Colunistas / Política
Tasso Franco

DEBATE PASSOU IDÉIA DE ALIANÇA SOUTO, GEDDEL E BASSUMA CONTRA WAGNER

Souto se destacou quando falou da propaganda enganosa do governo
13/08/2010 às 02:00

Foto: BJÁ
Rita Batista conduziu bem debate da Band e emissora pecou ao aceitar comerciais Prefeituras PT
  Os candidatos Paulo Souto e Geddel Vieira Lima foram mais contundentes no debate organizado pela Band Bahia na noite de ontem e primeiros minutos desta sexta-feira. Beneficiados pelo sorteio prévio entre os candidatos algumas perguntas foram trocadas entre eles, especialmente as questões relacionadas com a segurança, a saúde e a propaganda. Nesse ponto, Souto se destacou situando que a propaganda no seu governo era real e no atual governo virtual.
  
  "As fábricas na minha época tinham paredes, produtos, operários e as do atual governo são de papel, de aviões que não existem, de carros invisíveis" disse Souto a uma questão feita por Geddel sem que o governador Wagner pudesse contestá-lo (poderia ter feito em outro bloco e não fez) uma vez que as regras do debate foram bastante limitadas. Essa talvez tenha sido a parte a ser mais comentada pela população.

  O governador Wagner adotou um estilo bastante contido, se amparou bastante no governo e nas citações ao presidente Lula (aproximadamente umas dez vezes ao longo do debate) e poderia ter sido mais enfático na geração de empregos em sua época de administração na Bahia (232 mil empregos) deixando escapar a oportunidade de fazer comparativos com o momento do governo Souto. Seria um diferencial interessante.

  O candidato Luiz Bassuma, do PV, surpreendeu pela eloquência e martelou em quase todos os blocos os três princípios básicos de sua campanha, a educação de qualidade, saúde para todos e garantia de direitos humanos e paz. Foi duro em algumas questões relacionadas com o atual governo, citações até sem condizer com a realidade, como a saúde caótica, e proferiu a mensagem mais emocionante da noite nas considerações finais. Faz parte de sua espiritualidade.

  Já o candidato do PSOL, Marcos Mendes, também surpreendeu positivamente embora tenha se perdido no enredo de algumas colocações misturando assuntos diferentes num mesmo bloco o que, de certa forma, confunde o telespectador. Ao retirar do bolso uma mostra de água potável de Caetité, e lançar uma proposta inusitada ao governador, mostrou-se deselegante. O que, aliás, conferiu o único direito de resposta da noite.

  O ex-ministro Geddel Vieira Lima atravessou o debate diante do seu tradicional estilo com maior ênfase numa situação que diria um pouco acima do moderado. Se preocupou demais em falar de seus programas de governo e perdeu espaços para Souto, o qual acabou promovendo as tiradas mais ao gosto do telespectador, como a propaganda do governo na orelha dos bodes.

  Na visão do telespectador, houve uma aliança entre Souto, Geddel e Bassuma no ataque ao governo e ao candidato Wagner. Marcos Mendes se situou como franco atirador e disse no final que os 4 outros são farinha de um mesmo saco enquanto ele é o diferencial. Wagner ficou isolado e apesar se ter de ancorado bem no presidente Lula poderia ter sido mais firme em relação aos programas sociais dando exemplos mais emotivos e não apenas números.

  Poderia ter falado da senhora dos 100 anos do Topa, do papel da Samu no salvamento de vidas, de um morador que conquistou uma das habitações populares, coisas mais ao gosto do telespectador. Ainda assim, desfilou uma série de indicadores sociais que não ficam gravados na cabeça do telespectador mas funcionam no momento do debate.

  A mediadora do debate Rita Batista esteve muito bem. Discreta, elegante, conduziu o debate a altura. A Band pecou em aceitar comerciais de prefeituras do PT (Camçari e São Francisco do Conde) nos brakes do debate. Uma vergonha. Com isso perde em credibilidade.

  As perguntas dos jornalistas foram sem relevância. Foi uma parte fraca do debate porque foram muito engessadas e ficou confuso aos olhos dos telespectadores a pergunta a um candidato com comentário do outro. Virou uma salada de frutas que ninguém gravou nada. A resposta do comentário da pergunta deveria ser feita pelo jornalista que perguntou e não por outro candidato.

  Nas considerações finais todos estiveram bem, cada qual no seu estilo. Souto falou da razão de sua candidatura a pedidos dos baianos que estão apreensivos com a perda de oportunidades da Bahia para outros estados da Federação. Geddel também seguiu nessa linha e deu uma cutucada em Wagner dizendo que "não basta ser apenas amigo do presidente Lula tem que ter garra para governar" e falou em resgatar o papel da Bahia no Nordeste e das propostas de 2006. No final, pediu voto ao telespectador.

  Já o candidato do PT aproveitou a oportunidade para defender o seu candidato a vice-governador Otto Alencar atacado durante o debate e disse que está absolutamente confiante na sua trajetória porque a Bahia é outra, tanto nas relações políticas como na economia, e se alinha no projeto do presidente Lula que deu certo no Brasil há 8 anos e está dando certo na Bahia há 4 anos. No final, pediu voto ao telespectador.

  No plano da descontração, de falar nos olhos do telespectador, Bassuma fez a melhor mensagem de despedida falando de paz, da caminhada maravilhosa, luz, verdade. Bem interessante. E, pra fechar a noite, Marcos Mendes e sua metralhadora giratória falou dos financiadores de campanha e suas relações com o Estado, desafiou Wagner a ir em Caetité conferir a água contaminada da cidade e falou até que na relação de candidatos com a ditadura militar. (TF)