Colunistas / Política
Tasso Franco

CAMPANHA MUNICIPALISTA

Estamos voltando a época da disputa Waldir x Lomanto
01/04/2010 às 20:22
 Com a definição dos nomes de Otto Alencar para integrar a chapa Jaques Wagner como candidato a vice-governador; e Nilo Coelho na chapa Paulo Souto, igualmente a vice, esboça-se na Bahia para as próximas eleições uma campanha sem sabor ideológico e com tendência a municipalização, tal como ocorreu, evidente em outra dimensão, com a disputa entre Waldir Pires x Lomanto Júnior, em 1962.             Naquele memorável pleito, lá se vão 48 anos, com os principais protagonistas ainda vivos, Lomanto afastado da política, mas com herdeiro na liderança do PMDB na Assembleia Legislativa, e Waldir sonhando em ser candidato a senador na chapa petista, Lomanto foi apresentado à Bahia como o novo, o "municipalista filho de agricultor, amigo do pobre e irmão do trabalhador/ a esperança do povo, gente nova, sangue novo", assim se cantava a música deste candidato. E Waldir, como o "velho" no sentido de que integrava o PSD do governador Antonio Balbino, Tarcilo Vieira e Mello e Moutinho Dourado.

            Presencia-se, agora, não só com Otto e Nilo, mas também com os prováveis nomes de José Ronaldo de Carvalho, ex-prefeito de Feira de Santana, na chapa Souto ao Senado; e César Borges, na chapa Wagner ao Senado, ambos com perfis municipalistas, o primeiro com base eleitoral na região Nordeste tendo como centro do poder e dos votos Feira de Santana; e o segundo de Jequié, Sudoeste, onde ainda vota, terra de Lomanto e a pátria do muncipalismo baiano.

            Para contrabalançar esses pesos pendentes mais para o interior, e aí não fazemos citações a chapa de Geddel Vieira Lima, PMDB, porque ainda não há definições mais precisas, salvo acenos de que João Cavalcanti e Edvaldo Brito a integrariam, no caso Wagner x Souto, dá-se como certo o nome de Lidice da Mata para senadora, a qual, embora cachoeirana, tem base preferencial na capital onde foi ex-prefeita; e fala-se também nos nomes de Antonio Imbassahy, na chapa Souto ao Senado, outro ex-prefeito da capital; e/ou o senador ACM Jr.

            Evidente que, Salvador, também é base municipalista. Embora, como coloquei acima, 2010 diferencia de 1962, visto que, naquela época, o municipalismo era entendido como algo ainda muito rural, sem voz nem vez, apesar de que os governadores de 1954 e 1958, Régis Pacheco e Antonio Balbino tivessem berços de nascença interioranos, diferentes de Otávio Mangabeira, primeiro governador baiano (1947/1951), pós ditadura getulista e interventorias no Estado.

            Em 2010, o que se configura é uma disputa municipalista pelo espólio do "carlismo" (de ACM), mais vivo que nunca, com o PT perdendo completamente sua identidade, com cooptações assustadoras em diversas frentes envolvendo não só o PT, mas os três candidatos majoritários, algo assim de revirar os olhos do saudoso Leonel Brizola com suas tiradas geniais diante do fisiologismo pátrio, entre elas, a de degustar o "sapo barbudo".

No momento, na Bahia, provam-se "sapos", "gatos" e outros bichos tudo em nome do poder. Dá até saudade dos velhos tempos das disputas PSD, PDT e UDN. Tinham mais sabor, mais amor, mais propósitos nobres.