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Rosa de Lima

ROSA DE LIMA ANALISA LIVRO O CONTO DA AIA DE MARGARET ATWOOD

Livro que integra a lista dos mais vendidos no Brasil
14/03/2020 às 10:04
Em tempo de sombras ou ares pré-sinais-ditatorias no Brasil, ao menos há esse embate na midia com alertas de toda natureza, o livro "O Conto da Aia", de Margaret Atwood, segue sendo bem vendido no país e representa um alerta, pois, a autora canadense nos oferece em seu primoroso texto de dificil interpretação um retrato de um país imaginário Gilead, o que já foi chamado de Estados Unidos e sofrera um golpe de estado, onde a liberdade de expressão não existe e as mulheres e os homens perdem os direitos e são submissas a comandantes.

O livro lançado em 1985 voltou a lista top de vendas nos Estados Unidos quando Donald Trump foi eleito presidente, em 2016. E, no Brasil, com a eleição de Bolsonaro, em 2018, está entre os dez mais vendidos a tradução de 2017 de Ana Deiró. A narrativa é instigante, causa reflexões e aguça sentimentos.

O leitor, antes de ler o livro precisa tomar conhecimento de sua sinópse porque não é um texto de fácil interpretação. E Atwood usa uma linguagem cifrada com colocações sem uma narrativa lógica e linear o que dá mais trabalho ao leitor de acompanhar seu pensamento.

As mulheres são o centro de Gilead. São classificadas entre férteis e inférteis. As que podem ter filhos – poucas, pois a degradação do meio-ambiente causou danos à fertilidade de quase todas – são mantidas na casa dos comandantes do governo. O objetivo imposto a elas é trazer novas vidas ao país. Se falham ou se quebram as regras do estado totalitário são levadas ao paredão, ao fuzilamento, e expostas num muro para que as outras as vejam.

Protagonismo para Offred uma aia (serva) residente na casa de um comandante totalitário, casado com esposa intértil, e que no mundo Gilead tem apenas a função de procriar, mas, aos poucos conquista outras atividades como ir às compras e a biblioteca, fumar, pensar, e lembra como e quando vivia com o marido e a filha e tinha um emprego, antes de se tornar propriedade do governo.

Ofredd é uma das mulheres que estão aptas para gerar filhos naquele mundo devastado pela radiação de uma guerra em andamento. É também uma sonhadora que pensa em se livrar daquele estado fundamentalista e voltar a ter uma vida normal com seu marido e filha, sair do pesadelo em que vive. Ao mesmo tempo imagina cometer o suicídio caminho para rápido para fim do pesadelo em que vive.

Livrar-se do comandante e das atrocidades em Geliad é a narrativa central do livro a personagem submetida a estrupo, revoltada e resignada, controlando suas forças interiores para não dar cabo à vida do comandante, até pensa nisso, em matá-lo, mas, sabe que também será o seu caminho ao fzilamento. A autora tem narrativas sublimes e põe uma outra serva Oflegan para lhe fazer companhia, dividir as angústias, dialogar.

Mas, como se livrar desse inferno vigiado por martas (moniotoras), guardiões (seguranças) e tias (superioras). Nem elas (as servas) sabem como fazê-lo, nem a autora dá uma pista de que isso pode acontecer. O sabor da narrativa está nesse ponto de inflexão: autoritarismo x liberalismo. O leitor fica esperançoso de que uma fuga se concretize rapidamente, ou que Ofredd apunhale o comandante e escape dos guardiões, mas a autora prende-o na narrativa com esse suspense até o fim. Cenas de sexo, de estupro, de fuzilamentos, de ceceamento das liberdades são os recheios.

O nascimento da filha de uma serva de nome Janine tem narrativa emiconante. A autora mostra como ela consegue dar a luz, portanto, estará livre de ser declarada Não Mulher. "A esposa do comandante olha para o bebê de Janine como se fosse um buquê de flores: algo que ela ganhou, um ributo", revela Atwood.

"As esposas estão aqui para testemunhar a escolha do nome. São as esposas que escolhem o nome por aqui. - Angela, diz a esposa do comandante. - Angela, Angela - repetem as esposas pipilando trêmulas de excitação. - Que lindo nome! Ah! Ela é perfeita! Ah! Ela é maravilhosa! 

Dizemos nós: que lindo livro. Atualssimo diante dos extremistas, dos terroristas, dos fundamentalistas religiosos mundo à fora, muitos desses teóricos e políticos querendo que voltemos a lei do Velho Testamento, como em Gilead tolhindo nossos pensamentos e ideias no mundo liberal e livre. 

A edição do Brasil é da Rocco com preços entre R$49,00 e R$29,00 nas livraias e portais. No Kindle leitura no ipohne R$10,95.