Cada qual dá a interpretação que acha conveniente no caso da invasão do apartamento do ex-senador ACM, movida por ação judicial de Tereza Mata Pires, filha de ACM e dona Arlete Magalhães, com apoio do seu marido, César Matta Pires, sócio da construtora OAS.

    A rigor, até mesmo no jornalismo corriqueiro, sem a dimensão de fato paroquial dessa natureza, há sempre várias versões para um mesmo acontecimento, dependendo da ótica de cada segmento interessado e na percepção da imprensa de uma forma geral, também dividida em grupos e sub-grupos de interesses diversos.

    Neste caso da invasão, uma parte significativa do noticiário tem sido direcionado com um viés de natureza política visando atingir o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), marido da juiza substituta da 4ª Vara da Família, Fabiana Pellegrino, a qual, determinou a invasão do domicílio.

    Obviamente que não foi uma atitude racional da magistrada, sobretudo levando-se em consideração a notoriedade da família, mas, querer imputar a esse fato tipicamente de natureza familiar, uma dimensão política, extrapola, também, a dimensão racional. Tanto que a imprensa nacional, tratou o assunto com discrição. Dentro dos limites de um fato que, se respeitando à memória do senador ACM, mereceu pequenos comentários.

    Esse fato pode prejudicar a trajetória de Pellegrino diante do seu desejo de ser prefeito de Salvador? Não tem sentido. A rigor, a candidatura Pellegrino depende, em primeira instância de uma decisão da PED do PT que ocorrerá neste final de semana e o deputado está empenhado na vitória de Marcelino Galo, para que isso se organize o mais rápido possível.

   Vencida esta etapa, se confirmada a vitória de Galo, Pellegrino terá uma segunda fase de sua trajetória no sentido de viabilizar a sua candidatura como competitiva, até agora, enganchada com 8% nas pesquisas de opinião, quando os dois primeiros lugares (Varela e Imbassahy) estão situados numa faixa acima de 20%.

    A invasão do apartamento de ACM, na sua dimensão paroquial, não atrapalharia a trajetória do deputado, e também não serve de tranpolim à candidatura de ACM Neto. É um fato de dimensão intra-familiar da alta elite baiana, o qual, este sim, ainda terá muita repercussão no plano dos negócios da família, dos interesses sobre o controle da TV Bahia e na partilha da herança.

    Nesse aspecto, creio, Pellegrino pode ficar tranquilo em sua marcha rumo ao Tomé de Souza, ainda que seu problema maior para chegar lá, na cadeira do maestro da cidade, depende, isto sim, da "briga familiar do PT" e de sua capacidade de conquistar os votos das classes C/D/E, majoritárias na cidade, as quais, não passam nem no Largo da Graça e estão pouco interessadas em santos e alfaias.