Colunistas / Política
Tasso Franco

A PACIÊNCIA DE WAGNER COM O PMDB E O CARIMBO DA TRAIÇÃO

Acabou-se a aliança do PT com o PMDB na Bahia
06/08/2009 às 20:01
Foto: Perdidonomeuescafandro
Imagem figurativa da traição, um dos piores carimbos que existem na política e no amor


  Até as 19h34min desta quinta-feira, 6, os secretários indicados pelo PMDB para compor a equipe do governador Jaques Wagner não haviam protocolado seus pedidos de exonerações na governadoria. Deverão fazê-lo, ao que se supõe, nas próximas 24 horas diante do clima tenso entre o governador e o ministro Geddel Vieira Lima com temperaturas bastante elevadas nesses últimos dois dias.

  Wagner, segundo assessor da Agecom, descartou diálogo com Geddel na intermediação das exonerações pontuando que, caberá tão somente aos secretários que desejam deixar o governo se manifestarem por escrito. O governo, inclusive, já teria os nomes para fazer as substituições. E, não seriam poucas diante da verticalização de cargos nessas secretarias sob o comando do PMDB.

  Cada dia, sua agonia. O governador quer ter em mãos documentos de pedidos das exonerações por parte dos secretários e aí, então, agirá administrativamente. Quanto ao plano político não há mais dúvidas: está selado o rompimento Geddel x Wagner organizado em 2006 para enfrentar a candidatura de Paulo Souto, então PFL com apoio do carlismo (de ACM).

  Essa aliança já havia sido trincada em 2008, na campanha a prefeito de Salvador no embate entre João Henrique x Walter Pinheiro com acusações de traição. Pinheiro sofreu bastante nessa campanha ao ser taxado de traidor. Não soube reagir à altura e acabou sendo prejudicado. 

  Agora, repete-se a mesma situação e Wagner teme que esse quadro se configure com ele. Daí ter antecipado esta semana colocando o carimbo da traição rumo a Geddel. Se vai pegar a carimbada só 2010 dirá. O governador mantém a estratégia da paciência e dá tempo ao tempo até receber o pedido formal dos secretários.

  De certa forma, mudou sua linha de ação para quem esperava que ele fosse tratar desse assunto com Geddel, diretamente. O ministro levou um documento com críticas ao seu governo e posicionamentos. Wagner não deu a menor atenção porque esse documento desviava o foco do principal.

  Agora, colocou Geddel numa sinuca. Os cargos são dos secretários e do governador e não do ministro. Daí que tratará somente com os secretários. Ao jornalista Samuel Celestino, Geddel espinafrou de vez o governo classificando de "mediocre" e ironizando o "demorcrata irredutível". 

  A paciência de Wagner tem uma linha de ação. Uma estratégia. E ele vai manter até o final para não ser o móvel de rompimento com o PMDB, aliança nacional cortejada pelo presidente Lula, e não ficar com o carimbo de traidor na Bahia, na campanha de 2010.