Colunistas / Política
Tasso Franco

A MISSÃO PELEGRINO E OS GOLS ESPERADOS POR WAGNER

Deputado Nelson Pelegrino assume pasta da Justiça, nesta segunda, 4
03/05/2009 às 12:03

Foto: Arquivo
Deputado Nelson Pelegrino assume a Pasta da Justiça, nesta segunda-feira, 4
  O deputado federal Nelson Pelegrino (PT) assume nesta segunda feira, a titularidade da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado. No plano técnico, institucional, de gestão, sua missão está clara, meridina. Já, no campo político, pairam dúvidas sobre seu futuro como parlamentar e qual seria a missão, em 2010 e em 2012.


Analisando a primeira situação, Pelegrino integra a equipe de governo Wagner com a tarefa adicional já posta ao deputado Walter Pinheiro, no Planejamento, de fazer o governo acontecer. A secretária Marilia Muricy, a quem substitui, assim como o ex-secretário Ronald Lobato, que abriu espaço para Pinheiro, desempenharam papéis intermediários na gestão, estruturantes, e agora chegou o momento de fazer o gol.


Esperava-se mais de Marília Muricy. Embaralhada numa disputa política interna com o advogado Sérgio São Bernardo, que a acusou de autoritária, entre outros, fez o que pode dentro de sua concepção administrativa e deixa a pasta certa de que organizou o meio de campo e promoveu algumas realizações objetivas, daquelas que qualquer governo aprecia. Agora, a bola tem que seguir adiante, sair do meio campista chegar a área advesária, tarefa que caberá a Pelegrino.


Nelson é uma incógnita. Tem pouca ou quase nenhuma experiência administrativa. Mas, é um deputado rodado, ex-líder do governo na Câmara, ex-candidato a prefeito de Salvador três vezes, personagem notória do PT, o qual, ao lado de Walter Pinheiro, ajudaria o governo Wagner abrir mais portas em Brasília, trazer recursos e realizar. O tempo é curto para isso, apenas 20 meses até a próxima eleição majoritária.


Observando a segunda situação, o campo político, não está clara qual seria a missão de Pelegrino. Para recandidatar-se a deputado teria apenas 12 meses à frente da Justiça. Opção, também, que valeria para uma disputa ao Senado. A hipótese de ser candidato a governador estaria parcialmente descartada, uma vez que o candidato natural à reeleição é Wagner. Porém, fala-se em Wagner candidato a presidente, nunca se sabe o destino das pessoas.


Caso Pelegrino decida e/ou tenha acertado com o governador Wagner ficar no governo até o final de 2010, só lhe restaria a possibilidade de ser candidato a prefeito de Camaçari, em 2012, uma vez que à vaga da candidatura a prefeito de Salvador, em 2012, já fora acertada com o governador para Walter Pinheiro, o qual, fica no governo (Planejamento) até o final da gestão Wagner.


Esse é o quadro, em tese. A aposta é alta. O PT considera que a reeleição Wagner (e/ou até mesmo um outro nome do partido) é possível. Mas, não é tranquila. Para tanto, precisa manter a aliança com o PMDB e Geddel Vieira Lima candidato ao Senado, abrir espaços a outros partidos como fez com João Durval, PDT, em 2006, acalentar o PSB, PP, PDT e PcdoB, e encarar o DEM como seu adversário.


O problema é que esse jogo passa pelo cenário nacional, a candidatura José Serra (PSDB) à presidência da República, e nunca se sabe qual a posição que o PMDB e os outros partidos adotarão. Além do que, hoje, o PMDB tem dois potenciais candidatos a governador da Bahia (Geddel e João Henrique), Paulo Souto, presidente regional do DEM está bem situado nas pesquisas para governador, e o quadro está completamente indefinido.


Pelegrino, ao lado de Pinheiro, pode ajudar a arrumar esse quadro?

Em termos, pode. Tem experiência política para isso. Recentemente, sinalizou que é vital para o PT na Bahia a aliança com Geddel. Foi um bom começo. Precisa, no entanto, conter Jonas Paulo, presidente regional do PT, o qual, tem falado pelo partido e pelo governo, com declarações que levam o bonde em sentido contrário.


De toda sorte, mesmo com Pelegrino, Pinheiro e missões afins, passados 28 meses de governo a avaliação da população, de quem vota e decide o futuro político das pessoas, se situa no campo intermediário com ótimo/bom em torno de 43%. Melhorar esse número é a palavra de ordem do governo, apesar da crise mundial da economia que tem contido os investimentos no Estado.


Para finalizar, ainda observando o campo político, registre-se a ascensão à Câmara Federal de Emiliano José, um quadro que pode ajuadar na defesa do governo Wagner no Congresso e na mídia local, muito bombardeado e sem uma contra-partida efetiva tanto na Câmara; quanto na ALBA, com raras exceções. O próprio governo derrapa demais em matéria de assessoria parlamentar.


Isso posto no início deste maio chuvoso, campo pesado, atores no gramado, na defesa, no meio de campo e no ataque, Wagner está ansioso pelos gols.