Colunistas / Política
Tasso Franco

AS TRÊS MULHERES NO COMANDO DA NAÇÃO BRASIL

A importância da Princesa Isabel e a luta contra escravidão
20/11/2010 às 10:00
Foto: DIV
Imperatriz Leopoldina foi a 1ª e morreu aos 30 anos abandonada por D.Pedro I
Ninguém vai tirar de Dilma Rousseff a condição de ser a primeira mulher presidente do Brasil. Isso é fato incontestável.

Agora, analisando a história do país como um todo, a pioneira mulher no comando da Nação foi a princesa Maria Leolpodina Josefa Carolina de Habsburgo-Lorena que respondeu oficialmente pela direção do Reino Unido, nomeada Chefe do Conselho de Estado, quando o então príncipe regente Dom Pedro I viajou para São Paulo, em agosto de 1822, véspera da independência.

A Princesa Leolpodina - hoje, bastante popular no Rio de Janeiro com nome de Escola de Samba e outros adereços - foi humilhada e desprezada por Dom Pedro I, posteriormente, embora tivesse papel relevante na independência do Brasil, sobretudo porque convenceu José Bonifácio em aceitar ser ministro, em janeiro de 1821.

Feia e reconchuta, Dom Pedro I, trocou-a pela marquesa de Santos, e morreu aos 30 anos, em 1826.

Depois de Leopoldina coube a sua neta Isabel Cristina Leolpodina de Orleans e Bragança tornar-se chefe de Estado, regente do Império em 3 ocasiões entre 1871 e 1888, durante viagens de Dom Pedro II ao exterior.

Liberal, Isabel uniu-se aos partidários da abolição da escravidão. Apoiou jovens políticos e artistas, embora muitos desse "abolicionistas" estivessem aliados ao incipiente movimento republicano. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo.

Conforme o artigo 46, capítulo 3, título IV, da constituição brasileira de 1824, os Principes da Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem á idade de vinte e cinco annos. Dessa forma, em 1871, D. Isabel Leopoldina tornou-se a primeira senadora do Brasil.

Há que se notar que foi a única a desfrutar desse dispositivo constitucional, haja vista que todos os príncipes do Brasil que a antecederam ou morreram antes dos vinte e cinco anos, ou se casaram com estrangeiros e partiram do país, à exceção de seu pai, que assumiu o Trono aos quatorze anos de idade.

Em 30 de junho de 1887 assumiu a regência do império pela terceira vez, pois seu pai fora obrigado a afastar-se para tratamento de saúde na Europa. A abolição provocava grande oposição entre os fazendeiros escravocratas.

Os poderosos escravocratasdifundiam na opinião pública, através do Parlamento e da imprensa, a idéia de que a abolição da escravidão seria a bancarrota econômica do império, pois as prósperas fazendas de café e açúcar do Brasil de então eram todas elas, regadas com o suor do escravo.

Eram tensas as relações entre a Regente e o Gabinete ministerial conservador. A Princesa aliava-se ao movimento popular, enquanto o Barão de Cotegipe defendia a manutenção da escravidão. Aproveitando-se da oportunidade oferecida por um incidente de rua, Isabel demitiu o ministério e nomeou o conselheiro João Alfredo, demonstrando determinação política e convicção do que considerava o melhor para o País, pois o Brasil foi a última Nação do ocidente a abolir a escravidão.

Na Fala do Trono, de 1888, Isabel dissera com o coração jubiloso: "Confio em que não hesitarei de apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura..." O Conde D"Eu, marido de Isabel, ainda lhe advertiu: "Não assine, Isabel, pode ser o fim da Monarquia."

Mas a Princesa estava determinada e respondeu prontamente ao marido: "É agora, ou nunca!" Afinal, a escravidão, que tanto envergonhara a raça humana no Brasil, já durava, em 1888, três séculos, vitimando 12 milhões de negros africanos. Estava aberto o caminho para a liberdade dos escravos no império.

No dia 13 de maio de 1888 colocou o trono na linha de tido ao assinar a Lei Áurea, que aboliu a escravatura, mas tirou o último sustentáculo do seu governo: a aristocracia cafeeira do Vale do Paraíba. O barão de Cotegipe, ao cumprimentá-la, disse: "Libertou uma raça, mas perdeu o trono".

Já removida da regência, em agosto de 1888, com retorno de Dom Pedro II, a ex-regente deu apoio à indenização dos ex-escravos para que pudessem se estabelecer como agricultores.

É uma personagem que precisa ser melhor respeitada e estudada no Brasil. Hoje, os movimentos de conciência negra sequer falam na princesa Isabel e nas lutas abolucionistas do Brasil. Passaram a borracha por completa ignorância histórica.

Leolpodina e Isabel nunca estiveram na Bahia. Dilma veio como ministra e candidata a presidente. Espera-se que retorne.