Colunistas / Política
Tasso Franco

A RETA DE CHEGADA NA CAMPANHA DE SALVADOR

Números do Ibope e do DataFolha são divergentes
20/10/2008 às 11:09
   A seis dias das eleições de segundo turno, em Salvador, os institutos de pesquisas Ibope e DataFolha apresentam números divergentes e põem mais lenha na fogueira da sucessão. O Ibope apresenta um empate gravado 50% para cada um dos candidatos, nos votos válidos, o que, se considerarmos os 1.300.000 eleitores que foram às urnas no primeiro turno, João tem 650.000 votos; Pinheiro também tem 650.000 votos.
            Como é quase impossível um empate dessa natureza num eleitorado tão amplo, o que obrigaria o TRE determinar a posse do mais velho em idade dos dois, vê-se, segundo o Ibope, uma eleição disputadíssima, a mais competitiva desde a redemocratização do país em 1985.


            Já os números do DataFolha colocam o candidato do PMDB, João Henrique, com 54% dos votos válidos (702 mil votos) contra 46% do candidato do PT, Walter Pinheiro, ou seja, também considerando-se o eleitorado do primeiro turno (1.300.000 eleitores), 598 mil votos.


            Ainda levando-se em consideração os números do primeiro turno, vale observar que, no dia da eleição 5/10, o DataFolha revelou que Pinheiro (PT) tinha 22% contra 25% de ACM Neto e 31% de João Henrique. Quando as urnas foram abertas, Pinheiro obteve 30.06%; ACM Neto, 26.68%; e João, 30.97%. Ou seja, o DataFolha acertou (considerando a margem de erro de 3% para mais ou para menos) com João e ACM Neto, mas, errou feio com Pinheiro pois este cresceu 8.06%, no dia do pleito, muito acima da margem de erro.


            É claro que estamos diante de um novo cenário, agora sem ACM Neto, Imbassahy e Hilton, já houve uma movimentação do eleitorado dos perdedores em direção aos dois que ainda estão na disputa, ainda há uma margem de indecisos em torno de 4% a 5%, e ninguém garante que o universo do eleitorado, neste segundo turno, será o mesmo do primeiro (1.300.000 votos válidos).


           Há um feriadão (Dia do Servidor Público) na segunda-feira, 27, o eleitor de segundo turno perde parte da motivação de ir às urnas porque não existem mais os candidatos a vereadores, ainda assim, se houver uma queda nesse universo ninguém saberia dizer se vai prejudicar ou beneficiar este ou aquele candidato. Dizer que o governo do Estado vai pagar os salários dia 24, aí sim, tem coelho na casinha com as orelhas de fora.


O segundo turno trouxe à tona à volta do "carlismo" como balizador da campanha, momento que o PT critica como o retorno da "panelinha" e a campanha tem se desenvolvido muito com esse marcador temporal, desde o último debate da BandBahia, quando Pinheiro adotou essa atitude, referendada pela presença de Wagner no seu comício com críticas ao mandonismo e a diferença de um candidato com "chefe" e um candidato "companheiro".


Os números do DataFolha também atestam que, a despeito da campanha de Pinheiro com forte presença de Wagner na telinha, e mais a propaganda institucional do governo (Acelera Bahia) nos meios de comunicação de massa (rádio e TV), o governo Wagner ainda tem uma avaliação muito abaixo da média, com 29% de ótimo/bom; 48% de regular; e 18% de ruim/péssimo. Se comparados com os números do Ibope (38% de ótimo/bom) houve até uma queda.


Isso significa dizer que a força de Wagner para alavancar a candidatura Pinheiro é bastante limitada, ainda que emblemática por ser ele o governador, mas bem abaixo da força de Lula. Unindo os dois (Wagner/Lula) como está acontecendo na campanha Pinheiro, a situação melhora. Outro detalhe interessante é que a população que avalia o governo Wagner como regular (números da capital, DataFolha 48% e Ibope 42%) não se sentiu motivado a migrar para o ótim/bom.


Ou seja, o governo Wagner tem que mostrar mais serviço na capital sob pena desse público se manter no regular no decorrer do ano e até em 2009, ou até migrar para o ruim/péssimo. O governo tem poucas obras na capital e as que tem estão mais voltadas à cidade (caso de Pituaçu e do Complexo Viário 2 de Julho) do que diretamente às pessoas.


Já o governo João Henrique foi o grande beneficiado da campanha eleitoral saltando de 16% de ótimo/bom em julho último (quando começou a campanha) para 39%; reduziu seu regular de 49% para 38%; e seu ruim e péssimo de 21% para 11%. Portanto, uma campanha bastante eficiente do ponto de vista do marketing, da venda do seu produto cidade do Salvador.


Às urnas, pois, no domingo, com todas essas observações, num pleito sem favoritos.