Colunistas / Política
Tasso Franco

2010: ANO QUE WAGNER CONSOLIDA SUA LIDERANÇA NA BAHIA

Paulo Souto praticamente encerra carreira política
30/12/2010 às 11:00
Foto: Manu Dias
Wagner inicia seu segundo governo com liderança consolidada na Bahia
  2010 é o ano que marca a consolidação da liderança do governador Jaques Wagner na Bahia.

  O resultado das urnas em 3 de outubro último (4.101.270 votos) revela que a população aprova o seu modo de administrar o estado e, mais do que isso, com a eleição dos dois senadores e da maioria das bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, deseja que sua trajetória seja feita sem sobressaltos.

  Uma hegemonia que só aconteceu na história política baiana, na época dos 16 anos de poder absoluto de ACM, e que, a partir de 2007 tem uma nova diretriz sob a liderança de Wagner. Momentos que se assemelham, em épocas distintas apenas para efeito de lembranças históricas, às lideranças de JJ Seabra, Octávio Mangabeira, Juracy Magalhães e Luis Viana Filho.

  2010 registra também um provável fim da trajetória política de Paulo Souto, ex-governador do Estado por duas vezes, alçado à vida política por ACM ao ser selecionado de um dos quadro técnicos do governo. Souto nunca experimentara a ascensão paulatina no embate da política a partir da base, no associativiamio, no sindicalismo ou no parlamento e, por isso mesmo, sua trajetória se deu a partir da cúpula, como vice-governador e depois governador.
 
  Com a derrota que sofreu para Wagner, em 2006, em plena função de governador e bem avaliado administrativamente, o modelo político que defendia se exauriu naquele momento. Admite-se, hoje, que, teria faltado essa parcepção aos políticos e ao marketing de Souto.

  A partir daí, com Wagner no poder entre 2007/2010, apoiado pelo popularíssimo presidente Lula e com traço político sintonizado com o povo, o governador, mesmo com desgastes que sofrera diante da ineficiência no combate à violência e de outros segmentos do seu governo, quase atropelado pela crise financeira mundial de 2009, ainda assim, Souto não conseguiu sensibilizar o eleitorado para efetivar o seu retorno e o que se assistiu foi uma derrota flagorosa, dessas de deixar o camarada em nocaute (apenas 1.033.600 votos).

  Não há sinais de que possa, daqui pra frente, com Wagner pilotando uma segunda gestão e com apoio do governo federal, à frente Dilma Rousseff embalando o projeto Lula, que Souto possa ainda soerguer-se. Não diria que acabou politicamente porque essa é uma frase que não existe entre os políticos.
 
  Há sempre um fio de esperança, algo que brota das cinzas e ressurge como a Fênix. É só olhar o que aconteceu com João Durval, até pouco tempo fora de cena, hoje, senador da República.

  Mas, a situação de Souto é crítica. Dele, do DEM e de segmentos que ainda abraçam o modelo que se institucionalizou como o "carlismo", com viés autoritário e mandonista.

  A perspectiva é de que mudanças significativas vão acontecer no xadrez da política nacional, tudo levando a crer que o DEM, antigo PFL, herdeiro da ARENA e do militarismo de 1964/1984 vai se extinguir,

  Wagner inicia seu segundo mandato com maioria folgada na Assembleia Legislativa.
Dos 63 deputados estaduais que tomarão posse em fevereiro próximo somente 16 estão relacionados na oposição, ainda assim, sem contar prováveis fisiologistas nesse pequeno segmento. 

  Desses 16, na seleção dos experientes e que poderão exercitar o dever da oposição apenas 4 deverão ter papel mais destacado. No Senado, os três senadores estão alinhados com Wagner. E, na bancada de 39 deputados federais estima-se que, apenas 3 deles farão oposição a Wagner. Trata-se, portanto, de uma situação bastante confortável para governar.

  O líder do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima, obteve na última eleição como candidato a governador 1.000.038 votos e, embora esteja ligado no plano nacional ao governo Dilma Rousseff, amigo tabém pessoal que é do vice-presidente Michel Temer, certamente será a voz de oposição ao governo Wagner, pois, Geddel pretende candidatar-se novamente a governador, em 2014, e essa foi a alternativa que lhe colocou o eleitorado. Como se processará essa oposição só o tempo dirá.

  Uma coisa parece consesual: Geddel tem que mudar o enfoque de sua mensagem. Seu discurso do 'novo e daquele que poderia fazer a diferença no dinamismo da gestão ao lado de Lula/Dilma' ficou órfão no momento em que Lula/Dilma lhe deixaram na beira da estrada.

  E Geddel não vai se iludir de novo achando que Dilma presidente poderá reconsiderar sua posição, ainda mais agora com Wagner governador pela segunda vez sendo seu padrinho político na Bahia onde obteve mais de 4 milhões de votos.

  Outro personagem que sonha em ser governador é o prefeito João Henrique (PMDB) em seu segundo mandato e com avaliação administrativa abaixo da média, tentando socorrer-se aqui e acolá diante da séria crise financeira que enfrenta.

  É pvoável que Wagner não lhe dê a mão, salvo em projetos pontuais e de relevância popular, casos do réveillon e do carnaval, ainda assim destacando a marca do governo do Estado, porque antes das eleições de 2014 existem as eleições de 2012 e o PT sonha com a conquista da Prefeitura de Salvador há muitos anos.

  Como João passou a ser um político com matriz inconfiável, mas, ainda assim, popular e bom de campanha, sempre surpreendente no plano eleitoral (é só vê o que aconteceu na eleição de 2008 saindo da maior rejeição para a vitória), o prefeito tem essa missão do convencimento e de arrumar sua gestão se quiser chegar ao Palácio de Ondina.

  No meu entendimento, a maior disputa se dará no âmbito do PT. E, num palpite a longo prazo sem observar as correntes das marés no decorrer dos próximos anos, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, tem boa chances porque apadrinhado de Lula, este, o provável nome a suceder Dilma. Mas, no PT, esses discussões são intermináveis. Embora, hoje, no alto de sua popularidade, Lula põe quem quer. Assim aconteceu com Dilma e poderá acontecer com Gabrielli.

   Evidente que a política não é assim tão linear, meridiana, uma trajetória uniforme. E tudo dependerá do decorrer do processo e dos anos sequências aos governos Dilma e Wagner.

  Hoje, uma coisa é certa: o governador Wagner consolidou sua liderança política na Bahia (o PP só socorre João Henrique se passar por Wagner) e começa seu segundo mandato a partir do próximo sábado, 1º, em condições muito mais favoráveis do que, em 2007. Se estiver bem na fita se torna uma personalidade política nacional. E o Planalto é logo ali.