Salvador

BAHIAJÁ APONTA MAIS BELAS AVENIDAS SALVADOR - 3: A POLÊMICA CONTORNO

Abriu ao tráfego em 1962 depois de sofrer várias alterações
Tasso Franco , Salvador | 01/07/2023 às 14:30
Contorno vai da sede do II Distrito Naval ao Vale do Canela
Foto: BJÁ
    O Bahia Já escolheu a Av Contorno como a 3º mais bonita de Salvador.

  Segundo a professor da EDUFBA, Maria Crsitina da Silva Lene, trata de “um projeto (construído) de Diógenes Rebouças, em 1952, que articula a Cidade Baixa, zona do comércio, até o vale do Canela, na Cidade Alta, passando pelo Campo Grande na forma de trincheira descoberta e túnel. Sua concepção, inicialmente prevista para alcançar a zona do Porto da Barra, é de encaixe na meia encosta que completa a falha geológica que divide as duas cidades, a alta e a baixa. Sua estrutura em arcos que sustentam a plataforma viária, emoldura o frontispício da cidade visto da Baía de Todos os Santos, que marca duplamente a imagem da cidade, na sua dimensão moderna. É um testemunho do ideário proposto para o sistema viário básico de Salvador.”

   Foi aberta ao tráfego de veículos em 1962 e das pranchetas de Diógenes até a realidade sofreu várias modificações. De acordo com Luis Eduardo Dórea em "Os Nomes das Ruas Contam Histórias" deveria ser um prolongamento da Avenida Beira Mar que se inicia na Ribeira, mas quando chegou nas proximidades da Feira de São Joaquim afastou-se do mar e ocupou parte dos terrenos do primeiro edifício sede da Petrobras.

  Posteriormente, ao chegar na Gamboa deveria seguir por trás do Corredor da Vitória e áreas do Yatch Club da Bahia e diante pressões seguiu em direção ao Vale do Canela, ou seja, seu trajeto ficou restrito entre a sede do 2º Distrito Naval e o início do Vale do Canela. Ainda assim é belíssima e de grande utilidade. 

  Carla Brandão Zollinger, em publicação de 2007, cita : (...)algumas transformações na cidade de Salvador iriam alterar a situação do entorno do Conjunto do Unhão. Juracy Magalhães, eleito governador da Bahia, recuperou o antigo projeto de construir uma avenida à beira-mar que vinculasse o bairro do Comércio, na Cidade Baixa, com o bairro da Barra, margeando pela encosta a Baía de Todos os Santos. Era a chamada Avenida de Contorno.

  Houve, entretanto, uma polêmica estampada nos jornais da época sobre o traçado que a avenida deveria adotar, justamente porque no projeto inicial a via passaria por entre as construções do Conjunto do Unhão, dividindo o sítio ao meio. Foi Diógenes Rebouças, engenheiro agrônomo e arquiteto, professor da Escola de Arquitetura e amigo de Lina, aquele que lhe havia convidado a dar aulas na universidade, quem comandou a reação contra o traçado da avenida.

Um traçado alternativo, que passava por uma cota mais alta da encosta e não interferia nos edifícios do Conjunto do Unhão, foi proposto por Diógenes Rebouças. Logo após a escolha desse projeto, o Conjunto do Unhão foi desapropriado e comprado pelo governo para que Lina Bo Bardi, como diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia, o restaurasse para a ocupação deste por instalações do museu, diz Odorico Tavares, em Rosa dos Ventos.

  Hoje, está emoldurada pela Marina de Salvador e empreendimentos imboliliários.