Colunistas / Política
Tasso Franco

PRIMEIROS MOVIMENTOS DA SUCESSÃO EM BRUMADO

Decisão do prefeito Vasconcelos será vital para sua sobrevivência política
02/10/2011 às 19:01
Foto: Brumado Noticias
Edmundo Pereira leva consigo parte do PMDB e terá chacela de Wagner/Dilma
  A filiação do ex-vice-governador Edmundo Pereira e de sua mulher, a ex-deputada estadual Marizete, ao PT, politicos historicamente ligados ao PMDB, dá uma nova dinâmica aos primeiros movimentos da sucessão municipal em Brumado.
  Vista com simpatia pelo governador Wagner, de quem foi vice em seu primeiro mandato e só não se manteve nessa condição, no segundo mandato, por ter sido fiel a Geddel e ao PMDB, agora, sem essas amarras, Edmundo é o nome que pode fazer a diferença para o PT na eleição brumadense.



  Até então, o PT nunca teve forte dimensão eleitoral neste município do 
Sudoeste do Estado governado pelo PSDB "infiel" do prefeito Eduardo Vasconcelos, o qual apoiou Wagner na última eleição, e não tem a menor credibilidade junto ao DEM, considerado "traidor" antigo e ao diretório estadual dos "tucanos".



  Recentemente, o PT havia filiado o ex-secretário de Administração e Finanças de Brumado, Luis Carlos Moura Matos, o Carlinhos, e apresentado como uma espécie de pré-candidato, mesmo contra à militância histórica deste partido, que fez cara feia.

  Agora, com a chegada de Edmundo, ainda que com cara feia de alguns petistas históricos locais, a situação pode se modificar. O PT estadual é aliancista e a presença de Edmundo no partido vem por instância superior.



  Em Brumado, as forças políticas nesses primeiros movimentos da sucessão estão concentradas em torno de duas alianças com maior poder de fogo. Admitindo-se, ainda, uma terceira via.



  Essas duas alianças, ao que tudo indica, vão girar em torno de um possível apoio do prefeito Vasconcelos e seu grupo ao deputado estadual João Bonfim (PDT), o qual já conta com o apoio de vereadores e lideranças de outros partidos; e do outro lado, o PT com Edmundo, parte do PMDB e alianças com os tradicionais aliados da base governista e até do médico Maurício Abreu, recém filiado ao PP, cuja esposa Ilka Abreu é vice de Vasconcelos e opositora ao prefeito.



  Maurício, embora lançado também pré-candidato pelo PP, sabe que não tem fôlego para uma disputa de forma isolada. Como não tem o apoio do prefeito e seu nome tem densidade menor do que a de Edmundo, a tendência é agregar ao PT.



  O deputado João Bonfim, em conversa com BJÁ, disse que não é candidato de si mesmo e acha que ainda é cedo para aprofundar as discussões em torno desse tema. Mas, político é assim mesmo: desconversa e trabalha muito nos bastidores.



  Uma fonte da direção estadual do PDT me disse o seguinte: "A candidatura de Bonfim não tem mais volta e se o prefeito Vasconcelos insistir com o nome de seu chefe de gabinete, Márcio Moreira (PSB), Bonfim vira a terceira via".



  Em Brumado, o que se diz é que o prefeito Vasconcelos, que vinha desgastado em sua administração, mudou de postura a partir da nomeação de Moreira como chefe de gabinete e deu um novo impulso à sua gestão. Daí que, mesmo inconfiável aos olhos do DEM e do PSDB, os deputados ACM Neto e Antonio Imbassahy não querem vê-lo nem pintado de verde e amarelo, o prefeito tem força política, em tese integra a aliança comandada por Wagner, porém, perde espaço junto ao núcleo do poder em Ondina diante da ascensão de Edmundo ao PT.



  Wagner, já dito em público mais de uma vez, tem simpatia e admiração por Edmundo. Claro que não vai brigar com Vasconcelos e, ao que contrário do que se possa imaginar, o PT adoraria o apoio do prefeito.



  E se Vasconcelos insistir em apoiar Márcio Moreira?



  Forças adversárias acreditam que seria um desgaste muito forte para Vasconcelos, pois, já existiria até um dossiê a ser apresentado numa provável campanha, sobre a personalidade de Moreira. Diz-se, inclusive, que a folha tem muitos pontos que precisam de explicações e, isso, em política, como diria o saudoso Luiz Viana Filho, "tudo o que tem que se explicar demais é ruim".



  O prefeito, de sua parte, também não dá sinais de que vai apoiar Bonfim. Ganha tempo. Está no poder e não deseja que seu governo se esvazie antecipadamente. Pode deixar a decisão para 2012, embora, com a entrada de Edmundo no PT, tenha que apressar o passo.



  E o PMDB de Brumado que já foi fortíssimo e esteve no poder com Edmundo, o que acontecerá com este partido?



  O ex-ministro Geddel Vieira Lima me confidenciou que, se Vanderlito se mantiver no partido este é o nome. Acontece que, Vanderlito já migrou para o PCdoB.



  A questão é que, Vanderlito sozinho, perde densidade. Imaginava-se, pelo menos essa era a perspectiva partidária estadual, que Vanderlito, se continuasse no PMDB poderia articular uma aliança com o DEM de Aguilberto Lima Dias, proposta regional das forças da oposição no estado (PMDB/PSDB/DEM) como já acontece em Itabuna e Conquista, e poderá acontecer em Salvador, Feira e outros municípios.



  Com a decisão de Vanderlito em ingressar no PCdoB a oposição, praticamente, fica órfã.

  Isolado (ou com o que restar do PMDB), Aguilberto (DEM) marchar com uma candidatura a prefeito seria um suicídio. Poderia, no máximo, marcar uma posição de oposição para o futuro, uma vez que os pré-candidatos mais densos, os vinculados a aliança com PT e aqueles vinculados ao prefeito Vasconcelos, ou mesmo uma terceira via com João Bonfim e seu grupo, estes integram a base dos governos Wagner/Dilma.



  Até o recém fundado PSD de Otto Alencar está sob controle de Vasconcelos. Portanto, surpresas em Brumado não existem e a sucessão, obrigatoriamente, passa pelo prefeito. 

  Evidente que se Vasconcelos apoiar Marlúcio Abreu (PP) e/ou Márcio Moreira (PSB) cria um complicador para João Bonfim e nada impediria que o deputado do PDT se lance com as forças que tem; e/ou até apóie (em caso extremo) o PT de Edmundo.



  A engenharia política da sucessão em Brumado ainda está em curso, mas, vê-se que Edmundo abriu uma janela importante para retornar ao poder no município. Se o prefeito errar na condução do processo, adeus seu poder político no município