Colunistas / Política
Tasso Franco

A FORD, O "PANELÃO" E A ELEIÇÃO

A sátira de Zete pode voltar nesta eleição
04/04/2010 às 22:22
            Anuncia-se para o decorrer desta semana a formatação das chapas majoritárias concorrentes ao governo da Bahia. Duvida-se, no entanto, que aconteça em sua totalidade com o preenchimento de todas as vagas ao Senado e a vice-governadores. Faz parte da estratégia dos partidos que comandam as cabeças das chapas (PT, PSDB, PMDB, PV, PSOL) deixarem brechas sem abrir totalmente o jogo logo agora, porque ainda há muito tempo para as convenções (junho próximo) e oficialização dos nomes. E, sendo a política a arte da conversa, mudanças podem ocorrer durante esse período.

            O que a Bahia aguarda a partir da organização das chapas são as propostas dos candidatos e como se processará essa campanha, a primeira na Bahia a governador do Estado em 40 anos sem a participação direta de ACM, uma vez que, à sua miragem ou sombra ainda rondam nomes alinhados com o histórico "carlismo" como Paulo Souto, César Borges, Otto Alencar, ACM Jr, e "anti-carlistas" também históricos como Jaques Wagner, Lídice da Mata, Geddel Vieira Lima, Domingos Leonelli entre outros.

            Essa é uma questão que só a prática dirá, pois, misturaram-se integrantes da "panelinha" de Zete ao que se está chamando de "nova dinâmica política baiana" e ninguém sabe ainda como o eleitor vai reagir. Num desses "panelaços" políticos aqui no vizinho Sergipe, terra do atual presidente do PT, Eduardo Dutra, uma aliança Albano Franco com Jackson Barreto odiados (1994) e depois amados (2002) entre si, acabou levando ao Senado dona Maria do Carmo Alves (DEM), esposa de João Alves, e Almeida Lima.

            Na Bahia, sem antecipar cenários de vitória ou derrota, está-se configurando cenários estranhos ao eleitor e ele certamente vai distinguir o que deve ser o melhor para a Bahia. A política tem umas situações peculiares. No plano nacional, simulações de marketeiros com base em pesquisas e outros estudos, muitos dos quais fora de foco, diz-se que o PSDB deixará à margem da campanha José Serra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o qual, governou o país durante 8 anos e foi responsável pela estabilidade econômica atual.

            Este filme já vimos na Bahia nas campanhas de Paulo Souto, ao governo do Estado, em 2006; e ACM Neto, a Prefeitura de Salvador, em 2008, quando se criou um fantasma de que a presença de ACM de forma razoavelmente intensa nas campanhas atrapalharia o processo. Se isso era verdadeiro ou não nunca se soube, até porque ambos perderam os pleitos       . Agora, diante dessa nova realidade, o "panelão" que se organiza em várias frentes a campanha terá sutilezas impressionantes, desde explicações jornalísticas a ensaios midiáticos de toda natureza.

            Um ponto a ser debatido mais à frente será a industrialização baiana, a Petroquímica, a interiorização das plantas industriais e a Ford. Até então, a Ford era uma bandeira do "carlismo" e o senador ACM Jr já disse que continua sendo e não abrirá mão disso. Acontece que a Ford foi instalada no governo César Borges, o qual, segundo o meio político está praticamente "aliançado" com Wagner, cujo PT, na época, votou contra a vinda da Ford para a Bahia.

             Vai ser uma campanha para se pisar em cristais sem quebrá-los.