Colunistas / Política
Tasso Franco

PMDB ESTÁ DE OLHO NO COMPORTAMENTO DE JOÃO

Se bobear será expulso
31/08/2010 às 22:04
 A prefeita de Governador Mangabeira, Domingas da Paixão (PMDB), pode perder o mandato por infidelidade partidária, por ter participado do comício de Wagner/Dilma/Lula em Salvador e apoiado, de público, o governador. O pedido de expulsão da filiada infiel foi recebido pela Comissão de Ética e Disciplina (CED), que determinou a imediata suspensão da prefeita. A medida se baseia no Estatuto do Partido e na Resolução nº 03/2010, que prevêem o banimento do membro que der apoio direto ou indireto a candidatos que não sejam da coligação.

    A tese defendida pela Executiva do PMDB sustenta que, o pau que dá em Francisco (no caso, Domigas) dá em Chico. Ou seja: o prefeito João Henrique pode até não participar da campanha de Geddel, não andar com ele pelos bairros de Salvador, como aliás está acontecendo, mas, deve ter todo cuidado em dar possíveis declarações de apoio a Wagner (PT), em preferencial, ou a Paulo Souto (DEM), uma vez que sua esposa Maria Luiza faz dobradinha com ACM Neto. Se isso acontecer ele vira Domingas.

   Outro detalhe desse afastamento de João com Geddel é de que, o PT, hoje, com Wagner tendo a chance de vencer o pleito no 1º turno, não quer nem ouvir falar do prefeito, ainda mais se a dobradinha Pinheiro/Lídice for eleita ao Senado. Ora, Pinheiro foi adversário de João, em 2008, e acusado pela campanha do atual prefeito de "traidor", "vira casaca", "de abandonar o time aos 45 minutos do segundo tempo". Ademais, Wagner está construindo sua provável vitória sem precisar de João e o prefeito vive um momento difícil diante dos episódios das Transcons e a da derrubada das barracas de praias.

   Liderança vinculadas ao PT me diz que, eleito Wagner para um segundo período de governo e Dilma embalando o barco da continuidade de Lula com economia em alta, as chances do partido conquistar a Prefeitura de Salvador são enormes, em 2012. Sem Geddel e o Ministério da Integração Nacional para lhe dar a mão, como aconteceu em 2008, e sem possibilidade de candidatar-se (está em segundo mandato), o prefeito se esforçaria para fazer o sucessor visando a possibilidade de sair em alta, em 2012, e candidatar-se a governador, em 2014.

   Não há onde correr: Geddel, se perder a eleição para governador (no momento é o terceiro nas pesquisas), até porque seu nome está sendo bastante badalado na capital e no interior, passa a ser o candidato natural do PMDB a prefeito. Geddel pode até não querer. Mas, essa é a condição política natural. E aí, se supõe, se João se mantiver no PMDB terá que apoiá-lo.

   João pode também dzier que não o apoia e sair do PMDB. Partidos não lhe faltarão para uma nova jornada política. Mas, uma coisa é disputar uma eleição pelo PMDB num estado da dimensão da Bahia e outra coisa é se valer de um partido pequeno. Veja, hoje, o que acontece com Luiz Bassuma, candidato do PV: sem alianças, sem poder de mobilização, sem tempo na TV, quando inicia sua fala na telinha acaba em menos de 1 minuto. O DEM sairá menor na Bahia nesta eleição. O PSDB do mesmo tamanho ou pouquinho maior. PDT está com Wagner. PRB com Wagner. PSB, PCdoB, PT nem pensar.

   As margens de manobra do prefeito em termos de legenda partidária são estreitas e uma eleição majoritária de governador (esse é o caminho natural após ser prefeito de Salvador) requer alianças, fôlego financeiro, sair da Prefeitura bem avaliado e outros indicadores essenciais. Em política não existe magia. Em 2008, com o barco dando água, adernando, Geddel salvou-o. Repertir esse feito numa segunda oportunidade da forma como o prefeito, hoje, o trata é impensável.

    Só lembrando, ainda, que a Prefeitura de Salvador é uma máquina de moer lideranças. Passar os olhos na história é aconselhável.
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