Colunistas / Política
Tasso Franco

O EFEITO CIRO GOMES NA CAMPANHA PAULO SOUTO

Quanto mais José Serra cai, mas é pior para Paulo Souto
25/09/2009 às 18:21
  Já comentamos aqui neste site o efeito Ciro nas pré-campanhas 2010 de Lídice da Mata, Geddel Vieira Lima e Jaques Wagner. Cada uma delas tem uma variável, a depender da concretização do avanço do depujtado-federal pelo Ceará, Ciro Gomes. 

   Agora, com base nos dados atuais da pesquisa CNI, recentemente divulgada pela IBOPE, onde José Serra teve uma queda para 35% nas intenções de votos estimulada, detectou-se que, parte dos votos ganhos por Ciro foram exatamente da faixa perdida pelo paulistano.

   Até então, trazendo a observação para a Bahia, a candidatura José Serra era vista pelo pessoal do PSDB/DEM no estado como intransponível, inviolável, blindada, e, consequentemente, imbatível. Pois, a princípio, com Dilma Rousseff ainda na inicial e sendo lançada por Lula, em périplo pelo país até que veio a sua doença do câncer e ela teve que diminuir o seu ritmo de viagens e exposições, Serra se manteve aí no patamar de 40%, absoluto. Porém, começou a cair.  

   A coligação DEM/PSDB soube tirar proveito desse vácuo, quando Serra estava à frente disparado de Dilma, e empurrou o ex-governador Paulo Souto para bons números em intenções de votos, se as eleições fossem hoje. 

   Mas, como se sabe, vieram dois novos fatores (Marina Silva, PV, agora com 8%; e Ciro Gomes, PSB, com 17%) que estão modificando esse cenário nacional e, por enquanto, os mais prejudicados são José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), justos os dois adversários principais do país, com reflexos nas campanhas dos estados.

   Em sendo assim, havendo uma nova perda de intenções de votos de Serra, e 35% ainda é um patamar elevado para uma pré-disputa com quatro candidatos, dois deles ainda em ascensões, Souto também seria prejudicado na Bahia, pois, à exemplo do que está acontecendo com Dilma em relação a Wagner, Serra não seria assim tão hegemônico e capaz de vencer as eleições como está posto no atual otimismo das lideranças do PSDB e do DEM na Bahia.

   Há de se dizer que, o pau que dá em Chico (Wagner/Dilma) dá em Francisco (Souto/Serra). De fato, isso é verdadeiro na medida em que, até recentemente, trabalhava-se com dois palanques presidenciais fortes (Serra e Dilma) e outros tantos fracos (Ciro e Heloisa Helena). Mas, veio a doença de Dilma (o povo tem um medo enorme de político doente), o ingresso de Marina no PV e o crescimento de Ciro Gomes.

   A situação de Souto, hoje, é mais confortável do que a de Wagner. Porque, ainda que Serra continue caindo não há indicadores de uma ameça por parte de Dilma. Mas, a política é muito dinâmica, estamos distantes do pleito, muita água ainda vai rolar embaixo da ponte e tem-se a certeza, no meio político, que se Lula não conseguir emplacar Dilma, entre Ciro e uma derrota, ele ficará com Ciro.

   Há um efeito desses movimentos nacionais na política estadual da Bahia? Sem dúvida. Já foi menor, mas, Lula ainda é o presidente, fortíssimo em todas as avaliações, e, Wagner, continuará apostando na mesma dobradinha que o levou ao poder, em 2006, a casadinha Lula/Wagner. 

   Daí que, por mais que se queira estadualizar o debate, com papéis trocados em relação a 2006, sendo Wagner a vidraça e Souto o estilingue, Lula ainda é um diferencial importante a ser usado pelo PT, em qualquer hipótese, com Dilma forte ou fraca.

   Veja que, agora, nas respostas do PT contra os ataques de Souto nos comerciais partidários de TV, Wagner já se amparou em Lula. Imagine-se, portanto, o que acontecerá, em 2010. Será inevitável ainda mais porque a performance do governador não atinge sequer 45% de ótimo/bom e ele não terá o reforço de Geddel e do PMDB. Nesse cenário atual, quem está se dando melhor, por incrível que pareça e na minha concepção, é Geddel.

   Livre, sem amarras, criticando Souto e Wagner com firmeza (passado reprovado e presente sem perspectivas, assim os classifica) como está pontuado na faixa de 13% só tende a crescer. A questão de Geddel mais preocupante é para onde vai o PMDB nacional, pois, uma parte está com Dilma; outra parte, com Serra. Lá adiante, em 2010, ele terá, obrigatoriamente, que fazer essa opção. Mas, por enquanto, sua estratégia é idêntica a de Wagner. Ou seja, Geddel é Lula.

   Portanto, pra finalizar, como ninguém tem bola de cristal para saber o que acontecerá em 2010, na hora da onça beber água, os três pré-candidatos na Bahia já estão em campanha desde já e colocando os seus homens do marketing políticos para trabalhar com investigações em pesquisas e estiudos de toda natureza. Nada, no entanto, substitui a parte política, o cochicho ao pé do ouvido, as alinças e viagens ao interior. 

   Os pré-candidatos estão exatamente nesse ritmo.