Colunistas / Política
Tasso Franco

A VITÓRIA DE JOÃO É A VITÓRIA DE GEDDEL

Ou Wagner reorganiza seu governo e sua base ou bye-bye em 2010
26/10/2008 às 18:20
  A vitória de João Henrique (PMDB) representa uma vitória do ministro Geddel Vieira Lima e a maior derrota do governador Jaques Wagner (PT), desde que assumiu o comando político e administrativo da Bahia, nas eleições de 2006, aliançado com o PMDB.
  
  Já havíamos comentado neste site que não haveria meio termo, ou 'vitória' de candidato da base como eventualmente se posicinou o governador, no primeiro turno, contra o adversário comum do PT/PMDB, o Democratas.

  No momento em que a campanha foi para o segundo turno, com o PMDB se aliando ao Democratas de Paulo Souto e ACM Neto, e o governador se posicionou firmemente em palanque e na TV, ao lado da candidatura Walter Pinheiro (PT), deixou de existir aquele candidato original da base (Imbassahy, Walter, João) para a disputa se situar no confronto PMDB (leia-se Geddel Vieira Lima) x PT (leia-se Jaques Wagner).

  Prenúncio já posto de forma clara nas imprensas local e nacional, de um confronto que se estenderá às eleições de 2010, na disputa pelo governo do Estado, ainda que a aliança atual do PMDB com o DEM, PR, PP e PDT, etc, não signifique que se efetivará com esse mesmo conjunto de forças contra o PT, PSB, PSDB e PCdoB.

  Mas, a julgar pela temperatura que chegou a eleição em Salvador, neste segundo turno, as sequelas que o pleito deixará no rastro de acusações de ambas às partes, e também diante da vontade popular expressa nas urnas, há indicadores de que essa nova aliança poderá se concretizar, também, em 2010, mesmo com as prováveis candidaturas José Serra (PSDB) a presidente da República x Dilma Roussef (PT).

  Na Bahia já tivemos precedentes desta natureza com o PSDB e PMDB em alianças locais diferenciadas do plano nacional e o PSDB de FHC sendo apoiado pelo então PFL de ACM, distante da 'tucanada' do deputado Jutahy Magalhães Jr, hoje, o político baiano mais próximo de Serra.

  Será uma equação dificílima para ser montada uma vez que o PSDB de Serra está casadinho com o DEM de Kassab, na sua vitória contra Marta Suplicy. E esse casamento, em 2010, certamente se estenderá a todo país nessa aliança partidária.

  A derrota de Pinheiro, de outro modo, servirá para que o governador Wagner reflita sobre o futuro do seu governo. Pelos indicadores de pesquisas atuais, a avalaição da atual gestão estadual, na capital, não atinge 30% de ótimo/bom, o que insignificante para quem pretende fazer uma renovação de métodos políticos e administrativos do Estado.

   Wagner certamente dará uma chacoalhada na administração e na sustentação política do seu governo na Assembléia, monitorando melhor os deputados com informações e benesses, ou então correrá o risco de fazer um governo à semelhaça do de Waldir Pires (1987/maio de 1989), quando o PMDB teve uma extraordinária vitória nas urnas (1986), criou uma expectativa enorme de mudança, não mudou coisa alguma, e ACM retornou ao poder em 1990.

  Ou Wagner apruma o pé ou corre esse risco. Recentemente, o governador disse que a lealdade é um pressuposto para os aliados. Quem se alinhar com esse princípio, fica; quem não se alinhar, deve afastar-se. A questão é saber-se como se dará essa saída, se agora, no final de 2008/início de 2009, ou se haverá um prolongamento do banho Maria.

   O PT, de sua parte, é governo e deve assumir a postura de governar. Esta eleição municipal se configurou, no Brasil, como a eleição de quem foi aprovado no teste administrativo, de quem trabalhou, fez obras e realizou uma boa gestão. O PT na Bahia não pode ficar se degladiando, brigando entre sí, quando a população lhe conferiu o direito de governar o Estado.

   A questão política, em 2010, é subsequente a esta ação e o governo Wagner tem que mostrar serviço. Arregarçar as mangas e trabalhar. Caso contrário, bye-bye. ACM não retornará mais ao poder porque já faleceu. Mas, tem aí aí na fila Geddel Vieira Lima com o mesmo espírito combativo do 'velho', agora, momentaneamente, aliançado com ACM Neto e a base do ex-PFL (hoje DEM) comandada por Paulo Souto.