação política a ser citado.

  4. Em Salvador, Edivaldo é pré-candidato a prefeito pelo PTB, porém, suas condições de competitividade são mínimas possíveis porque seu partido não agrega e o candidato não tem mais do que 3%/4% de preferência do eleitorado. Luiz Alberto não vinga no PT porque existe uma obsessão em eleger Nelson Pelegrino (tentará pela quarta vez) e toda vez que o negão bota a cabeça de fora o petismo corta.

  5. Poderia ser a vereadora Olivia Santana (PCdoB), diria, mais comletitiva do que a deputada federal Alice Portugal, mas, seria um risco colocá-la nesse fogo agora, em 2012, quando poderia ficar sem o mel e a cabaça. Então, melhor preservar Olivia para outra oportunidade mantendo seu mandato renovado na Câmara da capital, enquanto Alice, ainda que perca terá a garantia de continuar na Câmara Federal.

  6. Diria que esses são três nomes e mais o deputado pelo PRB, Márcio Marinho, que organizam trabalhos politicos permanentes, os quais estão inseridos nos ritos da politica. Não adianta ficar falando em Zulu, João Jorge, Luislinda Valois e outros menos citados se estes não trabalham o viés da politica. Cair de pára-quedas na política é muito dificil. Um "out-sider"  tipo Benedita da Silva na politica baiana não existe.

  7. Agora mesmo, o deputado Bira Corôa, que é mestiço com matrilínea afro, tentou candidatar-se a prefeito de Camaçari, o terceiro mais importante município do estado, ele que trabalha os dois lados (os ritos políticos e a etnia) teve seu nome rifado pela força hegemônica do PT, do prefeito Luiz Caetano. O mesmo está acontecendo com o deputado Jean Fabrício (PCdoB), de Conquista, que não consegue apoios para deslanchar sua candidatura.

  8. Vê-se, pois, que a luta é grande e tem que haver o enquadramento na politica, o momento certo de se encaixar no contexto e assim por diante. Sustento que, em Salvador, quem se apresenta em melhores condições a médio-prazo é a vereadora Olivia Santana. Se souber fazer a hora, chegar a Assembleia em 2014, melhorar sua assessoria, pode pelitear a condição de candidata com maior competitividade em 2016/2020.