Colunistas / Política
Tasso Franco

AS PEDRAS NO CAMINHO DE MOEMA

Em Lauro não existe um petismo estruturado na base política e sim Moema Gramacho
16/11/2008 às 18:16
  Embora a prefeita Moema Gramacho (PT) tenha sido reeleita em Lauro de Freitas com 59.48% dos votos válidos, a bagatela de 41.719 sufrágios, contra 40.52% (28.426 votos) do seu adversário, Roberto Muniz, justifica-se a sua insatisfação e do Partido dos Trabalhadores (PT) daquele município diante da atitude do governador em nomear Muniz secretário da Agricultura do governo.

  Moema e o PT de Lauro analisam o futuro e vêem com essa nomeação o fortalecimento do grupo PP/PMDB e outros, no seu terreiro, num município de grande visibilidade junto à mídia da Região Metropolitana de Salvador, onde pontuava ao lado de Luis Caetano, de Camaçari, como as estrelas em ascesão e representantes legítimas do petismo.

  A presença de Roberto, no governo, realmente, representa um calo no sapato de Moema, pois, a base do PT de Lauro é Moema, muito diferente do que acontece com Caetano em Camaçari. Dos 12 vereadores eleitos em Lauro, justo se diga que a prefeita tem maioria na Casa Legislativa, mas, o PT elegeu apenas 1 deles, Lula Maciel, o menos votado de todos, com 911 votos.

  Moema vai governar com uma Câmara multipartidária, com dois vereadores do PP, dois do PSB, dois do PDT (o PT coligou com os brizolistas), 1 do PRB, 1 do PSDB, 1 do PSC, 1 do PR, 1 do PRP e 1 do PT. É um mix sem uma identidade partidária com os princípios petistas, com vozes fortes de oposição,sobretudo de Márcio Araponga (Dr Márcio), o mais votado do município, vinculado ao PP.

  Numa situação dessa natureza, onde existem vereadores novatos e veteranos da política, casos de Manoel Messias de Lima, Alexandre Marques, Jorge Bahiense e José Augusto, observando-se dois de cada segmento, um fortalecimento de Muniz e do PP no governo do Estado, como aconteceu agora, poderá influenciar e muito na base da política em Lauro de Freitas.

  Em 2010, Moema tem que tomar um rumo na sua vida política. Já foi deputada estadual e está prefeita até 2012. O caminho natural seria a Câmara Federal disputando votos com João Leão no município e angariando tantos outros em Salvador e interior. Pode, também, optar por se manter no cargo até 2012, tentando fazer um substituto puro sangue petista em Lauro.

  Este nome, no plano popular, não existe. Tem que ser trabalhado. Na sua base, pela legenda do PSB, Manoel Carlos dos Santos, Carlucho, foi o mais votado, mas, não parece ter perfil para isso. Outro nome, também bem votado, Fausto Franco, do PDT, e da sua base, este tem pedegree político no município e pode ser uma esperança embora sua base maior se assente em Vilas do Atlântico e nas regiões Centro-Ipitanga.

  Ou seja, Moema não tem no PT de Lauro um nome competitivo para 2012. E, com Muniz no governo do Estado pilitando uma máquina poderosa, essa situação pode se complicar ainda mais. Daí, com justa razão, os protestos do PT contra a atitude do governador Wagner que ficará entre a cruz e a caldeirinha num município importante como Lauro, onde o PT poderá desaparecer do cenário político.

  Veja que depois de Lula Maciel, o mais votado do PT no município, com 911 (Dr Márcio, PP, teve 2.399) seguem doutora Mônica, a 21ª, com 779 votos; Aliomar, 22º, com 771 votos; Jorge Amaro, 23º, com 748 votos; Ariston, 26º, 682 votos; Marilson, 45º, com 413 votos.

  Não há, portanto, em Lauro de Freitas, um petismo estabelecido com base ampla. Existe Moema e sua força política pessoal. Agora, no entanto, com o fantasma Muniz a atormentar seu caminho e do PT, tudo com o aval do governador Wagner e em nome da governabilidade.