Colunistas / Política
Tasso Franco

LULA FEZ A GRANDE DIFERENÇA NA CAMPANHA DE WAGNER

Viva a democracia
02/10/2010 às 20:17

 A população brasileira vai às urnas neste domingo na festa maior da democracia. Desde 1984, com a Nova República de Tancredo Neves que o país tem essa missão. Felizmente, este ano, o presidente Lula da Silva derrotou áulicos de plantão ao seu pé, inclusive alguns deputados federais baianos do PT que advogavam o golpe do terceiro mandato, hoje, alguns desses cara-pálidas arautos da dignidade, manteve o calendário que prevê a Constituição, lançou um nome do seu partido e celebra esse momento com orgulho.

   Como bem disse a candidata Dilma Rousseff (PT) "estou para o que der e vier". Ou seja, respeitar o resultado das urnas. Se vencer no primeiro turno, tanto melhor; se a eleição for decidida em segundo turno, segue seu caminho.
 


   O presidente Lula da Silva, o qual ultimamente andou falando bobagens sobre a imprensa, diminuindo a dimensão de sua biografia, mudou de atitude em dias mais recentes, o que fez bem a ele e ao país, e chega ao pleito com a popularidade em alta, um recorde nunca presenciado no Brasil com aprovação de 77% de ótimo e bom.


   A campanha nacional, salvo as estrepolias da Receita Federal e os prováveis dossiês de radicais do PT, foi de bom nível. Um exemplo disso vimos no debate final entre os candidatos, na Rede Globo, visto por milhões de brasileiros, num clima de cordialidade e respeito entre as partes.



   Na Bahia, também tivemos uma campanha de bom nível. O governador Wagner, por estar no poder, se constituiu na "vidraça" o que é normal numa disputa eleitoral. Saiu-se bem. Começou liderando as pesquisas e terminou nessa situação. Utilizou, como qualquer candidato que está no poder, as prerrogativas inerentes a essa situação. Isso não é pecado capital porque seus advesários, hoje, também já o fizeram em tempos idos.



   Faz parte do processo. A propaganda governamental foi a vilã da campanha. Também não representou uma novidade. Em época recente do "carlismo" era a mesma coisa. Mudou só de lado.



   O governador também foi muito criticado pelo uso da máquina e por cooptar forças adversárias com a ajuda substancial de Otto Alencar, entre os Democratas; e Marcelo Nilo, no ninho "tucano". Era, igualmente, uma prática useira e vezeira na época em que ACM comandava a política baiana. Não mudou nada. Os métodos de ontem e hoje são os mesmos - convênios com a CAR, obras e mimos políticos.



   A diferença que pesou a favor de Wagner foi o apoio irrestrito de Lula. No momento em que o presidente veio a Bahia e disse "este é o meu único candidato" atrapalhou e muito o crescimento de Geddel, o qual divida com Wagner (em tese) um segundo palanque para Dilma, e delimitou os campos de ações entre o projeto Lula/Dilma e o seu principal adversário Souto/Serra.



   Geddel ficou boiando e fez um esforço enorme, sozinho, tentando sair-se dessa enroscada. Tanto que cresceu pouco desde o lançamento da sua campanha (de 11% para 15%), embora tenha segurado seu partido (PMDB) com bastante competência. Entende que ainda tem chances de chegar ao segundo turno. Pouco provável. Mas, urnas são sempre urnas e o melhor é aguardar o resultado deste domingo. 

   Os institutos Ibope e DataFolha dão a eleição na Bahia como sacramentada e a confiança de Wagner é tanta que já falou como governador eleito, na visita que fez neste sábado em Candeias. Precipitou-se um pouco. Poderia deixar essa atitude para segunda feira.



   Ao Senado, a corrida é emocionante. Mas, a julgar pelas pesquisas divulgadas na noite deste sábado, Lídice e Pinheiro têm mais chances do que César Borges. A pregação do voto útil para César, uma vez que os candidatos da coligação DEM/PSDB não parecem ter chances de serem eleitos, chegou tarde. Souto não aprova. E o PSDB, segundo nota de Imbassahy, também não. Entendem que César é tão adversário quanto Lídice e Pinheiro.



  Com o andar dessa carruagem com Wagner se aproximando dos 54% a 56% dos votos válidos pode carimbar Lídice e Pinheiro. Já aconteceu isso na época de Waldir Pires e com ACM. Essa é a lógica da política. César, se sua parte, também sofreu com o apoio irrestrito de Lula a Lídice e Pinheiro. Ficou à margem e não teve como reagir.