Colunistas / Política
Tasso Franco

A MENSAGEM DO GOVERNADOR PARA 2008

O governador previsa apressar o passo para fazer as mudanças profundas
15/02/2008 às 12:02
  A mensagem lida pelo governador Jaques Wagner aos baianos na abertura do ano legislativo 2008 revela que existe um empenho enorme do governo no sentido de modificar os métodos de se fazer política na Bahia, o que é natural e foi expresso nas urnas, em 2006, mas, ainda há uma grande distância entre o discurso e a prática.

  Evidente que não se pode querer resultados tão expressivos no primeiro ano de governo, em parte ocupado pela transição, formatação da equipe, organização de projetos, mudanças de paradigmas, etc, porém, as tais "mudanças profundas com o povo da Bahia" acenadas pelo governador em sua fala, ainda não aconteceram de fato. Ou, se aconteceram em alguma medida, estão sendo pouco perceptíveis à população.

  Veja o caso de uma área prioritária de governo: a educação. Os métodos pedagógicos que estão sendo aplicados hoje são os mesmos do passado. Não houve mudança alguma na escola, na avaliação do ensino, na metodologia, e objetivos e práticas antigas que são relacionados como sucesso em todo mundo (Coréia, Estados Unidos, Europa, etc) e que já estão sendo aplicados no centro-Sul do país, especialmente em Minas Gerais e São Paulo, na Bahia não acontecem. Nem sombra.

   Na Segurança, tudo como antes e até pior. Na Saúde, mesmo diapasão.

   O TOPA é um projeto tão antigo do ponto de vista pedagógico e de inserção do cidadão no mercado de trabalho quanto o Mobral. Vamos aguardar o novo aceno com o Programa Gera Ação. Esse com uma feição mais inovadora. A estatização no setor Saúde está na contra-mão da história.

   Na questão democrática, de fato, o governo fez avanços de bom quilate com mais diálogo, mais transparência, menos clientelismo, um governador que fala francamente e respeita as decisões de coalização política, e esse aspecto é louvável e bastante significativo para a Bahia. A esse movimento devem ser acrescidas, doravante, as ações administrativas, aquelas que realmente interessam à sociedade, as pessoas que estão na ponta.

   Um complementaria o outro. E a mensagem do governador dá sinais de que isso será incrementado no sentido da "Reconstrução Social da Bahia", uma frase de retórica de grande efeito midiático, mas que exige governos e mais governos seguidos para sua execução.

   A rigor, e aqui é um ponto-de-vista dentro do contexto, a população da Bahia esperava mais do governo Wagner em termos administrativos, dada a sua relação com o presidente Lula da Silva e a equipe do governo federal, e a situação em que encontrou o Estado com projetos em andamento no semi-árido, na industrialização, em tecnologia, e até mesmo nas áreas bases da saúde e da educação.

   Na mensagem lida hoje o governador relaciona as perspecitvas para 2008 e os projetos em andamento no Estado, todos de médio e longo prazos, mas nada que venha provocar, no futuro, as tais mudanças profundas na sociedade. Do ponto de vista da cultura e do pensamento político, pode até ser que isso aconteça, mas, no plano geral, administrativo, de desenvolvimento do Estado, a trilha não é inovadora.

   O governador, se quiser mesmo perseguir o que chama de "Mudanças Profundas" tem que apressar o passo.