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Tasso Franco

PMDB QUER A CABEÇA DA CHAPA EM 2010

Tasso Franco é diretor deste site e foi assessor de imprensa da campanha Waldir Pires, em 1986
07/07/2008 às 11:03
Começou no último domingo, 6, a campanha eleitoral visando às eleições municipais no próximo outubro, em primeiro turno, e na capital e Feira de Santana, também em novembro, no segundo turno. Este será o primeiro pleito sem a participação e influência do ex-senador ACM, político que nas últimas quatro décadas (1967/2007), isso sem falar no período em que foi deputado federal e andou nas coxias dos palácios Laranjeiras e Alvorada (1958/1966) deu as cartas na Bahia.

Vai ser um teste para o governador Jaques Wagner (PT), o qual, derrotou o poderio carlista, em 2006, numa eleição que venceu no primeiro turno, após uma aliança bem costurada com o PMDB, então dirigido pelo deputado federal Geddel Vieira Lima, ex-líder no governo de FHC (PSDB). Será, também, dada a disposição do PMDB e sua ascensão no interior do estado e na capital, avançando sobre ex-bases carlistas e outros, um teste para o atual ministro Geddel Vieira Lima, ainda mantendo aliança com o PT, pelo menos no plano formal e da civilidade.


É certo que após a derrota do carlismo, em 2006, e o falecimento do ex-senador, em 2007, houve uma desarrumação no antigo PFL (hoje Democratas) e está havendo um samba do crioulo doido, um salve-se quem puder nas bases municipais, com alianças de toda natureza, algumas das quais o PT mais o DEM e PMDB; outras PP mais PMDB e PR; PT + PSB+ PCdoB+ PSC; e assim segue. Antigos carlistas, até mesmo alguns de carteirinha, migraram para diversos partidos.


Ainda assim, o que conta na hora de conferir os resultados finais do pleito é a cabeça da chapa. Veja um exemplo prático: João Henrique (PMDB) compôs na capital com o PTB na vice e outros partidos: PDT, PRTB, PSC. Mas, caso reeleito, Geddel contabilizará na sua sacola de votos como vitória do PMDB. O mesmo pode se dizer de Walter Pinheiro (PT) que tem o apoio do PSB, na vice, e mais do PCdoB e PV. Vencendo Walter, vitória do PT e do governador Wagner.


Essa é a questão primordial nas eleições municipais. A última vez que o PMDB elegeu um governador foi em 1986, com Waldir Pires na cabeça, Nilo Coelho, ex-Arena, na vice; e mais os senadores Jutahy Magalhães (Arena/PFL) e Ruy Bacelar (PFL). De lá pra cá, e lá se vão 22 anos, o PMDB tem apresentado candidatos a governador da resistência (caso de Roberto Santos) ou servido de coadjuvante do processo (caso de Wagner).


A atual trajetória do PMDB indica que o partido com Geddel à frente, está se organizando para disputar às eleições de 2010, na cabeça da chapa, num enfrentamento com PT, PSDB, DEM e prováveis outros. E, obviamente, às eleições municipais que já se iniciaram serão balizadoras desse processo, em números e posições estratégicas. Uma dessas posições se situa na cidade do Salvador onde João Henrique parte para a reeleição como carimbo Geddel afixado no leme.


Mas, isso não é tudo e pode até significar "em termos" na medida em que, como Geddel/PMDB tinha pouco na capital, em 2004, sairá, em 2008, com uma sacola de votos bem maior qualquer que seja o resultado. Ademais, há a candidatura de ACM Neto (Democratas) posta com a possibilidade real de ir ao segundo turno e, como em política tudo é possível, uma aliança PMDB/DEM não seria de todo descartada num segundo turno.


Observe que no processo histórico, em 1986, Waldir Pires (PMDB) só venceu a eleição contra Josaphat Marinho (ex-senador pelo PMDB), então candidato do governador João Durval (1º) e de ACM (2º) pelo PDS (ex-Arena) com o apoio das forças consideradas de direita (Nilo Coelho, PDS; Jutahy Magalhães, PFL; e Ruy Bacelar, PFL); e o vianismo (de Luiz Viana Filho, PDS/Arena) tanto que o nascente PT votou na chapa camarão. Isto é, marcou Waldir (governador), sem votar nos candidatos ao Senado, mesmo com Jutahy e Ruy (os eleitos) já no PMDB. Lomanto Júnior e Félix Mendonça foram os candidatos ao Senado de ACM.


Naquela época, até então, o PMDB (ex-MDB) era controlado por Ney Ferreira e Clemens Sampaio quando Waldir Pires então assumiu o comando do partido e venceu as eleições. Hoje, o PMDB está sob o comando do ministro Geddel, Waldir passou pelo PDT e ancorou no PT, Luiz Viana, Josaphat, Jutahy e ACM já faleceram. João Durval está no PDT, Ruy aposentou-se da política, Lomanto idem e Félix é deputado federal (DEM). Mas, os herdeiros políticos dessa geração estão na política, tanto que, o líder do PMDB na Assembléia, deputado Leur Lomanto Jr é neto de Lomanto.


 O filho de Jutahy (neto do ex-governador Juracy Magalhães) deputado Jutahy Júnior está no PSDB serrista, alinhado hoje com o PT na Bahia, mas, distante em 2010. O vianismo acabou. Nilo Coelho (ex-governador com a renúncia de Waldir, em 1987, é o atual prefeito de Guanambi e enfrenta o PT). Daí que, vários atores de 1986, ainda estão em cena e observando o cenário de 2010. O novo no processo é o PT, com Jaques Wagner.


Daí que, dada a largada para as eleições municipais, o PMDB mostra disposição de ir à luta visando a cabeça da chapa, em 2010.