Colunistas / Política
Tasso Franco

A ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA

Ninguém acredita que banho Maria se estenderá até 2010
28/10/2008 às 22:23

  O governador Jaques Wagner conversou ontem, à noite, com o ministro Geddel Vieira Lima, num primeiro diálogo após as eleições municipais de Salvador, em segundo turno, pleito que deixou imensas sequelas na aliança PT/PMDB.

  Todo mundo político sabe que, nada será como antes, apesar do diálogo inicial do governador com o ministro, e das declarações de Geddel à imprensa, após a conversa, porque do lado de Wagner existe o PT, partido que vê com desconfiança a presença de Geddel, desde o início da gestão; e do outro lado existem as forças que levaram Geddel à vitória no interior e na capital, especialmente, João.

  Ora, a deputada Maria Luiza, esposa do prefeito já anunciou que, qualquer que seja a relação PT com o PMDB ela tá fora. Se posionou como oposição ao governo Wagner e, embora seja uma personalidade com matriz determinada, não adotaria uma postura dessa natureza sem o consentimento do prefeito re-eleito.

  O presidente do PT/BA, Jonas Paulo, de sua parte, já disse que o governo perdeu a confiança no PMDB e também não faria tal declaração sem ouvir os companheiros que o elegeram na disputa contra Marcelino Galo, corrente que tem no governador e no secretário Rui Costa, seus principais representantes.

  Parece claro que não haverá um rompimento imediato PT/PMDB, até porque Geddel é ministro do presidente Lula da Silva (PT) e ao presidente não interessa esse tipo de situação, uma vez que, no plano nacional seu principal aliado é o PMDB, agora ainda mais forte com o roncar das urnas brasis. E, em tese consensual, o adversário do PT nacional é o PSDB de José Serra, Aécio Neves e FHC.

  Há, no entanto, no meio desse jogo, João. E não se pode desprezar a capacidade política do prefeito e muito menos seus humores. É bom lembrar que João virou, também, sinônimo de Bahia, não é mais apenas um nome restrito a capital.

  Além disso, em fevereiro próximo, haverá disputa pela mesa diretora da Assembléia Legislativa, uma das pernas dos poderes constituidos do Estado.

  E, como se sabe, o líder do PMDB na Casa, deputado Leur Lomanto Jr já disse que seu partido terá candidato competitivo. O candidato de Wagner, levando-se em consideração 2006 e abstraindo-se de futuras negociações, é o deputado Marcelo Nilo (PSDB), atual presidente.

  Há, ainda, em curso, a candidatura do deputado Elmar Nascimento (PR), integrante do Bloco Independente. 

  Se as eleições municipais representaram o teste das urnas, para o governo, Geddel e o DEM, a eleição do presidente da ALBA representará o teste político, da conversa, do entendimento, da manutenção das alianças atuais e/ou de novas alianças.

  Essa é a questão que se impõe, independente da visita do presidente Lula, hoje, à cidade do Salvador, e dos afagos que certamente fará a todos - João, Geddel e Wagner.

  Mas, nos bastidores, a conversa é outra. E a eleição do presidente da Assembléia será o próximo divisor de águas. Ou não.

   O certo é que ninguém acredita que esse jogo Geddel x Wagner prospere em banho Maria até 2010. A tampa da panela vai voar antes disso.