Colunistas / Política
Tasso Franco

TV BAHIA FAZ SEU MELHOR DEBATE COM WAGNER NA VIDRAÇA

Eleitor não se sente motivado para trocar de candidatos
29/09/2010 às 01:49
: Manu Dias
Wagner chega com Otto Alencar na TV Bahia
  Com regras mais flexíveis nos blocos permitindo que os candidatos se confrontassem diretamente, sem arrodeios, a TV Bahia promoveu entre a noite de ontem e primeros minutos de hoje, um bom debate entre os candidatos a governador do Estado, conduzido por Willian Waack. Nada, no entanto, que possa sensibilizar o eleitorado que assistiu ao confronto e mude substancialmente o quadro que se encontra posto na campanha baiana.

  Mais uma vez o que se depreendeu do debate foi uma preferencial crítica ao governo Wagner, natural diante de sua posição de vidraça, o que é comum a quem está no poder, fazendo com que o candidato do PT tivesse que ficar justificando o que realizou e deixou de realizar dentro do seu projeto político que está intrisecamente ligado ao governo do presidente Lula. Desta feita, no entanto, Wagner se preparou melhor do que nos debates anteriores e saiu-se bem.

   Só não foi melhor porque não modula a voz além de sua proverbial serenidade e porque faltou expor ao telespectador algo a mais que possa fazer num novo mandato.

  O governador é muito contido e amparou-se em projetos que já estão sendo desenvolvidos no estado, tais como a Arena Fonte Nova, o sistema viário da Rótula do Abacaxi, e/ou que estão em fase de iniciação como a Ferrovia Leste/Oeste, o Porto Sul, a duplicação da BR-101 no trecho Sul/Norte da Bahia.

  Como se ampara nesse diapasão, sempre citando a referência ao projeto do presidente Lula, do qual faz parte umbilical, sofreu críticas de Souto e Geddel, os quais vêem na atitude do governo uma certa passividade em não ser mais impetuoso e lutar para que o Estado possa ter melhores ganhos e até fazer investimentos de porte com seus próprios recursos.

  Souto, sempre muito equilibrado em todos os debates, desta feita foi um pouco mais crítico em relação a Wagner, o que também é normal porque estamos próximos do pleito, mostrando que a Bahia perdeu alguns projetos sociais importantes implantados no seu governo (Cabra Forte, Flores da Bahia, Nossa Raiz, Nossa Vida) por birra do atual governante.

  Geddel também esteve bem no debate apesar da gravata horrosa que usou e de alguns tons de otimismo exagerado em algumas de suas proposições, o que deixa dúvidas junto ao telespectador de que sejam possíveis de serem realizadas caso chegue ao comando do governo. Partiu também para cima de Souto deixando antever que se posiciona como uma possível segunda maior liderança no estado, na atualidade.

  Marcos Mendes, do PSOL, o franco atirador dos debates. É firme, fala como o povo gosta, mas, se perde em denúncias que carecem de fundamentos. A bola da vez nas suas especulações foi o secretário da Indústria e Comércio, James Correia, e as empresas Odebrecht e OAS, segundo este candidato as grandes beneficiárias dos investimentos no Estado.

  Luis Bassuma, do PV, manteve a tecla da necessidade de tapar o ralo da corrupção para que o estado avance. Mas, salvo a referência do livro do médico Eduardo Leite não expõe dados comprobatórios. Faz, no entanto, como já aconteceu nos outros debates, a melhor mensagem final, quase espiritual, o que agrada ao telespectador. Desta feita, usando uma velha encenação bíblica entre David e Golias e o enfrentamento do fraco com uma pedra para conter o forte, disse que essa pedra preciosa que usará ao chegar ao governo será de "paz, verdade e ética".

  No final, Souto e Geddel disseram que estão muito confiantes no segundo turno. E Wagner, que tem a chance de eleger-se no primeiro turno, segundo as pesquisas, pediu a militância que trabalhe até o dia 3 de outubro.