Colunistas / Política
Tasso Franco

O PAC 2 E A BAHIA

O PAC 2 é uma peça de marketing
31/03/2010 às 21:21
O Plano de Aceleração do Crescimento em sua segunda etapa (PAC2) anunciado no início desta semana pelo presidente da República, mais como uma peça de marketing para a candidatura Dilma Rousseff do que propriamente um plano objetivo, é apenas um rol de boas intenções. Prevê investimentos em obras de infraestrutura logística, energética e social urbana de R$980 bilhões entre 2011 e 2014, e outros R$631 bilhões a partir de 2015. São números impressionantes: mais de 1.5 trilhão de reais.             Na TV então dá uma excelente peça de marketing eleitoral porque ninguém pode dizer que é mentira, nem criticar uma ação de longo prazo que pode ser boa para o país, nem se pode assegurar sua realização. Fica no imaginário popular como ponto positivo para os seus idealizadores, uma situação de grandeza que é boa para o país. E um exemplo disso já visível para rechear o marketing são as habitações do Programa Minha Casa, Minha Vida.

            A questão é que o PAC original lançado com metas para 2007/2010 previu investimentos de R$638 bilhões até o final deste ano, porém, segundo dados do governo de dezembro 2009 somente 40.3% das ações foram realizadas. Além do que, não se concluiu uma única obra de logística. A mais importante nesse segmento, a Ferrovia Norte-Sul tem trechos em andamento, mas não está finalizada. E sua interseção com a Bahia, através da Ferrovia Oeste-Leste, esta obra sequer começou.

            No caso da Oeste/Leste a Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A lançou edital de licitação a ser aberto em 7 de maio próximo para contratação de empresa que executará obras e serviços de engenharia para construção de ponte sobre o Rio São Francisco a ser implantada entre o km 825+230 e o km 828+130 do sub-trecho entre Ilhéus e Barreiras, e no dia 4 de maio será aberta a concorrência para contratação de empresas para execução das obras e serviços de engenharia para este mesmo trecho.

Um outro dado revelador do marketing político do PAC2 registra que, dos 913 projetos listados para obras de energia, transporte e recursos hídricos 64% são oriundos da primeira fase, agora chamada de PAC1. Aqui no Nordeste, a cargo do Ministério da Integração Nacional temos as obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco, em andamento, sem uma devida contrapartida à revitalização de áreas às margens do rio. Ainda sobre o PAC1, o governo anunciou que R$88 bilhões executados foram recursos do setor privado. O site Contas Abertas ainda não descobriu que empresas generosas foram essas.

             Anuncia-se, pois, que a Bahia será contemplada no PAC 2 com obras da Ferrovia Oeste-Leste, duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna, construção do Estaleiro de São Roque do Paraguaçu, melhorias no Porto de Salvador e na torre de controle do Aeroporto LEM, construção dos anéis viários de Barreiras e Luis Eduardo, e intervenções nas BR-101 e 116. Até junho próximo, governos municipais e estadual deverão apresentar projetos.

             É uma complexidade enorme de ações, números estratosféricos e um embaralhamento enorme na cabeça da população, hoje, sem saber o que é do PAC1 e do PAC2 tudo ainda muito embrionário. Isso sem falar nas obras para a Copa do Mundo de 2014, em Salvador. Bem! Pelo menos a Prefeitura já deu o alvará para implodir a Fonte Nova. Vamos à obra, pois.