Colunistas / Política
Tasso Franco

O DEBATE DA BAND E AS DEMARCAÇÕES POLÍTICAS

Debate levou questão política para 2010
17/10/2008 às 01:24
  O debate da Band Bahia realizado na noite de ontem entre os candidatos do PMDB, João Henrique, e o candidato do PT, Walter Pinheiro, não foi motivador para o eleitor, nem revelou uma dianteira de um em relação ao outro, a ponto perceptível do telespectador capaz de mudar de opinião.

  Houve um equilíbrio. Pinheiro foi melhor no campo político; e João foi melhor no segmento administrativo.

  O candidato do PT foi ao debate com a determinação de demarcar uma posição política em relação a Bahia atual, conquistada nas urnas pelo governador Wagner, em 2006, na derrota das forças do "carlismo" e procurou fazer essa dicotomia entre ele e sua posição alinhada com Wagner/Lula e João alinhado com ACM Neto e Paulo Souto/César Borges.

  Insistiu nessa tese certamente com base em qualitativas que apontam nessa direção. João bem que tentou sair-se dessa camisa de força, porém, sua resposta situando Varela, Imbassahy e Márcio Marinho como piores do que os "carlistas" não teve ressonância, até porque, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

  Outro ponto político relevante para Pinheiro se situou na relação PDDU para os ricos e a exclusão dos pobres no contexto do número de desempregados na RMS (350 mil). Ponto forte que João saiu-se razoavelmente apresentando números da queda de empregos de sua gestão (não citou o governo do Estado no processo), mas perdeu pontos porque o desemprego ainda é uma situação muito forte junto às famílias.

  Agora, no plano administrativo, João foi melhor do que Pinheiro e soube apresentar números e propostas bem mais aceitáveis do que o candidato do PT, sobretudo quando ironizou o "bondinho" moderno, projeto que teria sido copiado de um dos capítulos do PDDU, e se mostrou mais seguro com o Transalvador, o próprio PDDU na geração de empregos, o SIMM e outros.

  No plano geral, o debate transcorreu em nível elevado e os dois candidatos se comportaram muito bem, embora João tenha ironizado bastante Pinheiro e o PT, sobretudo quando citou a saída da sua gestão aos 45 minutos do segundo tempo. Mas, Pinheiro, com sua postura parlamentar não se alterou. Ao contrário, até conseguiu fazer João sair do sério na insistência sobre a licença ambiental do Hospital Geral do Subúrbio.

  O debate da Band Bahia também serviu para demarcar posições sobre as futuras forças políticas baianas, João alinhado com Geddel e citando-o com ênfase nas considerações finais; e Pinheiro com Wagner.
 
   No 'intermezzo' ambos falaram sobre 2010 com João em tom metafórico espiritual.    

  Que vai haver 2010 isso ninguém tem dúvida. A questão é saber quem será o novo governador e o novo presidente, assim situou João.

  O presidente Lula, hoje, é um caso à parte: serve aos dois.
 
  Mas, 2010 na Bahia, sobre governador e sobre presidente, com esses alinhamentos atuais (e provavelmente) futuros quem há de arriscar um palpite a essa hora da noite? Só zumbi e veja lá.