Saúde

Junho é o Mês Mundial de Conscientização da Infertilidade

Infertilidade atinge 15% dos casais em idade reprodutiva
Carolina Campos , Salvador | 03/06/2019 às 12:39
Junho é o Mês Mundial de Conscientização da Infertilidade
Foto: Saulo Brandão
Ter duas a três relações sexuais por semana, saber o período fértil da mulher, dormir bem, controlar o estresse e a ansiedade, praticar atividade física regularmente, ter uma alimentação balanceada, manter-se no peso adequado, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e não fumar são alguns fatores que podem contribuir para a saúde reprodutiva dos casais e para que uma gravidez aconteça de forma natural, de acordo com o médico Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana e diretor do Cenafert - Centro de Medicina Reprodutiva
A obesidade pode comprometer a fertilidade? Tratamentos oncológicos afetam a capacidade reprodutiva? Mulheres têm mais problemas de infertilidade que os homens? O homem que teve caxumba pode ficar infértil?  O cigarro prejudica a fertilidade? Abortos – naturais ou provocados - podem afetar a fertilidade? Excesso de atividade física prejudica a capacidade reprodutiva da mulher? Essas e outras questões são perguntas comuns nos consultórios de reprodução assistida. A infertilidade conjugal atinge cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva e é caracterizada pela ausência de gravidez em um casal com relações sexuais regulares, sem uso de medidas anticonceptivas, por um período de um ou mais anos. Os tratamentos de reprodução assistida são cada vez mais procurados por casais que não conseguem ter filhos. De acordo com dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o número de Fertilizações in Vitro (FIV’s), realizadas no Brasil, cresceu 149,79% em cinco anos, de 2011 a 2016, aumentando de 13.527 para 33.790 procedimentos.
Se até pouco tempo a responsabilidade em gerar uma criança era atribuída exclusivamente à mulher, hoje já está comprovado que cerca de 40% dos casos de infertilidade de um casal são atribuídos à mulher, 40 % aos homens e em 20% dos casos o problema está presente em ambos os parceiros ou tem causas indefinidas. Um casal que tem relações sexuais frequentes, sem uso de métodos anticoncepcionais, possui cerca de 25% de chance de engravidar a cada mês. Segundo o médico Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana e diretor do Cenafert - Centro de Medicina Reprodutiva,   "uma mulher com menos de 30 anos e vida sexual ativa, que deseja ser mãe, pode esperar até dois anos para que aconteça a gravidez se ela já foi avaliada por um especialista e não apresenta nenhum problema que possa afetar sua fertilidade. Caso a mulher tenha mais de 30 anos não deve aguardar mais que um ano para iniciar uma investigação com o especialista. Se atingiu 35 anos, o prazo de espera não deve ultrapassar seis meses. Após os 40 anos de idade, se a mulher deseja engravidar, ela deve iniciar a investigação da sua capacidade fértil imediatamente”.
A responsabilidade pela gravidez deve ser compartilhada igualmente pelos dois sexos. “Quando um casal decide buscar ajuda especializada para ter filhos, a investigação da infertilidade deve ser feita pelos dois, o homem e a mulher, para que se identifique as condições de fertilidade de cada um e o tratamento mais adequado seja indicado”, afirma Joaquim Lopes. “A maior parte dos casos de infertilidade pode ser revertida com medidas simples. Estima-se que apenas um terço dos casais com problemas para ter filhos precisa de técnicas mais complexas para realizar o sonho de ter um bebê,” lembra.
Segundo o especialista, praticar sexo seguro, ter duas a três relações sexuais por semana com seu parceiro (a), saber o período fértil, dormir bem, controlar o estresse e a ansiedade, praticar atividade física regularmente, ter uma alimentação balanceada, manter-se no peso adequado, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e não fumar são alguns fatores que podem contribuir para a saúde reprodutiva dos casais e para que uma gravidez aconteça de forma natural.

 

Fatores da infertilidade

 
Distúrbios hormonais, sobrepeso e obesidade, infecções resultantes de DST’s, endometriose, obstrução das trompas e varicocele são algumas das causas mais comuns de infertilidade conjugal. A idade avançada, especialmente, no caso das mulheres, também tem sido um dos fatores limitantes para que a gravidez aconteça de forma espontânea. “A mulher moderna tem deixado a maternidade para uma idade mais tardia, quando a sua fertilidade já começou a diminuir”, afirma Joaquim Lopes. “As mulheres que planejam adiar a maternidade podem preservar sua fertilidade através da vitrificação, uma técnica de congelamento de óvulos. No entanto, é importante que os óvulos sejam congelados até os 35 anos de idade”, recomenda o especialista.
O uso de determinados medicamentos, como alguns antidepressivos, tipos específicos de antibióticos e alguns remédios para pressão alta, pode afetar a fertilidade temporariamente. Nestes casos, geralmente, a fertilidade é retomada com a interrupção do uso do medicamento.
A exposição a fatores ambientais (poluição, agentes químicos, solventes, pesticidas e alguns metais pesados) também pode comprometer a fertilidade.