Colunistas / Política
Tasso Franco

A PONTE DE ITAPARICA, O METRÔ E PENSAR A BAHIA

O crucial para a RMS é o sistema de transporte de mass
13/12/2009 às 20:06
           Há informações preliminares dando conta de que o governo do Estado estaria, de fato, interessado em construir através de uma PPP a ponte Salvador-Itaparica. Até se justificaria uma obra desse porte, se o Estado e a capital baiana estivessem solucionadas algumas de suas prioridades básicas. Mas, não é o caso. Hoje, do ponto de vista da infraestrutura urbana a questão crucial para a RMS é o transporte de massa, o Metrosal, problema grave e que vem se arrastando na sua versão atual desde 1999, e, historicamente, desde o governo Roberto Santos, em 1975, na forma conceitual.            

           É inconcebível que Salvador seja a única metrópole do país, a terceira em população, com uma Região Metropolitana que abriga no seu conjunto 3.500.000 habitantes que ainda não tem um transporte de massa, metrô ou algo assemelhado. E o que se observa pelos atuais gestores da política baiana (prefeito e governador), incluindo senadores e a bancada federal, ministros e outros planejadores é que esse assunto não está na pauta de suas análises.

           

           Veja o seguinte: o projeto do Metrô atual em execução desde 1999 atenderia no original de 14k, até a Estação Pirajá, uma faixa enorme da população residente em Cajazeiras com transbordo via ônibus, e os bairros adjacentes da linha Norte/BR-324, Castelo Branco, Águas Claras, Cabula, Pernambués, Cosme de Farias e Brotas. Perdeu parte desta função quando o governo federal reduziu a malha para 6k somente até a Estação Norte/BR-324 excluindo a sua clientela maior dos bairros de Cajazeiras, Castelo Branco e outros.

           

           Ficou um metrô tão capenga que passou a ser apelidado de calça-curta. Um pepino. Ainda assim, esse tramo era pra ser concluído em outubro último e nada aconteceu. E quando inaugurar terá pouca serventia. Ninguém fala mais na ligação com Pirajá e na linha Leste com Iguatemi, e muito menos da linha metropolitana via Paralela/Aeroporto/Lauro de Freitas/Camaçari.

          

            Curioso é que é assim em todo mundo. Se você chegar em Istambul, Londres, Barcelona, NY, Boston, Roma, Milão, Seul, etc, há uma estação de metrô no aeroporto que segue para o centro dinâmico das cidades e se ramificam para os bairros. Os nossos dirigentes sabem disso porque conhecem essa realidade. O espaço para organizar esse projeto está ainda praticamente virgem que é o canteiro central da Avenida Luiz Viana (Paralela) com centros dinâmicos no Iguatemi, Lauro, Camaçari na linha Norte; e a Oeste via BR-324 até a Lapa, a linha que está sendo construída.  

           

          Agora, o mais curioso é que ninguém fala nisso. Os engarrafamentos são crônicos no Bonocô e na Avenida Juracy Magalhães Jr com ligação ao Iguatemi, 1 hora mínimo fazer o percurso Comércio/Iguatemi/Paralela, a cidade está travada todos dias, mais veículos são incorporados a frota mensalmente, e nada acontece. Fala-se de um projeto rodoviário da Prefeitura completamente fora de foco e da realidade contemporânea.

           

          A Secretaria do Planejamento do Governo anuncia para a próxima semana o seminário "Pensar a Bahia - Construindo o Nosso Futuro". Ouço isso desde que comecei no jornalismo há 40 anos. Vamos ver se desta vez acontece. É só as equipes do governo e da prefeitura se sentarem numa mesa, organizarem esse projeto do metrô nessa linha vital para a cidade e estado, porque atenderia o principal centro industrial, o turismo, o comércio e a população de uma forma  geral, e colocaria Salvador no mapa da contemporaneidade.

           

        Nem é preciso muita discussão. É mais uma questão política, de amor a cidade e ao estado, desarme de espíritos, união de equipes e pronto. Esse, aliás, um projeto que já existem esboços e mais traçados nos papéis, desde a época do governo Roberto Santos e mesmo no espaço deixado pelos governos de ACM/Luiz Viana Filho na Avenida Paralela. Agora, analisar a ponte de Itaparica num momento desse não tem sentido.           

           

         Se é pra Pensar a Bahia de Todos Nós como sugere o Planejamento aí está a dica.