Colunistas / Política
Tasso Franco

JOÃO ESTARIA PREPARANDO BACELAR PARA SUA SUCESSÃO

Depuado tem missão difícil na Educação
01/12/2010 às 07:01
 
Assembleia perde um dos seus melhores deputados e capital fica orfã
  Os comentários circulantes na Assembleia Legislativa sobre a ida do deputado João Carlos Bacelar (PTN) para ser titular da Secretaria de Educação do Município de Salvador apontam em várias direções. Consensualmente, no entanto, já que Bacelar topou assumir uma função de risco devido o pouco tempo que falta para conclusão do mandato do prefeito João Henrique (PMDB), é de que o deputado poderá ser candidato a prefeito em 2012 com o apoio do prefeito; e/ou participar de uma chapa de composição na vice de Nelson Pelegrino, PT, candidato prioritário desta legenda.

  As duas premissas têm sentido. Há informes de que o prefeito, ao articular a ascensão de Bacelar ao 1º escalaão da Prefeitura, o fez com beneplácito do governador Wagner. Ou seja, o chefe do Executivo estadual foi informado da jogada política do prefeito com a participação do vereador Alfredo Mangueira (PMDB), pois também envolve o fortalecimento da candidatura Pedro Godinho à presidência da Câmara de Vereadores e considerou o ajuste palatável. João então bateu o martelo.

  Na Assembleia, diz-se que, há algum tempo, o deputado Bacelar vem pensando em alinhar-se com o governo petista e na última eleição fez dobradinha com Rui Costa (PT), articulador político de Wagner e deputado federal eleito, em alguns sitios. E que sua ligação antiga com o deputado ACM Neto (DEM) já não é tão sólida politicamente como antes, sobretudo depois que Neto teria optado preferencialmente por Bruno Reis como candidato a deputado estadual.

  O PTN, que em determinado momento tinha o espectro de Neto, hoje, usando uma expressão mais simples de entendimento, é controlado por Bacelar, o qual fez crescer na última eleição elegendo três deputados. Mérito, diga-se, da organização partidária e do esforço de Bacelar, além da escolha de nomes adequados, como os eleitos Carlos Geilson e Gilberto Santana, também interlocutores de Otto Alencar, o vice de Wagner.

  Com Bacelar na Secretaria de Educação, o prefeito João Henrique, teria, em tese, essas duas opções para 2012: a primeira e preferencial, participar de uma chapa Pelegrino/Bacelar e sair vitorioso na sua sucessão, o que seria de imensa satisfação por que anularia quaisquer CEIs na Câmara de Vereadores e outras investigações pós governo; e numa segunda hipótese, em esta não dando certo, sair com Bacelar candidato a prefeito e analisar a questão num provável segundo turno.

  O prefeito, a rigor, por sua movimentação politica de aproximação com o governador trabalha no sentido de ser vitorioso, em 2012. Isso necessariamente não significa eleger o novo prefeito, diretamente, mas, participar dessa eleição. Estaria de ótimo tamanho para o prefeito que atravessa sufoco financeiro e de gestão na Prefeitura.

  Isso é bom para o PT e para Pelegrino/Wagner? Sem dúvida. Neutralizaria uma aliança com o DEM de ACM Neto e/ ou o PMDB de Geddel, e afastaria o fantasma de Edvaldo Brito (PTB). Além do que, João teria o PTN à disposição para sua trajetória política, em 2014.

  Dito assim, linearmente falando, estaria tudo resolvido. A política, no entanto, tem suas correntezas durante o decorrer do processo e ainda faltam dois anos para as eleições municipais. O PT, ademais, tem seus parceiros fiéis e submissos, o PSB e o PCdoB. Mas, o enredo posto agora em movimento tem essa direção.
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* Em tempo: Para que Luiz Sobral assuma a vaga de João Bacelar na Assembleia Legislatica ele terá que renunciar a função de vereador da capital. Diante da instabilidade política do prefeito João Henrique (PMDB) isso representa um risco. Mas, ao que se fala do acordo, Luiz (Luizinho) Sobral topou, pois também está mais de olho da disputa pela Prefeitura de Irecê, em 2012, do que na ALBA.

* Para o lugar de Sobral na Câmara assume o filho do ex-vereador Super Geraldo.

* Outro detalhe: O vereador Palhinha não vai renunciar um mandato para assumir dois meses na Assembleia. Então, nessa fase de transição (dezembro e janeiro) entra como deputado no lugar de João Carlos Bacelar o ex-prefeito de Santo Antonio de Jesus, Humberto Leite, o qual integrou a coligação "Liberta Bahia", em 2006.