Colunistas / Política
Tasso Franco

A CPI DE PIZZA DO METRÔ

Limitada por ações do STJ vai dar em pizza
11/05/2010 às 08:21
                        Passados 30 dias de instalada, a CPI do Metrô, que tenta investigar possíveis desmandos apontados pelo TCU em suas obras, com superfaturamento, mudança no trajeto do equipamento, elevado do Bonocô e outras mazelas, continua em marcha lenta. Ainda não saiu da primeira. Até atingir a quinta, marcha de velocidade, a pizza já foi saboreada. Os deputados estarão em campanha visando suas reeleições e o "elefante branco" vai capengando até que entre em funcionamento.

                        A essa altura, nem o prefeito João Henrique, que é um otimista arrisca palpite. Já falou o que tinha de dizer e, como os 2% finais da obra, sempre citados por ele, nunca avançam para 1% o melhor é aguardar pacientemente, bem ao estilo baiano. A CPI segue nesse modelo Recôncavo-rede-pescador. Embalada na preguiça e na apatia. Só falta o violão, à beira mar e o acarajé.

                        Nesta quarta-feira, 12, véspera da convocação da Seleção Brasileira que jogará na África do Sul, com atenções voltadas para os Meninos da Vila, gansos e patos, a CPI promete uma reunião. Isso se o presidente deputado Álvaro Gomes (PCdoB) conseguir quorum o que é improvável. Os sinais são de que, a base governista, com presidência e relator na comissão, e empate em número de deputados (4x4), não estaria interessada em apurar coisa alguma porque empresas envolvidas nas obras são financiadoras de campanhas. Ora mexer num vespeiro desses em ano eleitoral só traz desgaste. E, de repente, pode emergir alguma coisa mais cabeluda, e ai o estrago é ainda maior.

                        O deputado Álvaro Gomes diz que vai apurar tudo "doa em doer". Faz, óbvio, o seu papel. Mas, ressalva, que até agora não recebeu nenhum documento dos pedidos que fez junto ao TCU e a Prefeitura. Já conversou com o Procurador Geral do MP, porém, não dispõe de dados que possam avançar nas investigações. Um outro fator impeditivo de que a CPI avance, engate a segunda marcha, está relacionado à competência constitucional. O TCU já disse que pode enviar algumas informações, mas, não agregará à CPI seus técnicos.

                        Os deputados Paulo Azi (DEM) e Elmar Nascimento (PR), este último autor do requerimento que deu origem a CPI, dizem que o problema está no colo do governo. Mais precisamente no de Álvaro Gomes, o qual, é um defensor destacado da base governista na Casa. Elmar afirma que Gomes faz corpo mole. E que, se ele fosse o presidente da CPI, como, aliás, deveria ser porque é o autor do requerimento, buscaria os documentos onde estivessem. Ou seja, não ficaria sentado esperando chegar.

                        Entendem que o governo pode pagar um preço alto junto à opinião pública. Álvaro acha que não. "Até porque o governo atual nada tem a ver com o Metrô, salvo manter compromissos assumidos em nome do Estado no passado", diz. Em certo sentido tem razão. O Metrô é um assunto desgastado e antigo, que envolve duas administrações municipais, estaduais e federais. Dificilmente, será objeto de debate na campanha governamental de 2010. E, se for, cada qual tem seus argumentos.

                        A população, que é quem mais sofre, porque não tem transporte de massa e já se acostumou com essas coisas da Bahia. Acredito mesmo que sequer vai ser convidada pra comer a pizza da CPI.