Política

A BYD, A ESCRAVIDÃO DO SÉC XXI E AS INFORMAÇÕES MIDIÁTICAS DO GOV (TF)

O governo deve ter cautela e cuidado ao divulgar o projeto BYD sem exagerar nas tinhas
Tasso Franco ,  Salvador | 26/12/2024 às 18:59
Trabalho escravo em Camaçari em fábrica de alta tecnologia
Foto: REP
     MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Esse caso dos 163 chineses que trabalhavam na montagem da fábica BYD (Camaçari) em condições análogas à escravidão denunciado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) revela a distância entre a realidade dos fatos e a comunicação do governo do Estado sobre o Projeto BYD, desde falas do governador e do secretário de Desenvolvimento Econômico, bem como releases da SECOM, expondo uma situação que se afigura duvidosa, agora exposta pelo MPT como irreal.

   2. Ora, chegaram a dizer em releases que a indústria da BYD vai gerar 10 mil novos empregos na Bahia e que desde a montagem até a produção industrial final, operários e mão de obra da Bahia seriam prioritarias. Enfim, que embora seja uma indústria chinesa observaria essa situação ou preceito. Então para que trazer peões chineses para montar a fábrica? São quantos no total além desses 163 escracos?

   3. Desde o inicio, sempre entendemos que essa é uma indústria importante para o Estado, ainda que seja a substituição da Ford pela BYD, isto é, não se trata de uma nova indústria para ampliar o parque automotivo, e sim uma reparação. Mas, evidente, importante sobretudo porque se trata de uma planta em alta tecnologia.

   4. Ora, também sabemos que uma indústria desse porte pode até contratar ténicos e operários da Bahia, mas, a lógica das multinacionais não obedece a esse princípio e sim ao mercado, a oferta e procura, a qualificação profissional e fim de papo. Claro que se tiver baianos competentes entram, isso não temos dúvida. Agora, que vai priorizar baianos, não existe.

   5. Outra coisa é a quantidade de gente empregada em torno de 10 mil. Também é impossível para uma empresa de alta tecnolgia se utilizar de tanta gente uma vez que a automação e a robóticas estão presentes nas industrias automobilísticas desde as soldas das peças a pintura e elétrica. 

  6. A maior fábrica do mundo a da Boeing, Everett, Washington, tem 320 hectares abrigando o maior edifício do mundo em área e volume, com 13 385 378 metros cúbicos (472 370 319 pés cúbicos) emprega 30.000 em todo o complexo, com montagem daqueles imensos aviões. Uma linha de produção gigantesca com vários tipos de aviões o 737 Mas, 747, 797, etc. 

   7. Evidente que BYD é importante, pode até treinar alguns baianos em tecnologia, mas é óbvio que os chineses já veem com sua planta empacotada e não vai revelar isso pra ninguém. 

   8. Então recomenda-se cautela e bom senso nas divulgações sobre a BYD para que não nos surpreendermos novamente com casos como esse da escravidão dos chineses.
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   9. EMPRESA CANCELA: Após o resgate, nessa segunda-feira (23), de 163 operários chineses que trabalhavam em condições semelhantes a de escravos, a montadora de automóveis BYD cancelou o contrato com a empreiteira Jinjiang Construction Brazil Ltda, contratada para realizar as obras do prédio onde será instalada a fábrica de carros elétricos e híbridos.

   10. Foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras. Em nota, a BYD reconheceu que a empreiteira cometeu graves irregularidades e disse que não tolera desrespeito à lei brasileira a à dignidade humana.

   11. As instalações que começaram a ser erguidas em Camaçari, região metropolitana de Salvador, vão abrigar escritórios e a fábrica da montadora BYD.

   12. O Ministério Público do Trabalho baiano informou que parte dos resgatados permanece em um alojamento, enquanto outro grupo já está em um hotel, mas não poderão trabalhar e terão seus contratos de trabalho rescindidos. 

   13. Hoj (26), deve acontecer uma audiência virtual conjunta, liderada pelo Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego, para que tanto a montadora como a construtora apresentem as providências para a regularização geral da situação.

   14. Durante as fiscalizações, iniciadas em novembro deste ano, as condições encontradas nos cinco alojamentos revelaram um quadro precário e insalubre. Faltavam colchões nas camas e os banheiros eram insuficientes nos alojamentos, inclusive não eram separados por gênero e não tinham assentos sanitários adequados. 

  15. A cozinha improvisada não possuía armários para armazenar mantimentos ou panelas e a água consumida era da torneira. 

  16. No canteiro de obras, houve registro de vários acidentes de trabalho, falta de equipamentos de segurança e banheiros químicos sem condições e quantidade suficiente. 

  17. Também foi caracterizado trabalho forçado porque os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos, recebendo apenas 40% em moeda chinesa e tinham os passaportes retidos.

  18. (DECLARAÇÃO POLITICA) : O deputado estadual Alan Sanches (União Brasil), líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), criticou a postura silente do governador Jerônimo Rodrigues (PT) diante do flagrante de trabalho análogo à escravidão nas instalações da BYD em Camaçari. Uma força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou 163 chineses e interditou as obras na última segunda-feira (23).

  19. “O governador, que tanto cobra um posicionamento das pessoas, agora não deve se esconder. Governador, você é o líder de um governo, você é o líder da Bahia, precisa se posicionar sobre essas coisas. Não se esconda, governador. Trate isso realmente como deve ser tratado, com a importância que precisa. Mais uma vez, o senhor se esconde dos problemas que a Bahia enfrenta”, disse Sanches em um vídeo publicado nas redes sociais *[veja abaixo]*.

  20. De acordo com o MPT, as condições encontradas nos alojamentos revelaram um quadro alarmante de precariedade e degradância, assim como a situação sanitária era especialmente crítica, “com apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, forçando-os a acordar às 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30”.

  21. “Nós não vimos em lugar nenhum uma linha do governador Jerônimo defendendo as pessoas. O direito trabalhista dessas pessoas, os direitos humanos, nós não vemos nenhum dirigente do Partido dos Trabalhadores em defesa dessas pessoas, em defesa também dos empregos aqui para os baianos”, acentua o deputado Alan Sanches, ao expor a distância entre o discurso e a prática dos governos petistas na Bahia.

  22. O líder da oposição lembrou ainda que a vinda da montadora chinesa à Bahia foi precedida por uma promessa de geração de empregos para os baianos.

  23. “Se era para gerar emprego aos baianos, por que traz 160 chineses? E quando você traz esses chineses, você ainda dá um tratamento desumano. É dessa forma realmente que o governo acha que deve tratar as pessoas?”, questiona Alan Sanches.